Page 91 - ARTE!Brasileiros #45
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GRANDE HOTEL, NEÓN. SAGUÃO DE ENTRADA SESC 24 DE MAIO, SÃO PAULO


                               tanto para o caráter temporário e passageiro da   Gross no livro.
                               mostra, como para o caráter limitante e de privi-  É bastante generosa essa maneira de abordar a
                               légios que ela encerra.                     carreira de Gross, usando junto às imagens das
                               Esse é um bom exemplo, aliás, dessa relação muito   obras seus próprios depoimentos em primeira
                               estreita entre a poética da artista e os códigos   pessoa para se conhecer o processo de criação
                               urbanos, uma linha dominante na publicação,   da artista, suas inspirações e objetivos. Afinal, a
                               que também ocorre com a apropriação das pla-  arte contemporânea nem sempre é de fácil comu-
                               cas metálicas que em geral denominam nomes   nicação, mas os textos claros e precisos da artista
                               de rua, mas na obra de Gross se transformam   são uma maneira de dar algumas pistas além da
                               em estratégias para nomear os que nem sempre   própria visibilidade de cada trabalho.
                               possuem visibilidade.                       Essa preocupação reflexiva se expande ainda mais
                               “Figurantes” (2015) retrata bem essa possibili-  na segunda parte do livro organizado pelo curador
                               dade, já que: “Alude a um cortejo insólito de dúbias   Douglas de Freitas. “Carmela Gross” reúne ainda
                               figuras. São aquelas listadas por Marx em O 18   uma entrevista da artista conduzida por ele e três
                               Brumário de Luis Bonaparte (1852), como mem-  ensaios escritos pelos curadores Paulo Miyada,
                               bros da Sociedade 10 de Dezembro, constituída de   Luisa Duarte e Clarissa Diniz.
                               biscateiros, herdeiros arruinados, vagabundos e
                               desocupados de toda ordem”, segundo relato de   Editora Cobogó, 280 págs., R$ 150


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