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INTERNACIONAL MADRI
experimental e livre, estruturada a partir da fluidez dos período, explicitando também seu profundo interesse
vasos comunicantes entre arte e política, conectadas não só pela produção brasileira, mas pelo que havia
para um porvir plural”, afirma. de vanguardista em outros cantos do mundo. Em Klee,
o crítico percebia uma obra de reconciliação entre o
ARTE VIRGEM E BIENAIS espírito centro-europeu e o oriental. Sobre o italiano
Da sensibilidade e olhar livre do crítico decorreram tam- Morandi (1890-1964), por sua vez, considerou que foi
bém seu interesse na arte produzida pelos chamados o artista mais político de sua geração, pela recusa em
“doentes mentais”, a partir do momento em que entrou em participar da arte fascista e de se tornar uma arma da
contato com a doutora Nise da Silveira e com os pacien- propaganda. “Nenhum de seus contemporâneos rom-
tes do hospital psiquiátrico de Engenho de Dentro (RJ). peu com maior bravura do que ele com toda a tradição
Pedrosa ficou fascinado com aquilo que denominou a “arte pictórica de seu país”, escreveu.
virgem” produzida por nomes como Raphael Domingues
e Emygdio De Barros (presentes na mostra de Madri) e PLURALIDADE DE LINGUAGENS
ajudou a organizar exposições com seus trabalhos em Os espaços seguintes da mostra no Museu Reina Sofía
importante museus como o MAM-RJ. “Ele defendeu, frente aprofundam outros temas caros ao pensamento de
à críticas opostas, o trabalho dos internos como parte Pedrosa ao longo das décadas. O ilustrador e cartunista
integrante da produção artística nacional”, conta Sommer. Millôr Fernandes ganha destaque com uma sala própria,
Ainda nos anos 1950, o crítico teve importante papel na revelando um interesse de Pedrosa em produções por
organização e curadoria das Bienais de São Paulo, espe- vezes consideradas de segunda linha no mundo da arte.
cialmente na segunda e terceira edições (1953 e 1955). Além de ter com Millôr uma afinidade profissional, já
Foi um dos responsáveis por trazer ao Brasil trabalhos que ambos passaram a vida frequentando redações de
de Paul Klee, Piet Mondrian, Alexander Calder, Edvard jornais e revistas, o crítico admirava no desenhista o FOTOS DIVULGAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO | LUCIANO MARTINS | DIVULGAÇÃO
Munch, Marcel Duchamp, Ben Nicholson, Giorgio Morandi humor inteligente e a crítica ao poder político no Brasil.
e, o mais destacado de todos, Pablo Picasso com seu O olhar de Pedrosa para a obra de Millôr revela também
Guernica (obra que está no Reina Sofía, a algumas salas a pluralidade e diversidade no pensamento do escritor,
de distância da mostra sobre Pedrosa). característica ressaltada na mostra de Madri, que trata de
Na exposição de Madri, obras de Calder, Klee, Nichol- modo igualitário artistas mais ou menos conhecidos, dese-
son e Morandi destacam o trabalho de Pedrosa neste nhistas ou pintores, fotógrafos ou gravuristas, escultores
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