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REGISTRO , FEITO EM 1969,
DE MARIO PEDROSA NA
CASA DO ARTISTA ITALIANO
ALBERTO MAGNELLI. ABAIXO,
OBRA QUE INTEGRA A SÉRIE
BICHOS DE LYGIA CLARK
Brasil, no movimento neoconcretista no fim dos anos capitalista ou autocrática”, diz Barreiro. Com sua visão
1950. Na exposição, obras de Amilcar de Castro, Cicero múltipla, o autor acaba por se descolar da linha predomi-
Dias, Waldemar Cordeiro, Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio nante entre os críticos de esquerda, que vinculava mais
Oiticica, entre outros, dão a dimensão da importância fortemente a produção artística à estrutura econômica.
que estes artistas tiveram para Pedrosa. É também no pós-guerra, segundo o curador, “que ele
É deste período também, mais especificamente de 1949, começa a ter uma visão mais clara de que a arte não
a tese de doutorado do crítico – que dá nome à mostra pode ser panfletária, que ela tem que falar sua própria
– Da Natureza Afetiva da Forma, na qual relaciona a língua”. Isso não significou, no entanto, um afastamento
abstração geométrica com questões de percepção e psi- de sua militância socialista (de linha trotskista) nem de
cologia visual. “Acho que essa introdução do subjetivo, sua crença no papel político e social da arte.
do afetivo e do emotivo para pensar uma linguagem que “Pedrosa dedicou seus esforços na formulação de ideias
FOTO ALÉCIO DE ANDRADE abre a porta para o neoconcretismo”, diz Pérez-Barreiro. dução intelectual”, explica Sommer. “Está em Pedrosa
pode ser completamente racional na aparência é o que
sobre a função social da arte ao longo de toda a sua pro-
Pedrosa defendia ser a arte uma necessidade vital, “algo
uma aspiração social libertária que busca uma revolução
que sempre vai existir seja numa sociedade comunista,
da sensibilidade para a revolução dos homens, de forma
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