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INSTITUIÇÃO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS
VICTOR BRECHERET FOI O VENCEDOR PARA CONSTRUIR A ESCULTURA EM
HOMENAGEM AO PATRONO DO EXÉRCITO BRASILEIRO DUQUE DE CAXIAS. A
ESCULTURA FOI FUNDIDA NAS OFICINAS DO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS. ABAIXO
A MARCENARIA E AO LADO, OS NOVOS SALÕES
construtiva do conjunto, de grande leveza visual.
A reabertura do espaço expositivo do Liceu acon-
tece com uma curadoria de Denise Mattar arti-
culada em três momentos O Ontem, o Hoje e o
Amanhã e duas mostras simultâneas e comple-
mentares, em cartaz desde final de agosto. Uma,
sob curadoria da designer Fernanda Sarmento,
denominada “Design Brasil Século XXI”, fica em
cartaz por quatro meses e é uma afinada prospec-
ção de projetos de móveis que reduzem o impacto
ambiental de sua produção. O elenco coloca lado a
lado nomes consagrados como os irmãos Campana
e certeiras apostas em jovens talentos.
A outra mostra, denominada “História e Memória”,
resultou de pesquisa que ocupou Denise e sua
equipe por mais de dois anos e ficará em cartaz
até agosto de 2019. O minucioso levantamento da
instituição centenária, fundada em 1873 por um
grupo de prósperos empresários ligados à cafei-
cultura, rendeu uma linha do tempo que costura
todo o percurso da mostra. Os 145 anos do Liceu,
com seus personagens e obras, são materializados
em fotografias e ampliações fotográficas entreme-
adas com objetos (móveis, luminárias, desenhos
e instrumentos de trabalho).
Há fotos curiosíssimas, como o almoço oferecido
pelo Liceu à equipe de artesãos que fez a fundição
da estátua eqüestre de Duque de Caxias, obra
do escultor modernista Victor Brecheret (1894-
1955) instalada na praça Princesa Isabel. O local
do almoço: o interior da barriga do cavalo, ainda
sem a metade superior.
O Liceu surge aos olhos dos visitantes como história
viva e importante testemunho de um projeto exem-
plar de qualificação de mão de obra para atender
a demanda por marcenaria e serralheria de alta
qualidade na época em que a cidade se sofisticava.O
período mais importante desses começos, situa
Denise, “foi entre 1895 e 1928, quando o arquiteto
Ramos de Azevedo orientava os trabalhos de aca-
bamento de seus prédios no Liceu”.
Foi nas oficinas do Liceu que se faziam os móveis
e elementos decorativos dos ambientes que ainda
constituem o centro antigo da cidade. Foi lá que
foram feitas as poltronas em veludo vermelho
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