Page 30 - ARTE!Brasileiros #57
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INSTITUIÇÕES VIDEOBRASIL






















































            bienal, mas já com mostra competitiva, apresentação   primeiras batalhas
            de performances, instalações e até mesmo com uma   Não só os equipamentos de filmagem foram se trans-
            feira de novas tecnologias como computadores, tele- formando, mas as próprias tecnologias de armazena-
            texto e videogames. Era o contexto dos últimos anos   mento e cuidado com o acervo. “Manter o vídeo vivo,
            de ditadura - trabalhos tinham de ser submetidos à   fisicamente, é caríssimo”, explica Solange. “É uma
            censura - e o tom geral era de crítica ao monopólio da   mídia extremamente frágil para conservação e extre-
            televisão aberta, o que se apaziguou nos anos seguintes   mamente volúvel, porque a cada poucos anos muda
            com a aproximação de produtoras e diretores de vídeo   a mídia de preservação do momento e você precisa
            aos canais de tv. A partir daí a história é longa, cheia   converter tudo novamente. Estou fazendo isso há 40
            de transformações e reviravoltas, e sempre ligada não   anos e nunca para, dá até para fazer uma arqueologia
            só aos contextos político e cultural, mas também ao   da mídia a partir dessa história do vB.” Por conta dos
            caminhar do desenvolvimento tecnológico audiovisual.  enormes custos deste trabalho, Farkas já negocia a
               Após a realização de oito festivais, Solange criou em   passagem do acervo do vB para as reservas técnicas
            1991 a Associação Cultural Videobrasil, com estatuto que   de instituições com maior estrutura, em um processo
            previa a manutenção e ativação do crescente acervo   que deve ter uma conclusão em um futuro próximo.
            de obras e publicações reunidos nos eventos. No ano   Está conectada a essa história tecnológica, também,
            seguinte, o Sesc-sp entra como principal parceiro do   a longa batalha da instituição pelo reconhecimento do
            festival, o que possibilita sua realização com grande   vídeo enquanto suporte artístico relevante, tão importan-
            estrutura desde então, em unidades como a Pompeia,  te quanto qualquer outro. “O preconceito contra o vídeo,
            o Belenzinho e o 24 de Maio.                    dentro do próprio cenário das artes, era pesadíssimo”,

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