Page 53 - ARTE!Brasileiros #57
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“Há vários mundos aí dentro,
vários brasis, que acontecem
simultaneamente e desorde-
nadamente”, afirma Regina
Teixeira de Barros. “Há ali uma
multidão de referências. Cada
metro nos chama à meditação”,
complementa Aracy. Perten-
cente a uma coleção privada,
a obra é raramente mostrada
ao público.
Esse desejo de Brasil, um
anseio por “demarcar o terri-
tório que vai ser amplamente
desenvolvido no século 20”,
como dizem as curadoras, se
faz sentir na obra de todos
os artistas representados,
mesmo que em termos tem-
porais fiquem claras mudan-
ças internas nos processos
pessoais de criação. É o caso,
por exemplo, de Di Cavalcanti,
representado com obras de
diferentes momentos, da ain-
da sisuda Amigos ou a aguça-
da série de ilustrações intitu-
lada Fantoches da Meia Noite,
ambos de 1921, à sua peça de
destaque, Cinco Moças de
Guaratinguetá, de 1930. O
artista é um exemplo claro
dessa tentativa de moderniza-
ção da linguagem tão ansiada
nas décadas de 1910 e 1920 e
que, no anos 1930, adquire
uma clara dimensão política
e de engajamento social.
e 1929, por Cícero Dias. Exposta originalmente num Para complementar esse mergulho na produção
congresso psiquiátrico realizado no Rio de Janeiro e visual e cultural do período, também será lançado um
posteriormente no Salão Revolucionário, a obra tem catálogo com texto de diferentes autores, como Ana
uma enorme dimensão histórica e estética. A ousadia da Maria Belluzzo, Felipe Chaimovich, Ruy Castro e Cacá
composição, que mescla reminiscências de sua infância Machado, em data ainda a definir. Esses ensaios aca-
no Recife a referências contemporâneas da cena carioca, bam por estender ainda mais o alcance da mostra,
foi tamanha que ela foi vandalizada por conservadores iluminando áreas e movimentos que não puderam ser
e perdeu três dos 15 metros que possuía originalmente. contemplados na seleção expositiva.
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