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EXPOSIÇÕES MODERNISMO
Tal produção diversa é espalhada por seis núcleos desmistificar o seu poder estético e sócio-cultural”;
temáticos que obedecem à ordem do percurso: Liber- a série A geometria à brasileira chega ao paraíso
dade, Identidade, Natureza, Futuro, Estética e Poesia. A tropical, de Rosana Paulino, que segundo a curadora
organização, desse modo, procura convidar o visitante também alerta para o potencial de características
a uma imersão: “Pensamos com a equipe em uma certa de brasilidade a sobrepor preceitos eurocentristas;
dramaturgia, composta por elementos como cor e luz e por fim, as obras Rolo com disco amarelo e Brasil
específicos como parte da expografia a demarcar os 1500-1996, de Anna Bella Geiger, que aludem à defesa
temas abordados”, explica Tereza. A exemplo disso, nos e reconhecimento territorial – este último, aliás, um
núcleos dedicados à Liberdade e Identidade as obras dos motes do modernismo brasileiro. Como explica a
estão inseridas em um ambiente mais fechado de luz crítica de arte e historiadora Aracy Amaral, “no Brasil,
para um convite introspectivo. “A luz vai se abrindo internacionalismo e nacionalismo foram simulta-
gradativamente durante o percurso, sendo que nos neamente as características básicas do movimento
deparamos nos núcleos da Estética e Poesia com um modernista ocorrido nas letras e artes a partir de
ambiente claro a enaltecer a vitalidade ali exposta”, meados da segunda década do século passado”.
complementa a curadora.
Do primeiro eixo, a
liberdade vem em nome
da descolonialidade,
mas também da resis-
tência à modernidade
forçada. Nesse contex-
to, há várias obras na
mostra a serem cita-
das. Tereza destaca a
colagem Atualizações
traumáticas de Debret
(2019-2021), por Gê
Viana, onde um drone
aparece na mira de um
arco indígena; Azulejão
(Neoconcreto), de Adria-
na Varejão, que mostra o
legado colonial europeu
desgastado, “repleto de
craquelês a desfazer e
Glauco Rodrigues. Copa
do Mundo, O Futebol,
1974. “A busca por um
perfil permeia a história da
nação brasileira”, reflete a FOTOS: CORTESIA CCBB | JAIME ACIOLI / DIVULGAÇÃO
curadora sobre este núcleo,
composto pelas obras de
Alex Flemming, Berna Reale,
Camila Soato, Daniel Lie,
Fábio Baroli, Flávio Cerqueira
e Maxwell Alexandre
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