Page 10 - ARTE!Brasileiros #51
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bienais merCosul









                                                  Edição online da mostra mescla recorte
                                                  histórico e produção jovem, coloca arte
                                                  negra e feminista no centro do debate
                                                  e desafia os limites da quarentena


                                                  por maria hirszman




            TRAMAS VIRTUAIS


            DA ARTE NA BIENAL


            DO MERCOSUL

















            no Dia 16 De abril foi aberta a 12ª edição da Bienal do   a seleção é bastante diversa. Pode ser considerada como um
            Mercosul. Em pleno isolamento por causa da pandemia,  desdobramento da mostra Mulheres Radicais, antológica
            a mostra não pôde abrir literalmente as portas para o   pesquisa sobre a produção artística das mulheres latino-
            público, mas resolveu respeitar o calendário previsto e  -americanas entre as décadas de 1960 e 1980 e que teve
            adaptar a exposição para o mundo virtual. Essa iniciativa,  como co-curadora a argentina Andrea Giunta, que agora
            ao mesmo tempo corajosa e arriscada, de certa forma   responde pela curadoria da Bienal 12. Além de incluir artistas
            virou a exposição ao avesso. O que deveria ser um grande   consagradas já presentes na mostra histórica – que passou
            encontro, marcado pela presença física, palpável, de   pela Pinacoteca do Estado em 2018 – como Carmela Gross,
            um conjunto amplo de obras – muitas delas construí- Vera Chaves Barcellos e Liliana Porter, Feminino(s) lança um
            das in loco, em Porto Alegre –, acabou tornando-se   olhar atento para a produção mais recente, incorporando
            uma conversa mais sutil, conceitual. A noção de coro,  questões como a necessidade de superar o conceito biná-
            que muitas vezes é vital para uma exposição, acabou   rio de sexualidade, acolhendo uma série de trabalhos que
            cedendo lugar para uma série de cantos solo, o que   questionam estereótipos, denunciam qualquer forma de
            exige mais tempo de escuta, mas não chegou a afetar   violência e abrem espaço para resgates identitários e de
            as linhas gerais que vinham conduzindo a pesquisa.   gênero. E, como núcleo de força, traz um conjunto amplo
               Intitulada Feminino(s): visualidades, ações e afetos, a   de artistas negras contemporâneas de origens diversas,
            Bienal 12 – como tem sido chamada – se propõe a mostrar   como África e Caribe, mas sobretudo do Brasil.
            uma visão plural, incorporando investigações poéticas, sen-  Fabiana Lopes, pesquisadora que há mais de seis anos
            síveis, combativas e com forte componente autobiográfico,  acompanha essa produção e foi convidada para ser uma   FOTO: CORTESIA ARTISTA
            sobre o lugar social da mulher no mundo contemporâneo.  das curadoras assistentes da Bienal 12, realizou uma ampla
            Com 69 participações provenientes de 24 países diferentes,  seleção com mais de 20 artistas afrodescendentes, com

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