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EXPOSIÇÕES SÃO PAULO



             Cannaviello para Leonilson, que comprou seus trabalhos
             e o inseriu em algumas mostras, além do pai da Trans-
             vanguarda, Achille Bonito Oliva. A amizade se fortaleceu
             e, mesmo Antonio Dias vivendo na Europa, ambos se
             encontravam regularmente. Uma carta de 3 de maio
             de 1993, enviada pouco antes da morte de Leonilson,
             mostra o apreço de Dias pelo amigo, ao falar de duas
             obras de Leonilson que havia trazido para sua residência
             permanente, em Colônia, na Alemanha: “Agora, penso
             em você todo dia. (...) gostaria muito de lhe rever e dizer
             novamente que eu gosto mesmo de lhe ter como amigo”.
             Não deu tempo, mas após a morte de Leonilson, Dias
             passou a buscar adquirir seus trabalhos, especialmente
             os vendidos em Milão, com a ajuda de Paola, a “garim-
             peira”, como ele a chamava. A mostra na Pinakotheke
             reúne, assim, os 38 desenhos e pinturas da coleção
             de Antonio Dias, exposição que começou a ser planejada
             em 2015, quando Dias preparava sua individual na Galeria
             Multiarte, em Fortaleza. Quatro obras pertencentes a
             outras coleções particulares complementam a exposição.
             Trata-se, portanto, de uma faceta um tanto desconhecida
             de Leonilson, tomando-se em conta as recentes mostras
             a ele dedicadas no Brasil, um recorte de seu início de
             carreira, com a maior parte das obras vindas dos anos
             1981 e 1982. Há apenas um bordado dos anos 1990, por
             exemplo, técnica que dá a ele maior projeção e reco-
             nhecimento, especialmente pelo caráter autobiográfico
             que ele imprime aos seus últimos anos.
             As obras na mostra são mais experimentais, como um
             políptico em papel colorido, que lembram mesmo certos   ABAIXO, SEM TÍTULO, CERCA DE 1983 , ACRÍLICA SOBRE LONA, 175 X 200 CM ASSINADA “L.”.
             trabalhos do próprio Antonio Dias. Por outro lado, a
             escultura Ponte, de 1982, traz já uma imagem que ficará
             recorrente em sua carreira.
             Os trabalhos em exposição de fato apresentam uma
             alegria, que contrastam com a melancolia do final de car-
             reira, em parte assim vistos pelo tom das fitas deixadas
             pelo artista. Nesse diário gravado, que gerou dois filmes,
             Leonilson projeta uma imagem contestada por Zerbini
             no catálogo, que o levava a planejar a destruição das
             fitas, junto com Antonio Dias: “Achávamos, e acho ainda,
             que elas propagam uma imagem que não corresponde
             à realidade. Leonilson foi uma das pessoas mais engra-
             çadas, inteligentes e rápidas de raciocínio que conheci.
             Dono de um humor rasgante, cruel.” E Zerbini conclui
             defendendo que “o sofrimento que a doença causou
             não há de contaminar o seu trabalho, mas, para isso,
             não deveríamos repercutir, supervalorizar o momento
             em que ele aparece mais fragilizado”.


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