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possível de descolonizar os olhares, já formados de Lagos (CCa) e na Escola de Arte Asiko, espaços
historicamente para ver essas artes como ‘menores’, que ela fundou e dirigiu por muitos anos. Além
‘primitivas’, ‘regionais’, ‘periféricas’, entre outros de promover a pesquisa, o ensino, a exibição e
adjetivos responsáveis por caracterizá-las e intitulá- a circulação das produções contemporâneas
las no tempo”. nigerianas, Bisi Silva colaborou para a criação de
Pensar a narrativa das artes brasileiras para redes artísticas com os demais países africanos e
além das autorias brancas também é o objetivo do com outros territórios, como o europeu.
Laboratório de Curadoria de Exposições Bisi Silva. Entender a curadoria como um campo em disputa
O projeto, coordenado pelas Profª Drª Carolina também é o lema de duas das curadoras indígenas
Ruoso, Profª Drª Joana D’Arc de Sousa Lima e a brasileiras de destaque nos últimos anos, Naine Terena
Profª Drª Rita Lages Rodrigues, conta com uma lista e Sandra Benites. Ambas, demonstram que é preciso
extensa de parcerias, como a Escola de Belas Artes pensar novos modos de se fazer curadoria. Sandra é
da Universidade Federal de Minas Gerais (ufmg), o de origem Guarani, estudante de doutorado no Museu
Núcleo de Pesquisa do Museu de Arte Moderna Nacional e a primeira curadora indígena contratada por
Aloísio Magalhães (mamam/Recife), o Laboratório de uma instituição artística brasileira, o Museu de Arte
Arte-educação, curadorias e histórias das exposições de São Paulo. Sua contratação foi realizada no final
da Universidade da Integração Internacional da de 2019 como parte do processo de organização da
Lusofonia Afro-Brasileira (unilaB/Ceará), o Caderno exposição Histórias indígenas, programada pelo masp
Vida & Arte do Jornal O povo e a Escola de Design da para ser realizada em 2021. Naine é de origem Terena,
Universidade Estadual de Minas Gerais (uemg), e tem é doutora em educação, professora universitária e
por objetivo apresentar um estudo das histórias das curadora da exposição Véxoa: Nós sabemos, que
curadorias e exposições no Brasil. ocuparia a Pinacoteca do Estado de São Paulo neste
O grupo, além de ser formado por pesquisadores ano e que está suspensa em decorrência da pandemia.
de diversas áreas e regiões do país, está preocupado Ela atua como curadora e educadora, e entende que a
em realizar o estudo das curadorias e exposições educação atravessa todos os âmbitos da sua atuação.
brasileiras sem reproduzir as já marcadas exclusões Segundo Naine, sua atuação envolve apresentar
históricas. Além de tomarem o eixo Norte, Nordeste uma arte contemporânea pelo viés indígena, como
e Centro-oeste como participantes centrais na possibilidade também de educar o olhar do público
construção da arte brasileira, o grupo também se não indígena. Ela acredita que “o processo de
preocupa em contemplar diferentes identidades, formação e de diálogo com gestores, curadores
idades, gêneros, temas, formatos e modelos de e programadores, ajuda a combater estereótipos,
realização e atuação dos curadores no país. Segundo preconceitos e estimula a construção de relações
Ruoso, “a pesquisa sobre os curadores nasceu respeitosas”. A curadora destaca também que sua
da linha de pesquisa Teorias e Metodologias de ação não é individual, mas coletiva, e que “é necessário
Curadoria de Exposição e foi financiada pelo edital pensar a partir da coletividade e da escuta para a
11/2017 para os recém doutores da ufmg, mas construção de um cenário nacional consistente”.
que, de toda forma, é uma iniciativa que nasce do Mover-se em coletivo também é uma das
Laboratório de Curadoria de Exposição Bisi Silva, premissas do Movimento de artistas indígenas
cujo o propósito é construir uma narrativa crítica Mahku, da etnia Huni Kuin, moradores da cidade
sobre as artes e as curadorias no Brasil, entendendo- de Rio Branco, Acre. A região, pouco representada
as como fundamentais na construção dos discursos nas narrativas da história das artes brasileiras,
artísticos no país”. vem conquistando mais espaço através do grupo.
Essa preocupação já se faz visível pelo nome do O artista Ibã Huni Kuin é a principal liderança do
grupo, que optou por homenagear uma curadora movimento e se destaca pela atuação como artista
mulher, negra e nigeriana. Bisi Silva, que faleceu em e agente cultural. O propósito do grupo é o de
março de 2019, é reconhecida internacionalmente valorizar a produção artística através das estéticas
pela sua atuação no Centro de Arte Contemporânea locais, além de criar um sistema de circulação e
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