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DA ESQUERDA PARA A DIREITA, JUNTO AO GUERNICA DE PABLO PICASSO, EXPOSTA NA SEGUNDA EDIÇÃO
                                                 DA BIENAL DE SÃO PAULO DE 1953; MÁRIO PEDROSA EM SEU APARTAMENTO NO RIO, EM  1959;  O CRÍTICO
                                                 AO LADO DO ARTISTA ALEXANDER CALDER



                     ou cineastas. “Achamos importante apresentar todos   influência no meio, algo que perdura até os dias atuais.
                     os núcleos trabalhados na mostra de modo horizontal,   Como escreveu o crítico Guilherme Wisnik, isso se deu
                     sem dar maior importância para um ou outro”, explica   basicamente “porque Pedrosa soube interpretar como
                     Barreiro. Isso porque, segundo Sommer, “reside em   ninguém o caráter revolucionário daquela arquitetura,
                     Pedrosa um gesto de generosidade pluralista em direção   nascida, no entanto, em um ambiente social e político
                     à pensamentos de abertura avessos a categorizações”.   contraditório”. O ambiente conservador a que se refere,
                     Nesta linha de pluralidade, a exposição apresenta uma   intensificado com a instauração do Estado Novo em
                     sala dedicada às gravuras de Oswaldo Goeldi e Lívio   1937, teve na arquitetura moderna uma espécie de
                     Abramo. Para Pedrosa, em obras que retratavam zonas   contraponto, antítese. Pedrosa fala, segundo Wisnik, de
                     marginais das cidades, com poucas cores e personagens,   uma arquitetura nascida com o propósito de “colocar a
                     os artistas criaram uma linguagem original, de forte   serviço do homem os benefícios da produção em massa”.
                     cunho social e distante da ideia de um Brasil tropical e   Na mostra, este núcleo de pensamento de Pedrosa está
                     exuberante. Uma outra sessão da mostra destaca pinto-  tratado em uma sala dedicada ao projeto e construção
                     res que o crítico considerou vanguardistas e descolados   de Brasília, com fotos e vídeos de nomes como Thomas
                     de escolas ou movimentos específicos, com interesses e   Farkas, Marcel Gautherot, Peter Scheier, Joaquim Pedro
                     impulsos bastante pessoais: José Pancetti com suas pai-  de Andrade e Vladimir Carvalho. O crítico foi um grande
                     sagens litorâneas; Ismael Nery e suas experimentações   entusiasta da criação da nova capital e da utopia repre-
                     surrealistas e sensuais; Alfredo Volpi e as bandeirinhas   sentada pelo projeto de Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
                     e casarios geométricos; e Djanira com seus retratos da   Foi neste contexto que o autor escreveu que o Brasil
                     diversidade cultural brasileira.                  estava “condenado ao moderno”, e Brasília certamente
                                                                       se encaixava nesta construção de futuro.
                     ARQUITETURA E O PÓS-MODERNO                       Mesmo que com reservas ao projeto político, ele via
                     Não menos importante é falar da contribuição de   na nova capital a “possibilidade que ela servisse como
                     Pedrosa para a crítica de arquitetura no Brasil. Mesmo   indutora de um processo civilizatório novo, orgânico”,
                     com uma produção pequena, publicada em jornais,   escreve Wisnik. Pedrosa chegou mesmo a organizar
                     periódicos ou catálogos em um período relativamente   um grande evento para discutir Brasília, o Congresso
                     curto – destacadamente os anos 1950, tempo da con-  Internacional Extraordinário de Críticos de Arte de 1959,
                     cepção e construção de Brasília –, o autor teve grande   sob o título “A cidade nova: síntese das artes”.


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