Page 60 - ARTE!Brasileiros #45
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CAPA RUBEM VALENTIM






             A LINGUAGEM AFRO-BRASILEIRA


             E UNIVERSAL DE RUBEM VALENTIM





             EXPOSIÇÕES NO MASP E NA CAIXA CULTURAL RETOMAM CARÁTER
             POLÍTICO E UNIVERSO SIMBÓLICO DO ARTISTA BAIANO


             POR MARCOS GRINSPUM FERRAZ




































             RUBEM VALENTIM EM 1984

             EM SEU “MANIFESTO AINDA QUE TARDIO”,        movimentos ou correntes artísticas estrangeiras
             publicado em 1976, o pintor, escultor e gravurista   ou nacionais.
             baiano Rubem Valentim (1922-1991) deixava bas-  Ainda assim, em sentido contrário às palavras do
             tante claro de onde emergia sua arte: “Minha   próprio artista, boa parte da crítica, do mercado
             linguagem plástico-visual-signográfica está ligada   e da historiografia da arte definiu Valentim como
             aos valores míticos profundos de uma cultura   um artista basicamente construtivo, relegando à
             afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com   segundo plano o universo simbólico de sua obra,
             o peso da Bahia sobre mim – a cultura vivenciada;   ligado ao candomblé, à umbanda e à cultura afro-
             com o sangue negro nas veias – o atavismo; com   -brasileira. Houve uma “insistência em enquadrá-
             os olhos abertos para o que se faz no mundo – a   -lo, um tanto à força, no contexto das correntes
             contemporaneidade”. Ele buscava, como dizia no   construtivas canônicas, forjadas no eixo Rio-São
             mesmo texto, “uma linguagem universal, mas de   Paulo, apartando das reflexões os sentidos reli-  FOTO SILVESTRE SILVA
             caráter brasileiro”, sem se filiar a nenhum dos   gioso, espiritual e social, portanto político, que são


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