Page 29 - ARTE!Brasileiros #57
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Depois De um períoDo De granDes inCerteZas
e instabiliDaDes - que obviamente ainda não se
dissiparam totalmente no Brasil atual -, os próximos
anos prometem ser um período prolífico e até mesmo
celebrativo para a Associação Cultural Videobrasil (vB).
Primeiro, pela efeméride dos 40 anos do 1º Festival
Videobrasil, realizado em 1983, ainda nos últimos anos
da ditadura civil-militar no país. Segundo, pela confir-
mação da realização da 22ª Bienal Sesc_Videobrasil
em 2023, adiada por dois anos por conta da pandemia
e que já terá atividades programadas para o próximo
ano. Há, ainda, a realização de uma grande exposição
do vasto acervo do vB em Vitória (Espírito Santo), a
partir de março, a continuidade das mostras virtuais
no Videobrasil Online e a participação em outros pro-
jetos como uma exposição em cartaz no Museu da
Língua Portuguesa.
Curadora estabelecida com vasta atuação no Brasil
e no exterior, ex-diretora do mam-Ba e no comando da
Associação vB desde o início, Solange Farkas era apenas
uma jovem recém-formada - em jornalismo e história
da arte pela Universidade Federal da Bahia - quando
decidiu realizar o Festival Videobrasil. Já radicada em
São Paulo, teve como principal incentivador o seu sogro,
Thomas Farkas (1924-2011), um dos mais importantes
nomes da fotografia e do cinema modernos no Brasil e,
à época, dono da empresa Fotoptica. Já interessada no
cinema underground brasileiro, tema de seu trabalho
de conclusão de curso na ufBa, Solange se deixou levar
pelos estímulos de Thomas, somados à clara percepção
de que o vídeo se estabelecia como nova linguagem no
país e no mundo.
“No início dos anos 1980 o vídeo estava surgindo
como um equipamento. Existia o cinema e a televisão,
mas não o que chamamos de vídeo”, conta ela em
entrevista à arte!brasileiros. A produção brasileira
anterior a esse período, ainda dos anos 1970, era basi-
camente circunscrita ao núcleo do professor Walter
Zanini, que após adquirir no exterior um equipamento
para o mac-usp cedeu o uso para artistas como Regina
Silveira, Wesley Duke Lee, Carmela Gross, Julio Plaza
e José Roberto Aguilar. “Mas o equipamento de vídeo
mais acessível chegou apenas no início dos anos 1980
e o Thomas sacou que ali tinha algo grande. E me per-
guntou se eu não queria fazer uma mostra, ou algo do
tipo, que estimulasse os artistas a usarem o vídeo e
mostrarem essa produção.”
E assim foi realizada, no Museu da Imagem e do
Em 2013, uma grande instalação foi apresentada FOTOS: DIVULGAÇÃO
na 18ª Bienal Sesc_Videobrasil com destaques Som em agosto de 1983, a primeira edição do festival,
dos primeiros 30 anos de trajetória do festival em uma escala ainda pequena se comparada à da atual
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