Page 42 - ARTE!Brasileiros #41
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO





               É SEMPRE DIFÍCIL FALAR


               SOBRE SEXUALIDADE





               MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO ABRE EM NOVEMBRO DE 2017, PLENO SÉC. XXI,
               EXPOSIÇÃO CUJO TEMA CONTINUA SENDO DE DIFÍCIL TRATAMENTO CURATORIAL E POLÊMICO
               PARA PÚBLICO, JURISTAS, CURADORES E ADMINISTRADORES INSTITUCIONAIS


               POR MARIA HIRSZMAN






























               EM CARTAZ NO MASP, a exposição “Histórias   por conduzir de maneira um tanto forçosa a
               da Sexualidade” busca investigar por meio de   apresentação e a leitura dos trabalhos. O que foi
               quase 300 obras um dos temas mais candentes   pensado como uma mostra libertária acaba, em
               da humanidade. Como sintetiza Lilia Schwartz,   função da sua própria estrutura – a segmentação
               uma das curadoras responsáveis, a mostra pro-  em nove conjuntos “temáticos” sem grande coe-
               cura entender como “sexo, gênero e desejo” são   rência interna, a não ser o fato de terem íntima
               aspectos “fundamentais em nossas representa-  relação com o tema da sexualidade ou expres-
               ções sociais, formulações ideológicas, percep-  sarem questões muito candentes da atualidade –,
               ções cotidianas e experiências visuais”. Após dois   adquirindo um caráter engessado. Em outras
               anos de investigações e discussões, a mostra traz   palavras, se em alguns momentos esse recorte
               um conjunto significativo de obras, que ganham   excessivo ajuda a organizar as ideias e dá ao
               destaque a partir de uma constante estratégia   visitante uma série de palavras-chave por meio
               de confronto que, ora explorando sintonias, ora   das quais ele pode “ler” a maioria dos trabalhos,
               reforçando diferenças, sublinham diferentes for-  por outro o mesmo esforço ordenador acaba por
               mas de expressão em torno do sexo.        conduzir demasiadamente a fruição, subjugando
               Por outro lado, a exposição parece pecar pelo   a poética a categorias de interpretação externas
               excesso de critérios internos, que acabam   à obra de arte.







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