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ARTIGO COLONIZAÇÃO NA ARTE
conceitualização de suas produções. Para o artista, conhecido termo “nipo-brasileiro” e a migração
curador e ativista Denilson Baniwa, outro artista japonesa como referência. “É preciso começar a
indígena em destaque, esse movimento de artistas entender a participação de outros grupos asiáticos
indígenas já existe há muito tempo, mas apenas na conformação da sociedade brasileira, como as
nos últimos anos foi acessado com mais atenção comunidades chinesa, sul-coreana e indiana, dentre
pelas redes não indígenas. Segundo ele, “foi outras múltiplas migrações advindas da região”.
através da coragem desafiadora de alguns artistas Além disso, “o reconhecimento dessa população
que lugares foram abertos, gerando uma rede como racializada também é parte fundamental para
crescente de outros artistas que já produziam ou o engajamento na luta antirracista”.
que começaram a produzir com mais liberdade”. O galerista também aponta que é importante
De acordo com ele, “esse movimento contribui não a adoção de políticas que visem a ampliação de
apenas para os artistas indígenas, mas, sobretudo, pessoas racializadas nos quadros de funcionários das
para demonstrar que há um outro tipo de visão instituições de arte, reforçando a sua presença em
possível de arte, e que pode servir de base para a todas as instâncias e lhes garantindo maior autonomia
construção de um meio decolonial e crítico”. profissional, inclusive nos postos de decisão e cargos
Os artistas indígenas, assim como os demais de gestão. Ele complementa dizendo que a Diáspora
que são racializados pelo sistema, possuem Galeria é uma “possibilidade de criar isso enquanto
dificuldade de inserção nas coleções museológicas, uma rede produtiva integralmente racializada,
nas galerias de arte e nos acervos privados de arte que possa suprir e se distanciar das práticas do
contemporânea. É comum encontramos galerias circuito até então hegemônico e apresentar outras
brasileiras que não possuem nenhum artista negro, possibilidades de organização dentro desse sistema”.
indígena ou de origem asiática em suas listas. Como E que, para além desse compromisso, “o espaço
crítica a esse mercado excludente, o arquiteto e apresenta uma possibilidade de transformação para
urbanista Alex Tso, brasileiro filho de imigrantes o sistema das artes, acreditando em sua capacidade
chineses, abriu a primeira galeria dedicada a artistas de ser menos excludente, menos branco, menos
cujas vidas são marcadas pela racialização. Segundo elitizado; e mais crítico, mais posicionado e envolvido
o site da instituição, por compreender a necessidade com a sociedade”.
de lançar um olhar atento para as “questão de Empenhar-se na construção de um novo futuro
gênero, raça, classe e territórios geopolíticos”, a para as artes brasileiras é entender-se enquanto
Diáspora Galeria se propõe a defender a “articulação agente de mudança. É compreender que são ações
de uma rede de colecionadores que reconheçam diárias que as tornarão permanentes. Para isso, é
o valor de mercado como indissociado do valor fundamental a mudança de postura, a autocrítica,
histórico da produção artística dos artistas”, a crença no trabalho coletivo, a cobrança de
que não entenda a arte apenas pela “circulação políticas públicas para o setor, a realização dos
única como objeto e valor monetário”, mas que revisionismos históricos, dos critérios estéticos, das
a expanda “enquanto legado de ancestralidade nomenclaturas, das linguagens, dos termos, entre
e identidade, tornando-se simultaneamente tantas outras ações. Combater a hegemonia branca
proponente de uma nova contemporaneidade”. nas artes é um desafio que deve ser enfrentado por
Para Tso, o reconhecimento da população brasileira todos e todas. Rejeitá-la é acreditar em um novo
de ascendência asiática deve extrapolar o já projeto de futuro para as artes brasileiras.
REFERÊNCIAS Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
herKenhoff, Paulo. Tomie Ohtake, gesto e razão geométrica. Universidade de São Paulo (fflCh-usp). 2018. Pág. 21.
Instituto Tomie Ohtake. 2014. Pág. 14 Coletivo Mulheres Negras nas Artes: https://
KilomBa, Grada. Memórias da Plantação - Episódios de Racismo mulheresnegrasnasartes.tumblr.com/
Cotidiano. Editora Cobogó. 2019. Diáspora Galeria: http://diasporagaleria.com.br/
meneZes, Hélio. Entre o visível e o oculto: a construção do Laboratório de Curadoria de Exposições Bisi Silva: https://www.
conceito de arte afro-brasileira. facebook.com/metodologiasdecuradoriadeexposicao/
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