Page 18 - ARTE!Brasileiros #45
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BIENAIS SÃO PAULO







































             Você acha que o fato de você chegar numa exposição sem   arquitetônica diferente. Eu acho que num prédio
             saber nada ou pouco sobre ela, te permite um acesso maior   cansativo, dessas dimensões, é importante criar
             ao trabalho, ou o contrário?                variação na experiência física, deixando lugar para
             São os dois. A Bienal tem esses dois públicos. Tem   sentar, conversar. Vamos abrir um café no segundo
             um publico muito menor, numericamente, que é   andar, na metade do percurso para dar uma descan-
             aquele muito especializado. Na primeira semana   sada. A Bienal está criando um espaço para pensar.
             vem para cá os grandes curadores do mundo, a   E acho que a arquitetura tem que dar conta disso.
             gente conversa de uma forma muito codificada.   É um pouco difícil chegar numa síntese, mas a
             E depois você tem essas outras 900 mil pessoas   sensação é que trata-se de uma bienal um pouco
             que não necessariamente têm alguma informação.   mais delicada, mais rebaixada. Não há menção a
             Para mim esse público é prioridade. Pessoalmente   nenhuma obra espetacular?
             acho que a arte é interessante quando ela foge,   No projeto tem áreas que são super intensas, de
             abre outras possibilidades. A leitura que o pes-  densidade quase insuportável, depois tem des-
             soal vai ter não será necessariamente a minha e   canso. O que não tem é o gesto para espetáculo.
             eu gosto disso. Não acho que a minha visão seja   Não tem ninguém no vão, por exemplo. Isso por-
             tão brilhante que todo mundo tenha que sentir   que como não teria como garantir a autonomia
             exatamente o que eu sinto. O desafio do nosso   dos projetos com uma coisa que atravessa três
             tempo é a diversidade. A gente ainda tem muita   andares – num gesto meio fálico. Todo mundo
             dificuldade de entender isso, a diversidade na   teria que trabalhar com isso.
             subjetividade.                              Com relação a essa leitura global da Bienal, eu
                                                         não consigo imaginar. Estou muito contaminado
             Como dar conta dessa diversidade? No setor educativo?  pelo que eu sei, mas me interessa muito esse tipo
             Também. E na curadoria. E na arquitetura. Eu acho   de conclusão do público. Estou muito curioso em
             que eles têm que caminhar juntos. O projeto arqui-  relação ao olhar dos outros.
             tetônico do Álvaro Razuk tenta não enlouquecer
             a pessoa. Ele foi escolhido porque não se coloca   Você escolheu 12 artistas. É um conjunto com uma grande
             como autor. Cada núcleo tem uma linguagem   diversidade. Imagino que isso tenha sido proposital?


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