Page 32 - ARTE!Brasileiros #57
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INSTITUIÇÕES VIDEOBRASIL

































            Cena de Laboratorio de invención social o posibles formas de construcción colectiva,
            2018, filme da argentina Gabriela Golder apresentado no Videobrasil Online

            sendo postas em cheque. (…) Nesse sentido, estamos   A diretora afirma também que em um profundo
            um pouco parecidos. E quando passar o ápice de tudo   período de reflexão nos últimos anos percebeu que
            isso, talvez a gente esteja um pouco à frente em relação   precisava repensar algumas estruturas da associação,
            a algumas alternativas e saídas; nós que vivemos em   inclusive estabelecer um tipo de independência do vB
            crise permanente e que sempre tivemos que lidar com a   em relação à sua própria pessoa. “Porque o acervo,
            precariedade e achar alternativas, sobretudo no campo   enorme, maravilhoso, também assusta. A pandemia
            da arte e da cultura”.                          trouxe um dado de realidade cruel, a percepção de que
                                                            podemos morrer a qualquer hora. E o que acontece
            QueDa e volta por Cima                          com esse acervo? Não pode estar apenas nas minhas
            Bastante anteriores à pandemia, outros marcos na   mãos, vi que preciso pensar em continuidade.”
            história do Videobrasil foram a inclusão, a partir de   A responsabilidade por uma coleção com grande
            2011, dos mais variados suportes artísticos para além   custo de manutenção, que inclui não só os trabalhos
            do vídeo e da arte eletrônica nos festivais e mostras; e   reunidos ao longo dos 21 festivais - vários deles feitos
            a mudança de sua sede, em 2015, para um grandioso   a partir de comissionamentos -, mas também coleções
            galpão na Vila Leopoldina (São Paulo). Em 2019, o evento   inteiras cedidas por artistas (ou suas famílias) como
            assumiu também o nome de bienal, passando a se cha- Rosangela Rennó, Rafael França, Marina Abs e Moysés
            mar Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.  Baunstein, aceleraram a ideia da passagem dos cuida-
            Mas o vB, assim como tantas instituições culturais, não   dos do acervo para outras instituições. A concretização
            ficou imune às ininterruptas crises vividas pelo país nos   deste plano não significaria, no entanto, a desvincula-
            últimos anos, especialmente sob o governo Jair Bolso- ção deste acervo da associação, como ressalta Farkas.
            naro. Com a dificuldade para captação de recursos, a   Neste ponto, ela exemplifica a riqueza do material
            associação devolveu o galpão (onde chegou a realizar  citando alguns nomes que possuem ao menos dois
            mostras importantes) ainda em 2019 e encarou uma   trabalhos na coleção: Akram Zaatari, Barbara Wagner
            espécie de paralisia institucional. “É impossível planejar  e Benjamin de Burca, Enrique Ramirez, Eder Santos,
            qualquer projeto diante de um governo que desrespeita   Bouchra Khalili, Cao Guimarães, Jonathas de Andrade,
            a cultura, ataca a cultura, elimina a cultura. Na verdade,  Liu Wei, Marcellvs L., Maya Watanabi, Sebastian Diaz
            isso diz respeito à cultura, à imprensa e às instituições   Morales, Seidou Cissé, Vincent Carelli, Virgínia de
            democráticas, nesse flerte claro com o totalitarismo”,  Medeiros, Walid Raad, Walter Silveira, Ximena Cuevas
            afirmou Farkas em 2020.                         e Ximena Garrido-Lecca.

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