Page 56 - ARTE!Brasileiros #46

EXPOSIÇÃO SÃO PAULO

É LIMITADOR ATRIBUIR À DUPLA Angela Deta- colecionadores e instituições de todo o mundo.
nico e Rafael Lain separadamente uma formação A arte passou a ser a dedicação definitiva dos
quando se fala em sua produção artística. É mais dois quando, em 2002, receberam uma bolsa no
verdadeiro dizer que ambos são linguistas, desig- Palais de Tokyo. Já trabalhavam com design grá-
ners gráficos, tipógrafos e semiologistas. E, claro, fico, desenvolvendo projetos e identidades visuais.
artistas. Afinal, há mais de 20 anos juntos, desde Angela e Rafael comentam que a ideia para organi-
que migraram pela primeira vez, do Rio Grande do zar a mostra parte de um conceito de jardim, mas
Sul para São Paulo, tudo o que foi aprendido era os japoneses, não os parisienses: “Os da França
compatilhado. Tanto isso é verdade que chega a são muito organizados para nós”, ela brinca e
ser admirável, inclusive, o fato de um completar continua: “Se bem que somos até bem ordenados
o outro de forma precisa quando uma palavra nesses trabalhos, mas acho que a experiência de
foge ao raciocínio, apesar de dificilmente palavras jardim corresponde mais ao japonês, um pouco
escaparem dessa dupla que a domina. mais selvagem”. Todas as obras possuem alguma
“Uma parte grande da nossa produção é a cria- ligação com a luz. Afinal, é a luz que indica a pas-
ção de tipografias, de sistemas de escritas, nos sagem do tempo, que permeia todas as obras em
interessamos muito pelos códigos, pelos alfa- algum ponto. E é a luz que mantém um jardim
betos de diferentes lugares do mundo”, conta vivo e forte.
Angela. A mostra no Espaço Cultural Porto Os primeiros trabalhos que o público encontra ao
Seguro, em São Paulo, que se estende até 7 adentrar a exposição no ECPS não dão ainda o tom
de abril, dá a dimensão disso na obra da dupla. exato do que será encontrado no andar de cima
Hoje casados e com dois filhos, Rafael e Angela e no subsolo, além das obras na parte externa
vivem em Paris e fazem parte de um grupo do prédio. Apesar de todos terem um diálogo
seleto de artistas, observados de perto por entre si e partirem de códigos, não se invadem e

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