Page 87 - ARTE!Brasileiros #49
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FRAME DO FILME SuperRio Superficções, 9’03’’
manutenção. O SuperRio, segundo capítulo do Atlas, é um retrato que atravessam o trabalho todo, como as ideias de
mais direto dessa tentativa de entender o que se encontrava ao império e galáxia, a guerra entre civilizações em suas
meu redor e a relação com fenômenos mais globais de marke- diferentes facetas sociais, religiosas, econômicas,
ting, lógicas corporativas, e como isso influi na mente, na forma simbólicas, estéticas, as diferentes estratégias de
de agir das pessoas, quais são suas estratégias e como isso se embranquecimento da população. No primeiro capí-
traduz em todas as escalas, da individual à geopolítica. Depois tulo, em Bruxelas, era uma coisa mais estritamente
fui explorando outros fenômenos adjacentes. Assim começou, analítica. É uma cidade bastante pobre e suja para
ao tentar entender esses universos e os cruzamentos entre eles, os padrões da Europa, mas com uma tentativa de se
e até hoje trabalho essas questões. construir como cenário de cidade mundial, capital da
Europa. E eu, quando estudava arquitetura, comecei
E como é que essas Superficções, esses capítulos, se relacionam entre si, a perceber muito um discurso bélico, de conquista
neste grande Atlas Mundial? das mentes e do espaço. Essa ideia atravessa todo
No começo cada projeto tinha sua independência, explorava o trabalho, de modos diferentes. E a ideia de super-
temáticas próprias. Só depois é que eu fui entender isso como ficção mesmo veio no trabalho seguinte, no Rio, que
um Atlas. São capítulos que vão se relacionando, com questões eu escrevi em 2005 e retomei em 2013, no período
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