Page 63 - ARTE!Brasileiros #53
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10ª MOSTRA 3M DE


                                  ARTE, EM CONVERSA


                                  COM A NATUREZA





                                                          Dez artistas enfatizam as qualidades
                                                          subjetivas e reflexivas da paisagem
                                                          com som, imagem e movimento
                                                          em coletiva no Parque Ibirapuera


                                                          por leonor amarante




                                                          a persistênCia Das relações entre a arte, a natureza
                                                          e a cidade encontra elementos simbólicos e narrativos
                                                          na coletiva Lugar Comum: travessias e coletividades na
                                                          cidade, a 10ª Mostra 3M de Arte. Com curadoria bem
                                                          conduzida por Camila Bechelany, as dez instalações iné-
                                                          ditas, desenvolvidas por seis artistas convidados e quatro
                                                          selecionados por edital, foram distribuídas pelo Parque
                                                          Ibirapuera, colocando o visitante em estado de imersão
                                                          progressiva em um campo de escuta e percepção. Um dos
                                                          trunfos da coletiva foi situar as intervenções em um con-
                                                          texto de confronto e sentido com as diferentes correntes
                                                          existentes nesta área. O campo expandido da imagem e do
                                                          som se encontra no trabalho de Lenora de Barros, dentro
                                                          do contexto da earcology, obra para se ouvir, com caixas
                                                          de som perfiladas e drone falante que voa sobre cinco
                                                          pontos do parque. Lenora criou um poema especial para
                                                          esta obra: O Que ouve É JÁ/ontem É JÁ/ hoJe, amanhÃ
                                                          É JÁ. “Nas cinco diferentes leituras que faço no percurso
                                                          das caixas de som, uso entonações e alturas diversas,
                                                          busco gerar vários significados, focando na mensagem
                                                          de que cada momento é resultado do anterior e o futuro é
                                                          resultado do ontem, do agora, do momento-já”. O ponto de
                            A partir de braços de         partida é a frase de John Cage: “O mundo se transforma
                            mangueiras, Cinthia           em função do lugar onde fixamos a nossa atenção”, falada
                            Marcele une um curso          por ela e emitida pelo drone que dialoga com o poema O
                            d’água a uma torneira,        QUE OUVE. A palavra “já”, segundo Lenora, é o fio condu-
                            invertendo o sentido                                                               FOTO: KARINA BACCI
                            comum da água                 tor da performance vocal e é repetida durante o trajeto,
                            canalizada em Geografia       até se tornar um “som invertido” em que se ouve a frase

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