Page 44 - ARTE!Brasileiros #48
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO

             COMO ANUNCIADO PELA CURADORA Júlia Rebou-
             ças em entrevista para a edição 47 da ARTE!Brasileiros,
             o sertão sobre o qual o 36º Panorama da Arte Bra-
             sileira se debruça não é o lugar geográfico, mas sim
             um “modo de pensar e agir”. Com a abertura da
             exposição ao público em 17 de agosto, é certo que
             nem tudo está ou nem tudo chega em São Paulo: “É
             uma coisa que esse Panorama fala. Nem tudo está
             concentrado aqui, nem toda a inteligência está nesse
             lugar, nem toda a riqueza. Existe muita inteligência
             e muita sofisticação que a gente não vê”, ela declara
             em conversa durante a montagem da exposição.
             Júlia optou por pedir que a expografia, feita em par-
             ceria com o Estúdio Risco, fosse mais aberta, exerci-
             tando a ideia do que seria um espaço público ou um
             espaço compartilhado entre todos os artistas: “Ou
             mesmo uma paisagem, mas não uma sala fechada ou
             um lugar privado”, ela explica. A curadora diz que a   LUCIANA MAGNO, MY LIFE IN A BUSH OF GHOSTS, 2012
             intenção é que o público possa ver vários trabalhos ao
             mesmo tempo e refletir sobre como eles se relacionam
             entre si. “Queria que as coisas tivessem que conviver,
             seja de forma harmônica ou mais conflituosa.”
             Os trabalhos presentes na mostra convidam o público
             a ir para longe, sendo que dois o fazem literalmente.
             A artista Raquel Versieux, nascida em Belo Horizonte
             e radicada atualmente no Ceará, propõe que o público
             vá para o Cariri cearense. Ela apresenta o projeto
             Manejo Movente, realizado em colaboração com Elis
             Rigoni. A intenção é reunir o público em encontros
             junto a artistas, agricultores, estudantes e lideranças
             locais para a realização de práticas da terra, práticas
             sociais e práticas da imagem. Os encontros aconte-
             cem em quatro momentos: sendo três na região do
             Cariri e um último em São Paulo, no MAM, todos em
             finais de semana.
             A obra da dupla catarinense Gabi Bresola e Mariana
             Berta leva quem se dispor a ir à cidade de Joaçaba, no
             interior de Santa Catarina, para participar o baile do
             Surungo, também título do trabalho das artistas. Elas
             oferecem ao público uma passagem de 14h de viagem
             de ônibus para o local na margem do Rio do Peixe para
             que os interessados se entreguem à experiência do
             baile do Surungo. “O nosso centro é outro”, Mariana
             escreve, “é para esse circuito de arte que decidimos
             apontar, porque não poderia ser diferente”.
             Veterano entre os 29 artistas e coletivos que parti-
             cipam do Panorama, Gervane de Paula, natural de
             Cuiabá, apresenta três obras na exposição: Deus
             Ápis, suas esposas e seu rebanho ou O Mundo Animal   ANTÔNIO OBÁ, MAMA, 2019


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