Exposição "Fronteiras inóspitas", de No Martins

sab09nov(nov 9)10:00sab14dez(dez 14)19:00Exposição "Fronteiras inóspitas", de No MartinsA exposição apresenta um conjunto inédito de pinturas, esculturas e instalações que demonstram a expansão material e conceitual na prática do artista, enquanto aprofunda os temas debatidos ao longo de sua carreira.Galeria Millan, Rua Fradique Coutinho 1360/1430 São Paulo Sp

Detalhes

Com texto crítico da curadora e pesquisadora Luciara Ribeiro, a exposição apresenta um conjunto inédito de pinturas, esculturas e instalações que demonstram a expansão material e conceitual na prática do artista, enquanto aprofunda os temas debatidos ao longo de sua carreira.

A primeira individual de No Martins no Brasil em cinco anos, Fronteiras inóspitas investiga as relações entre sujeito e as estruturas sociais dominantes, permeadas por debates existenciais clássicos. Exemplo dessas reflexões é o conjunto de pinturas produzido para a exposição, nas quais o artista empresta sua imagem na forma de autorretratos. Pensando em dimensões que não se limitam a si, Martins se coloca em ambientes marcados por símbolos relacionados à brevidade e aos impasses da vida, assim como signos que dizem respeito à sociedade brasileira. Uma dessas pinturas revela uma cena de aniversário com balões, faixas e uma mesa com garrafas de refrigerantes. O personagem sopra as velas de um bolo, ao lado do qual repousa um crânio. O símbolo é um clássico memento mori — imagens que na história da arte servem como lembrete de que a existência é passageira.

Outra obra mostra o personagem alimentando um urubu e vestindo uma camiseta com referência à bandeira de Hélio Oiticica — a imagem do corpo de Cara de Cavalo estirado e uma alteração na célebre frase: “Seja marginal, não seja herói”. Mais do que uma citação, Martins faz uma provocação ao sistema da arte e questiona os valores sociais que distinguem alguns entre prestígio e marginalidade.

A investigação existencial marcada pela crítica política é presente, também, na grande instalação que recebe o público na galeria. Seca é composta por um barco que repousa sobre uma superfície espelhada. Ao se aproximar, o espectador nota que na embarcação há, ainda, um outro espelho. “Uma ilusão, uma miragem, uma impossibilidade na possibilidade”, escreve a curadora Luciara Ribeiro no texto da exposição. “A imagem capturada pelo espelho torna o corpo presente dentro do barco, toda uma dimensão do confronto entre a realidade e suas projeções, o tempo e o espaço. O tempo é outro, com dilatações e acelerações, sendo sentido e projetado, computado ou arriscado”, completa.

A violência presente no cotidiano brasileiro, sobretudo a perpetrada pelo Estado, é abordada frontalmente em outros trabalhos em exibição. Coletes à prova de balas são moldes para esculturas, além de serem, eles mesmos, material para obras. Em Dress Code 2, eles são posicionados e ordenados sobre a parede aludindo a composições formalistas da arte concreta brasileira. A obra coloca discussões sobre a monetização da violência, apontando o controle, a segurança e a vigilância dos corpos. “Vigilância e controle como estratégia de gestão de violências públicas, políticas, sociais, educacionais, policiais”, aponta a curadora.

Serviço
Exposição | Fronteiras inóspitas
De 09 de novembro a 14 de dezembro
Segunda sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h

Período

9 de novembro de 2024 10:00 - 14 de dezembro de 2024 19:00(GMT-03:00)

Local

Galeria Millan

Rua Fradique Coutinho 1360/1430 São Paulo Sp

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