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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO






             EXIT PROVOCA FRICÇÃO


             ENTRE ARTE E ARQUITETURA





             REGINA SILVEIRA LEVA PARA O MUBE UM DISCURSO POLÍTICO/POÉTICO COM
             OBRAS PRODUZIDAS ENTRE 1970 E 2018 COM CURADORIA DE CAUÊ ALVES


             POR LEONOR AMARANTE


















             VISTA DE CIMA, a paisagem plana, feérica, que dá bri-  sócio-político atual em que vários países levantam
             lho ao centro do Mube – Museu Brasileiro da Escultura,   muros, refugiados são barrados física e psicologica-
             é traduzida por linhas iluminadas com igual intensidade   mente, esse trabalho pode ser metafórico dessa situa-
             que desenham geometricamente um labirinto para onde   ção de barbárie que vivenciamos.
             o espectador é seduzido a experimentar a sensação do     A ideia do labirinto é um tema recorrente no trabalho
             espaço no tempo e vice-versa. A contrassenha desse lugar   de Regina desde os anos 70, quando ainda morava
             é o estado de imersão, potencializado pelos óculos com   em Porto Rico, e aparece em períodos e com obras de
             projeção virtual, que permite ao visitante divagar, com   diversas épocas. “Os labirintos são ancestrais, mentais,
             ele mesmo, por instantes. Essa experiência, compõe a   interculturais, imemoriais e, muitas culturas têm os
             exposição Exit, um encontro poético/político entre arte e   seus. Nesta exposição, eles são falsos porque todos têm
             arquitetura, envolvendo 41 obras de Regina Silveira, entre   saídas”. Anteriormente a artista criou um labirinto de
             instalações, vídeos, gravuras e objetos, produzidos entre   compartimentações, quando usou, pela primeira vez,
             1970 e 2018, com curadoria de Cauê Alves.         uma imagem apropriada. “ Na verdade, é uma imagem
             O labirinto pode ressignificar elementos que compõem a   que serve de recheio para todas as compartimentações
             realidade como a migração. “O espaço é desconfortável,   que realizei”. Regina levou os labirintos para o céu,
             quero que o público ao percorrê-lo seja estimulado a   para as cidades, aos executivos, para falarem sobre
             pensar”. A forma mítica do labirinto tem ressonâncias   noção de poder.
             sobre o visitante e mexe com seus hábitos perceptivos   “Essa exposição surgiu quando pensei em criar um
             e cognitivos, numa experiência lúdica e inquietante.   discurso que juntasse as partes dessa recorrência de
             Regina propõe um jogo interativo, em realidade aumen-  motivos. Metáforas das questões migratórias, dos muros
             tada, no qual o público ao andar pelo labirinto, com   interiores, de como as barreiras se fecham quando
             óculos com projeção, vê surgir muros que aparecem e   se coloca os óculos de projeção, de como o labirinto
             desaparecem na superfície. Com entradas e saídas nos   que tinha saída, agora é substituído por esses muros   FOTO PATRICIA ROUSSEAUX
             quatro lados, e desenho alternado de rotas, Exit leva   que fecham o espaço”. O escritor argentino Jorge Luis
             o visitante a uma percepção temporal. No momento   Borges se valeu dessa imagem, cercada de mistérios,


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