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INSTITUIÇÕES INSTITUTO BRENNAND






















              “No universo de criação de Brennand há uma gran-
            de diversidade de espécies híbridas, que fusionam
            existências animais, minerais, vegetais, sempre em
            tensão com as formas humanas. A natureza também
            está presente a partir da convivência com essas duas
            entidades importantíssimas, presentes e constituintes
            ali do que ele entende como território da oficina, o Rio
            Capibaribe e a mata da Várzea”, explica Rebouças. É
            justamente a esse entorno que se refere o eixo “Ter-
            ritório”, com foco na geografia e história da região.
           “Estamos desenvolvendo ações específicas para a região,
            que começaram com o estreitamento de uma rede de
            relacionamento. Em 2021, para além de uma ampla
            formação de professores, de parcerias com a ufpE,
            lançamos uma residência educativa que serviu inclusive
            para levantar proposições de trabalho na região. Com o
            aprofundamento dessas ações, o educativo está sendo
            formado e projetos e políticas de trabalho com a Vár-
            zea devem ser anunciadas”, coloca a diretora artística.
           “Cosmologias”, por sua vez, pretende abordar o aspecto
            fabulador e automilotologizante do artista (descrito por
            sí próprio como “feudal” e “supersticioso”) através das
            evocações arquetípicas, literárias e filosóficas em suas
            obras. “Eles [se referindo às esculturas que Brennand
            chamava de ‘guardas’] estão em cima do muro que, na
            verdade, rodeia toda a fábrica e isso fecha a cidadela,
            com todos os seus mistérios”.
               Segundo Rebouças, “Brennand entendia que a
            memória e a preservação de sua obra precisavam do
            tensionamento do presente. A criação do instituto com
            o propósito de abrigar outras produções era resultado
            disso”. Aqui se encontram duas missões para a nova fase
            da oficina: uma, de criar diálogos com o contemporâneo
           - sobre cuja arte Francisco reconheceu publicamente:
           “Nada disso me interessa”; outra, de preservar a memó-
            ria do artista para além da sua fortaleza. A exemplo
            disso estão as peças doadas por ele para o Parque
            das Esculturas, em Recife, em razão dos 500 anos do
            descobrimento do Brasil - muitas foram roubadas ao

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