Page 76 - ARTE!Brasileiros #42
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LIVROS






           A M      E  T A   M   O  R  F  O   S  E N     A
           A METAMORFOSE NA

           O  B   R  A D     O A     R   T  I ST   A
           OBRA DO ARTISTA




           O TEMA, QUE SAI DA OBRA DE CILDO MEIRELES,
           REVELA-SE UMA BOA CHAVE DA SUA TRAJETÓRIA


           POR TIAGO MESQUITA






           O LIVRO CILDO – ESTUDOS, ESPAÇOS, TEMPO,
           lançado pela Ubu Editora, retrata a trajetória de
           Cildo Meireles a partir de seus procedimentos. Os
           organizadores Diego Matos e Guilherme Wisnik reu-
           niram cerca de quarenta trabalhos, realizados ao
           longo de cinquenta anos de carreira. As obras são
           apresentadas por meio de fotografias de exposição,

           notas do artista, desenhos e projetos. Conhecemos
           como os trabalhos vieram a público, mas também
           os passos de elaboração de Cildo Meireles e parte
           de sua repercussão crítica.
           Os vestígios nos ajudam a reconstruir os passos da
           obra. Acompanhamos as metamorfoses de alguns
           trabalhos importantes ao longo do tempo e enten-
           der a forma que eles assumem em diferentes fases:
           idealização, desenho, implementação e uso. A docu-
           mentação veio do arquivo do próprio artista e é
           arrumada em ordem cronológica.
           A relação dos trabalhos no livro nos faz pensar uma
           relação entre as ideias do que veio antes e o que veio
           depois. O livro é completado por uma excelente for-
           tuna crítica que explora a interlocução da obra com
           a história da arte brasileira e estrangeira, a relação
           com diversas formas teóricas e os sentidos que a
           obra ganhou quando escapou da mão do seu autor.
           O livro estuda as variações de algumas ideias e o sen-
           tido que elas ganham em diferentes formas de imple-
           mentação inclusive. Por isso, os trabalhos mostrados
           não possuem nem uma técnica definida, tampouco

           pedem do espectador uma forma de atenção con-
           vencional. Talvez por isso trabalhos mais objetuais,
           como Ouro e paus, Estojos de geometria, Árvore de


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