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SEMINÁRIO V SEMINÁRIO INTERNACIONAL ARTE!BRASILEIROS ARTE ALÉM DA ARTE
MEMÓRIA E GEOPOLÍTICA NA ARTE
ARTISTA CHILENA VOLUSPA JARPA QUE PARTICIPA DE V SEMINÁRIO INTERNACIONAL SERÁ A REPRESENTANTE
OFICIAL DO PAVILHÃO DO CHILE NA PRÓXIMA BIENAL DE VENEZA COM CURADORIA DE AGUSTÍN PÉREZ RUBIO
POR PATRICIA ROUSSEAUX
NO DIA 6 DE SETEMBRO, ARTE!Brasileiros realizará seu ao presente é uma indagação sobre o passado, e que a
V Seminário Internacional, no Auditório de Ibirapuera, na chave para a compreensão é o exercício de uma espé-
ocasião da abertura da 33a. Bienal de São Paulo. Nesta cie de “arqueologia” a partir das interrogações que o
edição, será debatido o lugar da ARTE além da ARTE, presente projeta no passado. Essa tem sido uma meto-
desde diferentes perspectivas. Vamos abordar questões dologia que inspira especialistas de diferentes áreas
estéticas e éticas do papel da arte no Século XXI. do pensamento.
A artista chilena Voluspa Jarpa participará da mesa Desde os anos 1960, a América Latina foi assolada por
Geopolítica e Arte e apresentará seu trabalho junto a ditaduras cuja violência se diferenciou de outros movi-
sociólogos e curadores. mentos políticos ou golpes de estado de camarilhas.
Uma das vertentes que tem envolvido o trabalho de Na Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e Brasil houve
inúmeros artistas é a recuperação da memória e a milhares de presos políticos, desaparecidos e assas-
pesquisa de arquivos que possam trazer à luz através sinatos. Tratou-se de implantar um sistema caracte-
das suas obras. Documentos nem sempre são acessí- rizado pela orgânica e sistemática destruição do livre
veis e, nos últimos anos, graças à democratização da pensamento, um modelo que parecia ter ruído há muito
informação historiadores e pesquisadores, tornaram tempo. A comunicação sobre os fatos era censurada e
possível perceber como a história, muitas vezes, tem poucos percebiam o que ocorria em volta. Cinquenta
narrativas falhas. anos depois desse sinistro cenário, nos restam depoi-
Documentos e arquivos são temáticas de espaços por mentos e documentos.
todo o mundo. Em Istambul, na Turquia, por exemplo, a A artista chilena Voluspa Jarpa, nascida em 1971 em
instituição cultural Salt Galata foi criada em 2011, com Rancagua, Chile, desenvolve há anos uma pesquisa
o objetivo de pesquisar e arquivar documentos sobre baseada no tratamento e uso de arquivos como fonte
a cultura, história, política e a arquitetura do império estética. Na mostra, En Nuestra Pequeña Región de
otomano e da Turquia. Parte fundamental do trabalho é por Acá, no MALBA – Museu de Arte Latinoamericano
focado no levantamento de documentos e depoimentos de Buenos Aires, realizada em 2016, ela reuniu vários
sobre o extermínio dos armênios em 1915. O material trabalhos criados a partir de documentos do Serviço
serve de base para exposições, debates e programas de Inteligência dos EUA, no período entre 1948 e 1994,
de comunicação. No Líbano, o Atlas Group, fundado em centrados na figura de 47 líderes latino-americanos
1999 pelo artista Walid Raad, busca localizar, preservar, que ocuparam lugares determinantes em seus países e
estudar e produzir material audiovisual, literatura e que foram assassinados ou desapareceram em circuns-
outros artefatos vinculados à história do país. tâncias não esclarecidas. Na opinião de Pérez Rubio,
De certa forma, grupos como esse seguem o que filó- diretor artístico do museu até julho deste ano, “na obra
sofos e historiadores como Foucault e Agamben defen- de Jarpa o ato de investigação e o ato artístico são um
dem: o contemporâneo não existe. Que o acesso real só. A história fala através das peças.”
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