Page 57 - ARTE!Brasileiros #56
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IDEIA, REFLEXO
E IMAGEM EM LUIZ
BRAGA Exposição no Instituto Tomie Ohtake,
com curadoria de Paulo Miyada e Priscyla
Gomes, reúne pela primeira vez conjunto
de retratos em cor feitos pelo belenense
Luiz Braga nas últimas quatro décadas
por mateus nunes
Com um laborioso proCesso, Luiz Braga consegue criar uma atmosfera, o palco
de um romance imagético. As narrativas que entrelaçam os bastidores de suas foto-
grafias, com o contato constante que o artista belenense tem com seus retratados ao
longo dos anos, preenchem esse espaço denso de matéria indócil entre o retratado,
o fotógrafo e o observador da obra. Umberto Eco compartilhava que o mais árduo
a se fazer quando da decisão de escrever um romance é precisamente criar uma
À esq., Rosa do atmosfera. Pensar o número de degraus das escadas das palafitas, as cores das
Arraial, 1990. letras abertas nos barcos, a curvatura das redes abertas, mesmo que vazias. Com a
Abaixo, Vendedor
de pamonha, 1986 atmosfera constituída, não é mais tudo controlado pelo autor: as personagens e as
palavras – no caso de Luiz Braga, as imagens – surgem por conta própria, em seu
FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA / MAM SÃO PAULO | CORTESIA DO ARTISTA / GALERIA LEME
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