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EXPOSIÇÕES SÃO PAULO






             VENDO E ENTREVENDO CILDO MEIRELES





             AMPLA “ANTOLOGIA POÉTICA E HISTÓRICA” DO ARTISTA
             CARIOCA OCUPA O SESC POMPEIA, EM SÃO PAULO, COM
             CERCA DE 150 OBRAS QUE DESAFIAM OS SENTIDOS,
             CONVIDAM À INTERAÇÃO E APONTAM A PERMANÊNCIA
             DE VIOLÊNCIAS VIVIDAS NO BRASIL DESDE A ÉPOCA
             COLONIAL E DO PERÍODO DA DITADURA MILITAR ATÉ HOJE


             POR MARCOS GRINSPUM FERRAZ







             NA VASTA E DIVERSA OBRA DE CILDO MEIRELES, se há
             construção, há também desconstrução; se há realidade,
             há ilusão; se há visibilidade, há o que está oculto; se há
             razão, há loucura; se há o afeto, existe o trauma; se há
             afirmações, existe o mistério; se há ordem, ela mesma
             pode gerar o caos; se há formalismo, há abstração; onde
             há caminho, há o desvio; no circuito, curto-circuito; se há
             vastidão, há também o gueto; se há versão, há subversão;
             se há equilíbrio, ele é tenso; e se há violência, há resistên-
             cia. Não se trata necessariamente de oposições, muito
             menos de incompatibilidades, mas de perceber que na
             contundente produção do artista carioca não há verdades
             fáceis e únicas, e que os caminhos óbvios e mais usuais
             estão sempre sendo desafiados – as coisas nem sempre
             são o que parecem.
             Deste modo, quem visitar Entrevendo, no Sesc Pompeia,
             uma das maiores mostras já realizadas de Cildo Meireles,
             71, vai se deparar com paradoxos, ambiguidades, ironias,
             contrastes e inquietações que percorrem as cerca de 150
             obras da exposição, curada por Júlia Rebouças e Diego
             Matos. Nos trabalhos em variados suportes, linguagens
             e escalas, espalhados pelos vastos espaços desenhados
             por Lina Bo Bardi, o artista apresenta uma produção
             que ativa, amplia e embaralha os sentidos, como explica
             Rebouças. “É um projeto que trata da ideia de sentido
             a partir de suas múltiplas definições. Pensando não
             só nessas capacidades perceptivas ligadas ao tato,
             audição, visão, olfato etc., mas também pensando em
             sentido como medida, como direção, como equilíbrio,


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