Page 34 - ARTE!Brasileiros #55

EXPOSIÇÕES MAXWELL ALEXANDRE

A lua quer ser preta, se pinta no eclipse (diss), da série Pardo é Papel, 2019

A outra, Batalha do Avaí, também de Américo, foi implicado na sua realização e claro, pela impressionante
concluída em 1877 e pode ser visitada no Museu Nacional descrição que faz de um momento crucial da batalha
de Belas Artes no Rio de Janeiro. Nela está representada que descreve. Naquela profusão de personagens, de
uma verdadeira multidão de soldados engalfinhados em corpos em dinâmico e dramático choque, num primeiro
renhida batalha e que tem ao fundo um Duque, aliás, plano central e aos pés da cena vemos o corpo de um
Caxias, cuja farda está aberta - ao que consta, isso soldado negro que jaz com a cabeça ferida - do crânio
provocou o desagrado do retratado -, que montado fendido escapa a massa encefálica. Os negros repre-
em seu cavalo branco coordena altivo e distante os sentados nessa batalha lutam pela soberania do país
movimentos da “sua” tropa fatalmente vitoriosa. que os mantinha escravizados. No entanto, o corpo
Essas obras têm em comum as dimensões gigantes- desumanizado pela escravidão é o mesmo que verte
cas, o profuso número de militares que protagonizam sangue e vísceras naquele combate titânico apresen-
ou apoiam as ações descritas e, sobretudo, o papel tado por Pedro Américo.
subalterno e periférico dos personagens representativos As pinturas de Maxwell Alexandre expostas na mos-
da fração popular daquela sociedade, sejam negros, tra Pardo é papel - inicialmente mostradas no Museu FOTOS: GABI CARRERA / DIVULGAÇÃO
mulheres, indígenas ou brancos miseráveis. de Arte Contemporânea de Lyon (França), em 2019, e
A Batalha do Avaí é notória pelo número de per- depois no Museu de Arte do Rio (mar) e na Fundação
sonagens nela representados, pelo prodígio técnico Iberê Camargo, em Porto Alegre - também possuem um

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