Page 39 - ARTE!Brasileiros #51
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pessoais, outras vezes financiada como pequenas decisões podem relação aos quais reconsideramos
por tantas feiras de arte ou reequacionar a sobrevivência, a a nossa existência a partir da
festivais por meio das e dos quais relação entre a vida e a morte, a redescoberta de que a vida
o mercado filtrava as percepções injustiça que criou discriminações humana conta e tem que ser
curatoriais. Algo nos indicia que tão ameaçadoras para a condição protegida quando se revela tão
esse globalismo terminou, que humana, a estupidez de eleger frágil e vulnerável.
estar em todos os lugares e em decisores que não estão É a partir dessa consciência
todos os fusos horários do planeta preparados para nos proteger, que que o museu necessita se
no rodopio incessante das bienais, não nos querem proteger e para reinventar, se recentrar nas suas
feiras e grandes exposições isso invocam a (sua...) economia. tarefas, nas suas missões e
internacionais chegou ao fim Descobrimos ao longo destes objetivos. É a partir dessa
como missão e como objetivo... meses novos modos de sentir que redescoberta de nós mesmos que
Descobrimos ao longo deste habitamos juntos este planeta e ganharemos a consciência de que
período de confinamento novas que juntos deveríamos repensar o o museu não pode nunca deixar de
formas de solidariedade, de que lhe fazemos e como nele ser local, de se situar no lugar
preocupação com aqueles que vivemos. O mundo que onde existe, no bairro, na sua
nos são próximos e com aqueles sobreviverá a esta pandemia nos cidade, no seu país, numa cultura
que não conhecemos, novos chama a repensar as nossas vidas da qual preserva, interpreta e
modos de usar as redes e as e as nossas tarefas a partir do redefine a memória e propõe um
ferramentas eletrônicas, além das desejo de uma outra proximidade, presente para essa memória.
evidências que se tornaram a partir das nossas casas, das Atento ao tempo em que vive, será
constantes (e em relação às quais famílias, dos amigos, dos da conjugação de tempos
vivíamos tão anestesiados), de conhecidos e desconhecidos em múltiplos e da diversidade de
O curador João Fernandes, diretor artístico do Instituto Moreira Salles
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