Depois de 20 anos sem trabalhar no cinema brasileiro, a atriz volta ao cartaz com uma atuação sublime em "Aquarius", segundo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho. Do “topo da montanha” de sua trajetória vitoriosa, Sonia diz enxergar com clareza a própria vida e os expedientes que levaram o Brasil ao que considera uma afronta à democracia
Sonia Braga nas ruas do Chelsea, em Nova York, em ensaio exclusivo para CULTURA!Brasileiros. Foto: Alcir N. da Silva
Sonia Braga vive momento feliz. Aos 66 anos, duas décadas depois de participar das filmagens de Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, a atriz voltou a atuar no País em 2015. Protagonista de Aquarius, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, que estreou nos cinemas de todo País na última quinta-feira (1), ela diz que, ao constatar a dimensão heroica e altiva da personagem Clara, foi arrebatada pelo roteiro original do diretor pernambucano. Viúva, jornalista aposentada e escritora, Clara reside no edifício que dá nome ao filme, um charmoso prédio de três andares construído na década de 1940 na orla da praia de Boa Viagem, um dos metros quadrados mais caros do Recife.
Culta e serena, Clara vive sozinha no apartamento, onde desfruta de sua enorme paixão pela música. Da porta da sua sala para fora, no entanto, o Edifício Aquarius é um campo de batalha. Aguerrida, ela permanece isolada no prédio, depois de todos os vizinhos terem vendido seus imóveis para a construtora Bonfim, que pretende erguer ali um arranha-céu e faturar milhões. A luta contra a especulação imobiliária é, para Clara, um embate de preservação do espaço físico e de sua própria memória afetiva.
De Nova York, em longa entrevista à CULTURA!Brasileiros iniciada por Skype e, depois, por telefone, Sonia revela que recentemente enfrentou um imbróglio jurídico, semelhante ao de Clara, com a Rede Globo. O processo foi motivado pela reprise do folhetim Dancin’ Days. Depois de um ano lutando para ser remunerada pelos direitos sobre o uso diário de sua imagem como Julia, protagonista na novela de 1978, a atriz foi derrotada na Justiça. Ironicamente, ela presidiu a comissão de profissionais do meio que, em 1979, lutou para que fosse aprovada uma lei de proteção aos direitos de artistas do audiovisual.
Embora feliz, Sonia vive também momento de apreensão. Amplificando o protesto feito no Festival de Cannes com a equipe de Aquarius, ela também demonstra indignação com o governo interino de Michel Temer (tornado efetivo dias depois, com o impeachment de Dilma Rousseff), para Sonia, “um golpe administrativo” que afronta a Constituição de 1988.
Na conversa a seguir, um recorte de quase três horas de prazeroso e bem-humorado bate-papo, a atriz também fala dos motivos que, desde o sucesso mundial de O Beijo da Mulher Aranha (1985), de Hector Babenco, fizeram com que ela trabalhasse cada vez menos no Brasil. Sonia também se diverte ao descobrir duas coincidências entre ela e dois colaboradores desta redação. Em 1983, quando filmava a versão cinematográfica de Bruno Barreto para Gabriela, Cravo e Canela, em Paraty (RJ, ela foi fotografada, em diversas situações, por Hélio Campos Mello, diretor de redação de Brasileiros (“diga a ele que quero cópias dessas fotos, caso contrário não autorizo publicar a entrevista”, brinca). Em 2011, este repórter esteve em Niterói e passou quatro dias na casa da atriz. O motivo? Nas páginas a seguir…
CULTURA!Brasileiros –Por que Aquarius convenceu você a voltar a filmar no Brasil, 20 anos depois de ter feito Tieta do Agreste?
Sonia Braga – Quando li o roteiro de Aquarius, havia nele tamanha força que não restaram questões em relação à personagem e ao filme. O convite de Kleber era irrecusável. Tive uma reação que jamais tive com qualquer outro roteiro que li. Compreendi as palavras de Clara e as situações que ela enfrentava, como se aquela mulher fosse eu.
Que características levaram à constatação de que você e Clara são parecidas?
Tive de criar uma imagem para poder explicar essa semelhança. Primeiro, porque ela e eu tivemos trajetórias muito diferentes, mas a idade que temos, emocionalmente e como cidadãs, nos levou a um mesmo lugar. Foi então que cheguei à seguinte imagem: somos mulheres que escalaram dois pontos diferentes de uma mesma montanha, mas que chegaram à mesma conclusão. Estamos no topo da montanha, temos agora uma visão mais ampla de nossas vidas e enxergamos muito mais longe. Essa imagem dá a dimensão do significado de Clara para mim. Deixei de fazer filmes no Brasil, mesmo amando meu País, porque não estava feliz com minha vida profissional por aí. Há uma questão muito grave, e mesmo distante sei disso, que é a situação dos nossos artistas.
Neste momento, a comunicação via Skype fica insustentável. Depois de muitas falhas nas transmissões de vídeo e áudio, Sonia decide telefonar para a redação de Brasileiros.
Alô, Sonia, está me ouvindo?
Agora sim. Sorte nossa que não somos astronautas…
Sim. Estaríamos orbitando dispersos um do outro… Você se lembra do que estávamos falando?
Claro que lembro. A pessoa que mente é que tem problemas de lembrar do que diz. Quem fala a verdade nunca se encrenca com a memória.
Você falava dos motivos que justificam o hiato de 20 anos sem trabalhar em cinema no País…
A verdade é que nunca quis me afastar do Brasil, mas não é fácil passar por duas gerações de cineastas que, simplesmente, ignoram quem eu sou. Enquanto isso, os convites para trabalhar fora só aumentavam, ao mesmo tempo que a televisão brasileira começou a ser um meio cada vez mais difícil para mim, algo irônico, porque ela foi muito importante para minha carreira.
Telenovelas demandam meses de gravação. Isso influenciou sua decisão de parar de fazê-las aqui?
Nunca tive problema com relação a isso. Passei a ter problemas com a TV brasileira a partir do momento em que percebi que, apesar de nós, artistas, termos uma lei que, bem ou mal, nos protege, há no País uma grande dificuldade de as pessoas entenderem que ser ator é também uma profissão. Dias atrás, escrevi em minha página pessoal do Facebook o absurdo que é alguém como Joana Fomm ter de se expor na internet para desabafar que está procurando emprego. As pessoas deviam sentir constrangimento de saber que uma atriz como ela tem de passar por isso – felizmente, ela já recebeu convites. Então, a ideia de trabalhar no Brasil ficou bem complicada, porque sempre respeitei o ofício de ator, uma profissão que, como todas as outras, tem de ser tratada com dignidade. Mas veja, por exemplo, o que aconteceu quando a Rede Globo decidiu reprisar Dancin’ Days: mesmo com picos de audiência e retorno publicitário, ninguém veio tratar do direito de uso da minha imagem – e fui protagonista da novela! Foi então que decidi mover uma ação contra a Globo e o Canal Viva, e saí em busca da palavra de um juiz para saber se é isso mesmo, se não tenho direitos conquistados. Quando acessei o Supremo Tribunal Federal o que ouvi foi: “Sonia, seus direitos são válidos. Existe uma lei que os assegura”. Mas quando fui ao Ministério do Trabalho, ouvi, pasma, algo como: “Sim, a lei existe, mas, infelizmente, não é executada”. Isso me deixa muito constrangida. Comecei a pensar na minha própria vida e, muito abalada, percebi novamente que meu problema com o Brasil é profissional e não pessoal. Só eu sei o quanto amo meu País.
Esse processo judicial durou quanto tempo?
Pouco mais de um ano…
Ou seja, um embate exaustivo, parecido com a batalha enfrentada por Clara em Aquarius…
Exatamente. Veio daí minha clareza sobre a dimensão da personagem e essa imagem: eu e ela estamos no topo da montanha. Dediquei anos e anos de minha vida ao Brasil. Por ser uma artista que representa o País, fui recebida na Casa Branca. Em 2011, quando o presidente Bill Clinton estava prestes a ir ao Brasil, ele fez questão de conversar comigo. Minha função naquele jantar era, como atriz, representar o Brasil. O fato de o próprio País não me reconhecer dessa forma é uma coisa bem estranha. Veja só o que aconteceu. Tudo parecia esgotado, mas o roteiro de Aquarius caiu nas minhas mãos e foi emocionante descobrir cada cena do filme e ler cada palavra de Clara. Para mim, Aquarius é como uma plataforma de resistência. Tanto que, graças a ele, fizemos o que fizemos nas escadarias do Festival de Cannes.
Aliás, parte da imprensa daqui disse que você foi cooptada a participar do protesto…
Para quem me conhece, essa argumentação não faz o menor sentido. Na minha vida, sempre fiz e faço somente as coisas que quero. Desde namorar alguém que eu sei que vai estragar alguns dos meus dias, até participar de atos políticos. Ninguém nunca me convenceu a fazer nada. Quem me conhece nem tenta.
Quando o protesto começou, você subia a escadaria. E essa imagem foi usada para afirmar que você foi convencida a participar do ato…
É bom falarmos sobre isso, porque vou explicar direitinho o que aconteceu. Enquanto eles imprimiam os cartazes no escritório, eu estava me maquiando, me preparando para a cerimônia. Eles vieram perguntar se eu iria participar do protesto. Disse que sim, mas que eu não precisava de um cartaz, porque iria sem bolsa e não teria onde levar. Um pouco antes de a gente pisar na escadaria, perguntei para o Kleber quando tudo ia começar. Ele disse que era preciso esperar o melhor momento. Não vi quando eles abriram os cartazes, porque estava de costas, posando para os fotógrafos, e aquele homem, da organização do festival, ao ver que eu estava de salto alto, decidiu me ajudar a subir a escadaria. Percebi que o protesto havia começado e pedi que ele, imediatamente, me levasse de volta.
E veja a narrativa que foi feita disso…
Um absurdo! Sabe o que penso sobre as pessoas que acreditam em manipulações como essa? Número um, elas não me conhecem; número dois, tenho pena delas; número três, elas têm de entender que, não só no Brasil, mas no mundo todo, vivemos um momento histórico perigoso. Minha posição sobre o que está acontecendo é afirmar que, mesmo não sendo um golpe como o de 1964, estamos diante de um golpe de estado administrativo. Não podemos aceitar um precedente desse. Quem não enxerga isso, que tente enxergar. Do topo da minha montanha, enxergo muito bem.
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Sonia, em cena de “Atenção Perigo”, de José Rubens, de 1968. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Foto: Arquivo pessoal
Na novela “A Moreninha”, com David Cardoso. Foto: Arquivo pessoal
Com Claudio Marzo, em cena do filme “Capitão Bandeira Contra Doutor Moura Brasil”, de Antonio Calmon. Foto: Arquivo pessoal
Em cena da novela “Dancin' Days”. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco, filme que projetou a atriz no cenário internacional. Foto: Arquivo pessoal
Sonia, como Clara, em cena de “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Foto: CinemaScope / Divulgação
Clara, pesquisando processos jurídicos que podem comprometer seus oponentes, em cena de “Aquarius”. Foto: Victor Jucá
Sonia, ao lado de Irandhir Santos, que interpreta o salva-vidas Roberval, amigo de Clara em “Aquarius”. Foto: CinemaScope / Divulgação
Sua vivência no País, nos anos 1970 e 80, influenciou a forma como você interpreta essa situação?
Não tenho dúvida. Tudo que sofremos para chegar onde chegamos faz com que eu entenda perfeitamente o que acontece agora. Tenho 66 anos, não sou ativista, não sou militante, mas sei da importância das minhas convicções e dos meus atos. Em Niterói, fui dia após dia à Secretaria do Meio Ambiente até conseguir a retirada de um lixão instalado em lugar indevido. Nunca estive nos holofotes da militância, não acordo militante, mas cidadã. Ninguém se lembra que presidi a comissão que foi ao Supremo Tribunal Federal lutar pela lei que defende os direitos de atores e atrizes. Recentemente, com muito esforço, consegui, por meio do arquivo digital de uma edição da Veja, de 1979, encontrar uma foto de minha luta contra Jece Valadão, que se opunha à criação da lei, por que era produtor e, claro, defendia o seu lado. Lamento não ter encontrado fotos da visita que eu, Betty Faria, Nelson Pereira dos Santos e Reginaldo Farias fizemos ao presidente Figueiredo. Fomos deixar bem claro para ele a importância de aquele artigo ser sancionado. Coisas como essa ninguém sabe, entende? E não estou aqui dizendo: “Ah, eu fiz isso, eu fiz aquilo”.
Você sempre agiu assim?
Desde sempre. Sei dos meus direitos e sempre irei defendê-los. Algo que me assusta e que faz parte da história do Brasil é que não temos um sistema judiciário que funcione. Sem ele o País não caminha. Quem coordena e faz a Justiça no Brasil não assegura ao cidadão que as leis sejam cumpridas. Esse é um quadro complicado de explicar, mas que me parece óbvio: em qualquer país que tem um poder judiciário que não garante os direitos de seus cidadãos, como acontece no Brasil, é previsível que tudo saia do controle.
Voltando ao protesto do Festival de Cannes, como foi a reação das pessoas com a sua participação?
Um horror! Voltei de Cannes e passei cinco dias consecutivos sentada diante do computador por dez, 11 horas, até conseguir limpar todos os ataques que recebi na minha página do Facebook. Claro, demorei tanto porque fiz questão de ir, de página em página, saber quem eram essas pessoas.
E quem eram elas, Sonia?
Gente infeliz, que me faz perceber o quanto o País vive um retrocesso horrível. Não lembro agora quem disse isso, mas, nesta semana, acompanhei quase todos os discursos das convenções do Partido Democrata, e lembro que, ao dizer que esse retrocesso é um fenômeno mundial, alguém questionou: “Até quando eles querem ir? Até derrubar os direitos civis? Até antes de as mulheres poderem votar?”. O mesmo vale para o Brasil. Até onde vamos retroceder? Até a volta da escravidão?! Vamos mesmo considerar normal um golpe que ofende e fere a Constituição brasileira?
Vivendo fora do País há mais de 20 anos, a evolução desse processo era perceptível para você?
Sempre procurei me informar sobre o que ocorre no Brasil. Quero deixar claro que a Rede Globo não é a única responsável por tudo que está acontecendo, mas, em um País com mais de 200 milhões de habitantes, o fato de uma emissora de TV ter mais de 70% de audiência é muito perigoso. Isso jamais deveria acontecer em uma nação onde as condições de trabalho são tão injustas que não permitem sequer que as pessoas criem diálogo com seus companheiros para que possam defender seus interesses.
O que acha da nova gestão do Ministério da Cultura?
Simplesmente que ela não tem credibilidade. Aliás, você viu o que eu falei para o ministro interino? Dias depois de ele assumir o MinC – com a pasta ressuscitada, graças à pressão dos artistas –, a imprensa perguntou o que ele achava sobre o protesto que fizemos. Ele teve o disparate de chamar o ato de “criancice”. Veja o nível do debate. Soube disso quando estava na rua. Voltei imediatamente para minha casa e escrevi um texto aberto, em meu Facebook, que começava assim: “Ministro Marcelo, você tem 33 anos de idade. Só de profissão e contribuição para a cultura do País, tenho mais de 50 anos. Desculpe dizer isso, mas é que acho que você não deve saber quem eu sou”. Se ele estivesse verdadeiramente preparado para ser um ministro da Cultura, teria defendido e não atacado todos nós de forma tão cínica.
Você diria o mesmo para quem pediu boicote ao filme?
O que disse ao ministro vale para eles da mesma forma. Não consigo entender de onde surgem pessoas tão desinformadas e raivosas. Não compreendo de onde vem tanto ódio. Como é que alguém que age assim pode dizer que é brasileiro? A bandeira do Brasil virou um símbolo para essa gente, mas não entendo como eles podem dizer que amam nosso País ao mesmo tempo que pedem o boicote de um filme que representou o Brasil, com grande sucesso, no Festival de Cannes, um dos mais respeitados do mundo. Que atitude esquizofrênica é essa?!
Kleber contou que Aquarius já foi vendido para mais de 60 países. Você acha que, no Brasil, existe um ambiente de alienação que transforma em algo coerente o pedido de boicote a um filme de tamanho interesse mundial?
Acho que sim. Essas pessoas não fazem a menor ideia de quantas críticas incríveis foram publicadas sobre o filme ao redor do mundo. Isso é o Brasil sendo visto aqui fora com grandiosidade. Isso é o mundo descobrindo que o Brasil também faz cinema lindo, que nossos filmes emocionam o mundo. Isso é saber que o Brasil tem um diretor tão talentoso, que, sobre ele, a imprensa mundial afirma: “Aguardamos com grande expectativa Aquarius, o novo filme de Kleber Mendonça Filho”. Uma pessoa como ele não ser reconhecida em seu próprio País, por total ignorância das pessoas, é um absurdo. Quando Kleber e a equipe voltaram do Festival de Cannes – sobretudo depois de ele também ter feito uma carreira brilhante com O Som ao Redor –, eles tinham de ser recebidos pela imprensa local, no desembarque do aeroporto, como se fossem um time de futebol que é recebido com festa. Defendo Kleber incondicionalmente. Amo o que ele faz, da mesma forma que amo meu País.
Com o sucesso internacional de Aquarius, não acha um desperdício você ter deixado de fazer filmes por aqui? O cinema brasileiro não perdeu com isso?
Concordo, e espero que isso mude, porque sou uma mulher de cinema, uma atriz que pertence ao audiovisual, minha essência é essa. Quando fazia telenovelas, gostava de pensar que a TV era a melhor maneira de levar meu trabalho às pessoas que não podiam pagar para ir ao cinema. Ficava muito feliz por saber que milhões de famílias estavam reunidas vendo Gabriela ou Dancin’ Days. E foi essa consciência que me deu a alegria de ser quem eu sou. Não sei se você sabe, mas deixei a escola quando tinha 14 anos de idade. Não tenho formação acadêmica alguma, nem mesmo de atuação, da mesma forma que nunca participei de grupos politicamente organizados. É por isso que insisto: as ideias que tenho são verdadeiras, elas vêm de mim. Em 1988, fiz um filme com Robert Redford (Rebelião em Milagro, dirigido pelo ator) e viemos, de Hollywood, lançar o longa no Brasil. Os jornalistas telefonavam para a casa da minha irmã e perguntavam: “Maria, onde podemos encontrar a Sonia? Em que festas ela e Robert estão indo?!”. Maria dizia: “Gente, a Sonia está na minha casa. Agora mesmo está dormindo no quarto de minha filha, Daniela”. Os jornalistas respondiam: “Ah, Maria, deixe de brincadeira e diga logo a verdade…”. Ela dizia: “Acreditem ou não, é essa a verdade”.
Sonia, você falou de Maria, e devo dizer que, em 2011, fiz, para Brasileiros, uma reportagem com Jards Macalé, que durou cinco dias, porque acompanhei as filmagens que seriam exibidas em um show dele no Teatro Oficina, em São Paulo. Como Maria é produtora do Jards, a conheci nessa ocasião. A convite dela, fiquei quatro dias na sua casa em Niterói…
Mas que bela coincidência! Não te falei que quem mente não consegue lembrar como quem fala a verdade? Pois essa sou eu, essa é minha família. Maria e Carlinhos (cunhado de Sonia) são gente como eu. Como você pôde ver, minha casa é grudada na deles. Adoro ir a Niterói (a atriz nasceu em Maringá, no Paraná). Quando estou lá, tem dias que acordo, pego uma caneca de café, saio na rua, encontro as pessoas e fico de bate-papo: “Oi, Fátima, tudo bem?! Como está sua mãe?”. Fátima é manicure, nossa vizinha. Gosto de gente assim.
Enquanto isso, a imprensa estava atrás de você e de Robert Redford no Copacabana Palace?
Exatamente. No Copa e na porta de outros hotéis. Veja só o que aconteceu: Carlinhos é paisagista. Ele me levou para conhecer uma palmeira que só dá flores de 60 em 60 anos. Depois, fomos a um parque lindo, em frente ao aeroporto Santos Dumont, criado pelo Burle Marx. O lugar estava uma coisa horrível, caindo aos pedaços…
E vocês decidiram cuidar do parque?
Sempre digo que meu departamento é o sanitário (risos). E vendo o estado deplorável do parque, perguntei: “Carlinhos, você sabe se o ato de varrer uma rua ou uma praça pode fazer com que alguém seja preso”?. Ele respondeu: “Acho que não. Isso não faz o menor sentido, Sonia”. Então propus: “Vamos limpar esse parque?!”. Ele topou na hora, marcamos tudo para o dia seguinte. Saímos para comprar vassouras, luvas, chamamos amigos para ajudar e convidamos um grupo de músicos para tocar chorinho enquanto a gente trabalhava. Tive também a ideia de dizer: “Maria, a imprensa não quer saber onde estou? Avise a eles que a gente estará lá amanhã, varrendo o parque”. Ela achou a ideia boa, telefonou para algumas redações, mas as pessoas derrubavam a ligação, não acreditavam na história.
Ninguém teve a capacidade de checar se era mesmo trote?
Ninguém deu a menor bola para ela. Foi preciso que eu telefonasse para eles e dissesse algo como: “Alô, aqui é Sonia Braga. Por favor, acredite e não desligue o telefone. Amanhã, domingo, eu e amigos estaremos no parque em frente ao Santos Dumont varrendo o local”. Eles, enfim, acreditaram e foi aí que nasceu o movimento Loucos Varridos. Uma ideia tão bem aceita que o prefeito espalhou cartazes na cidade para incentivar pessoas a fazerem o mesmo.
Quem era o prefeito do Rio, nessa época?
Era o César Maia. Dias depois, ele veio me procurar. “Sonia, que história é essa de você e o povo estarem varrendo as ruas?!”. Provoquei: “Prefeito, desculpe, mas se as ruas estão sujas, nós vamos limpar”. Um amigo, publicitário, criou cartazes incríveis com a seguinte frase: “De longe o Rio de Janeiro é a cidade mais linda do mundo. De longe, bem de longe…”. Quando o prefeito me procurou, meio constrangido, disse: “Sonia, tem alguma coisa que eu possa fazer por vocês?”. Respondi: “Claro que tem! A prefeitura tem quantos outdoors na cidade?!”. Não lembro quantos eram, mas fizemos ele colocar o slogan do movimento em um por um e também em relógios. Conseguimos muitos voluntários, mas depois de um tempo o movimento foi esvaziado.
Falando em articulações sociais, alguns cientistas políticos defendem que, nos últimos anos, a direita brasileira se uniu de maneira mais objetiva do que a esquerda. Você concorda?
Concordo plenamente. E acho que as pessoas precisam perceber que o futuro do Brasil não é questão de direita ou de esquerda, mas sim de pensar que, como cidadãos, temos de defender a Constituição do nosso País. E fazer isso não transforma ninguém em comunista. Quem acredita nisso e sente orgulho de dizer que é de direita logo vai ter de explicar o que, afinal, quer do País. Não sou de direita nem de esquerda, mas sei bem o que quero. Quero que a ordem, a democracia e a Constituição sejam respeitadas. Quero que Temer saia imediatamente, que Dilma volte ao lugar em que o povo a colocou e que daqui a um ano e meio cada um resolva, nas urnas, o que quer para o País. Se essa tal direita quer dar fim a tudo que conquistamos, ela que reconheça que são eles os agitadores decididos a levar o Brasil ao buraco. Essa direita é feita daqueles que não querem a felicidade de todos, que não querem a alegria de um País inteiro. Uma minoria ridícula, egoísta.
No próximo domingo haverá passeatas em defesa da permanência ou da saída de Michel Temer do poder. Se estivesse aqui, também iria às ruas?
Provavelmente sim, mas, como sou uma figura pública penso que isso funciona de forma diferente. Sei bem que poderia acontecer comigo algo parecido com o que fizeram com o Chico.
Você se refere ao episódio em que Chico Buarque foi hostilizado por um grupo de jovens no Leblon?
Sim, e pergunto: faz algum sentido uma pessoa com a história do Chico ser tratada daquela forma?! Não conheço os caras que fizeram aquilo, mas conheço Chico muito bem. Se a pessoa diz que ama o Brasil e trata alguém como Chico com tamanha hostilidade, no meio da rua, essa pessoa vive um delírio. Chico é um dos artistas que mais defenderam e divulgaram o Brasil. Da mesma forma que eu, ele está preocupado com o pedreiro, com o padeiro, com o marceneiro, com as pessoas do bairro, com os mais desprotegidos.
Voltando ao filme, desde que vi Aquarius, frequentemente lembro de alguma cena, sobretudo pela força de sua atuação. Nos países onde o filme já foi exibido essa reação de empatia com Clara tem sido comum?
Sim, e espero que o mesmo aconteça no Brasil. E o que você disse é maravilhoso, porque também estou sempre lembrando do filme. Aliás, isso aconteceu comigo desde que Aquarius existia somente no papel. Tudo que estamos passando agora devia servir de aprendizado para a necessidade de encontros como esse que eu e Kleber tivemos. Juntos, seremos mais fortes.
O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São
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O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São Paulo. A mostra tem curadoria de Cauê Alves e Gabriela Gotoda e reencena na entrada do Sesc Vila Mariana elementos do Jardim de Esculturas do MAM. Nela, o público poderá apreciar obras da coleção do MAM, entre esculturas icônicas de Alfredo Ceschiatti, Amilcar de Castro e Emanoel Araújo, e trabalhos que exploram críticas sociais, como as obras de Regina Silveira, Luiz 83 e Marepe.
Para a presidente do MAM, Elizabeth Machado, a parceria com o Sesc reforça o compromisso do museu em ampliar o acesso à arte: “O acervo do MAM é um patrimônio vivo, e essa exposição no Sesc Vila Mariana permite que um público ainda mais amplo entre em contato com obras fundamentais da nossa história, promovendo o encontro e a reflexão sobre a arte brasileira. O Sesc é um parceiro longevo do MAM, e essa colaboração reafirma nossa missão conjunta de ampliar o acesso à cultura.”
Os artistas participantes da mostra são Alfredo Ceschiatti, Amílcar de Castro, Bruno Giorgi, Eliane Prolik, Emanoel Araujo, Felicia Leirner, Haroldo Barroso, Hisao Ohara, Ivens Machado, Luiz83, Marepe, Mari Yoshimoto, Márcia Pastore, Mário Agostinelli, Nicolas Vlavianos, Regina Silveira, Roberto Moriconi, Rubens Mano e Ottone Zorlino.
A seleção de obras inclui peças que já integraram o Jardim do MAM, além de trabalhos do acervo do museu que dialogam com temas como natureza, cidade e materialidade. A montagem no Sesc Vila Mariana recria a dinâmica do Jardim de Esculturas, utilizando elementos cenográficos que evocam a topografia sinuosa do Parque Ibirapuera projetada pelo escritório do emblemático arquiteto paisagista Burle Marx, estimulando novas interações entre corpo, espaço e arte.
Inaugurado em 1993, o Jardim de Esculturas do MAM marca uma iniciativa que reavivou a coleção do museu em um espaço próprio, gratuito e de grande circulação de pessoas. “Ao propor uma espécie de reencenação do Jardim do MAM na Praça Externa do Sesc Vila Mariana buscamos elaborar a ideia de que, assim como o espaço do jardim no Parque Ibirapuera, o espaço do Sesc funciona como um centro de encontros urbanos”, diz Cauê Alves. “A exposição inclui obras da coleção do MAM que se relacionam, por diferentes vias, com a natureza, o corpo, a cidade, a materialidade, e com linguagens que expressam algumas das tensões inescapáveis à sociedade.”, completa o curador.
A proposta da exposição do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana é estimular essa relação entre corpos, obras e espaço, transformando a Praça Externa da unidade em um território de circulação, experimentação e descoberta. Sem a pretensão de emular o paisagismo do parque, a cenografia do projeto recria as curvas e volumes que marcam o jardim original, propondo um ritmo espacial entre as esculturas. Para Gabriela Gotoda, curadora da exposição ao lado de Cauê Alves: “Se o princípio mais original e autêntico da arte moderna é de que ela se aproxima da vida, um museu que se dedica a colecioná-la e atualizá-la no seu tempo presente deve continuamente se esforçar para oferecer aos públicos possibilidades de fruição que não os distanciam das suas realidades, e sim vão de encontro a elas.”
MAM Educativo
Durante o período da exposição, o público poderá participar gratuitamente de atividades educativas promovidas pelo MAM Educativo, que desenvolve programas e projetos em diálogo com seus públicos, por meio de uma programação acessível e gratuita que busca equiparar oportunidades e reduzir barreiras físicas, sensoriais, intelectuais, sociais ou de saúde mental.
Inspiradas nas experiências realizadas no Jardim de Esculturas do museu no Parque Ibirapuera, parte das ações de maio do MAM Educativo serão adaptadas ao espaço do Sesc Vila Mariana, propondo diferentes formas de interação entre corpos, obras e o ambiente expositivo. Voltadas a públicos de todas as idades e perfis, as atividades buscarão estimular novas formas de olhar, habitar e refletir sobre o espaço urbano por meio da arte.
As atividades serão divididas em programas. “Contatos com a arte” promove a formação cultural de professores, educadores, pesquisadores e estudantes universitários, fomentando seu papel de multiplicadores das diferentes expressões artísticas e abordagens pedagógicas a partir de processos criativos diversos. Já “Família MAM” promove o encontro do universo artístico do museu com as culturas da infância, através de narrações de histórias, brincadeiras, oficinas artísticas, visitas mediadas seguidas de experiências poéticas, entre outras atividades. Em “Domingo MAM” estão atividades que convidam o público a experimentar diversas linguagens artísticas a partir de eixos temáticos que englobam dança, música, cultura popular, cultura de rua, debates e oficinas plásticas.
Tem ainda o “Programa de Visitação”, que atende a todos os perfis de público e incentiva o acesso à arte e à cultura por meio do exercício do pensamento crítico. Fazem parte do programa visitas mediadas, experiências poéticas e o programa de relacionamento com escolas parceiras. Visitas mediadas com o MAM Educativo são conversas nas quais é estimulada a reflexão crítica por meio da arte e experiências poéticas, que aproximam o público do museu de vivências e processos artísticos. Agendamentos de grupos para visitas na exposição Jardim do MAM no Sesc são realizados pelo e-mail educativo@mam.org.br.
A programação traz ainda atividades que fazem parte da Semana Nacional de Museus – iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio) e que, em 2025, acontece de 12 a 18 de maio sob o tema “O Futuro dos Museus em Comunidades em Rápida Transformação” – e da Semana Mundial do Brincar – ação promovida pela Aliança pela Infância que convida a sociedade a valorizar o brincar e a importância da infância e que, em 2025, terá como tema “Proteger o Encantamento das Infâncias” e ocorrerá de 24 de maio a 1 de junho.
Serviço Exposição | Jardim do MAM no Sesc De 14 de maio a 31 de agosto
Terça a sexta, das 7h às 21h30, aos sábados, das 10h às 20h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h
Período
14 de maio de 202507:00 - 31 de agosto de 202521:30(GMT-03:00)
Um celeiro em chamas. Um sonho-memória. Uma atmosfera enevoada. O silêncio e o tempo suspensos. A cena é captada em um plano lento e alongado em que a câmera
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Um celeiro em chamas. Um sonho-memória. Uma atmosfera enevoada. O silêncio e o tempo suspensos. A cena é captada em um plano lento e alongado em que a câmera vai se aproximando. Um plano sequência da personagem que atravessa silenciosamente o campo e se depara com o celeiro completamente tomado por labaredas, sendo consumido pelo fogo. O som das fissuras da madeira se dissolvendo em chamas e a fumaça cinzenta envolvendo o local e ela, esperando, imóvel diante do colapso inevitável, reverenciando o que é maior que sua pequeneza. A cena, retirada de “O Espelho” de Andrei Tarkovsky, reflete sua trajetória fílmica da meditação visual. Diante do tempo, da transformação e da fragilidade da vida, as chamas se condensam e o que permanece é a percepção da contemplação, do abalroamento da dimensão interna mental com o externo.
Turvo Reflexo é o entre, que oscila entre o visível e o oculto, em camadas translúcidas que se completam a cada olhar atento, a relação reflexiva sobre a velatura e a capacidade turva. Diante do conjunto matérico de João Trevisan somos convocados a esperar o esticamento do tempo, bem como a personagem não corremos para apagar o fogo, sentimos uma calma irrompente que evoca uma presença contemplativa, do corpo diante da matéria, Trevisan esculpe o tempo e hipnotiza como Tarkovsky.
Trevisan opera no alongamento da percepção, agindo em parceria com a matéria, forja e embosca sua técnica e azeita a própria linguagem. Há uma reflexão compositiva de seu trabalho, a imagem que se dissipa e envolve o olhar, que percorre a claridade, a luz se apresenta como uma partitura, em que cada pintura emite uma vibração. A exposição nos permite acessar cinco séries de sua produção, algumas ainda inéditas – Concomitante, Paisagens, Unidade luminosa, Monocromo e Intervalos. São atos compositivos de um grande motivo, como em uma ópera, ao se referirem ao mesmo universo, em diálogo dos pares e coesos com a peça completa. As séries são interligadas intimamente, em 2018 pintou o primeiro Monocromo, mesmo ano que pintou o primeiro Intervalo, isso demonstra o desdobramento de seu processo. Deriva de um modo não linear e ramificado, em que não há centro e hierarquia, mas que paradoxalmente, tudo é central, os blocos densos de cor são unidos pela fatura, se prolongando uns dos outros.
Diante de uma contemporaneidade em que tudo é descartável, instantâneo e comprimido, o tempo se torna alongado e embarcar na luminosidade da pintura é ampliar o sensível. João Trevisan nos convida a habitar o espaço do silêncio e da contemplação ao consolidar a pintura no tempo dilatado.
Os títulos nos trazem informações óbvias com toques curiosos, ora mais diretos, ora mais lúdicos. Nos versos das obras há algumas deliciosas surpresas, rastros deixados pelo artista, que nos aproximam de sua presença, como em Intervalos, nas manhãs, eu sinto falta de você.
As gradações de cor variam na espessura, demonstrando maior ou menor opacidade, em que camadas mais profundas transparecem e se interferem. Notamos a destreza técnica do artista, em que as cores, mesmo quando empregadas sempre da mesma maneira, são sempre diferentes, se os pretos irão se complementar ou interferir nas cores de cobertura, se aparecem ou se dissolvem, e indicam uma coparticipação entre a tinta a óleo e o veludo criado pela encáustica.
Insere de modo singular pequenos desafios ao olhar, certas irregulares propositais, como em Concomitantes. Deslocamentos sutis, como uma pequena margem no início de um parágrafo, demonstram uma racionalidade em pensar o trabalho de maneira calculada, mas não apenas, há algo de intuitivo na relação das cores, o processo de feitura é metódico, desde a profundidade do chassi até a finalização. Esse jogo da percepção só é criado no contato com o presenciador, que ao botar reparo em deslizes das formas, evidencia a força propositiva do artista em suas ondas cromáticas ritmadas.
A tela é encorpada, inicia com camadas de gesso cruzadas, diluídas até o ponto de engrossarem, adicionando corpo ao processo, para então seguir com a adição de dez a doze camadas de preto. Transborda a fatura e articula o corpo da pintura a partir do hábito da repetição. Quando secas, realiza a velatura da superfície, uma cobertura diáfana com o preto, em que as cores sutilmente se invisibilizam, e com a limpeza posterior, o corpo pictórico se eleva ao equilíbrio. Retira o excesso, deposita luz, deposita pigmento, esculpe o corpo da pintura ao modelar sua relação com a luz. Elabora um processo de enceramento da pintura, em que as ranhuras vão sendo preenchidas pelos pretos, sendo possível a percepção da luminosidade residual proveniente da base branca, revelando o processo de retração do pigmento com a secagem, quando suas partículas se adensam e se aproximam, revelando parcialmente o fundo.
Há uma vontade derivada da escultura, de um ciclo poético que surge do papel, retorna para as esculturas e eclodem nas pinturas. As linhas se manejam no tridimensional como no bidimensional, sua fatura pictórica ergue-se como forma no campo escultórico. Modela fibras de tinta, ocasionando uma ilusão luminosa pelo volume, há um certo aspecto enigmático de tentar decifrar de onde vem a cor e para onde vai a centelha cromática. Engendra um método repetitivo que beira a meditação budista, repete o processo, repete a forma, repete o preparo e as camadas. A relação com a pintura é corpórea, na qual o gesto do artista se prolonga e o que vemos é o turvo reflexo do derramamento de Trevisan.
O artista é atravessado pela vida fora do ateliê, conduz sua feitura por contaminações urbanas, a capital do país, Brasília, não é apenas sua morada, mas é igualmente o habitar da pintura. Quando seca, a paisagem da cidade revela um vermelho terroso, o cerrado em sua constituição genuína, berço do Pequi e do Baru. Por vezes visualiza um ar menos árido, um momento mais orgânico e nutritivo – Trevisan é permeado por essas manifestações, se deixa ser infiltrado.
A percepção está no campo sensorial, sua prática se completa na ativação do olhar do observador, que deixa de ser externo e se torna parte constituinte da projeção das cores, o encontro quintessencial entre o corpo matérico e o corpo sensível. Somos convocados a nos aproximar e afastar dos trabalhos, de modo que Trevisan propicia uma experiência visual da imersão em seu universo, uma forma emocional de estar diante do seu contorno. A feitura pictórica é uma conversa atenta entre a matéria e o fazer poético, a aplicação da cor é tão relevante quanto a escolha desta. A coincidência da opacidade com o brilho e o encontro da encáustica com o volume do óleo, revelam como a pintura conserva vestígios do instrumento e da performance gestual com o material, o artista indubitavelmente está ligado às veleidades e aspirações da matéria.
Um pulso rítmico nas formas que se repetem na construção matérica, nos deslocamentos e nos espaços, na potência da presença das cores sobre as outras. A poética de Trevisan é uma chama que se espalha pelo celeiro, não como destruição mas como um processo de disseminação. Se torna carvão, fuligem e a fumaça que alastra o ambiente, se dissipa em neblina de maneira sutil. O rastro nevoeiro é uma potência, o que se vê e sente vai gradualmente sendo velado e se transmuta, recobre a paisagem, interrompe a percepção e convoca a pausa. A rendição do tempo e a espera do revelar o que é fugidio ao olhar é como experienciamos Turvo reflexo.
A veladura na trama da superfície é a névoa ramificada pelo espaço expositivo, uma vinculação rítmica que emana de todos os trabalhos, o locus da pintura é sempre revisitado, se articula em outras tantas possibilidades, que ciclicamente retornam e se complementam. Ao embarcar em sua prática poética, notamos nuances, sutilezas da fatura da pintura que vão se consolidando no olhar de quem se depara com suas paisagens geometrizantes e, em Turvo Reflexo, nos absorvemos em uma ocupação luminosa e contemplativa de João Trevisan.
Serviço Exposição | Turvo Reflexo De 15 de maio a 19 de julho
Segunda a sexta, 10h às 19h, sábado, 10h às 15h
Período
15 de maio de 202510:00 - 19 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Local
Simoes de Assis Curitiba
Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 2173a - Batel Curitiba - PR
O grid só existe quando criado, é uma estrutura organizacional, composta por linhas horizontais e verticais que desenham um sistema de divisão no espaço, de modo que não é
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O grid só existe quando criado, é uma estrutura organizacional, composta por linhas horizontais e verticais que desenham um sistema de divisão no espaço, de modo que não é encontrado organicamente no meio ambiente. André Azevedo combina a vontade de desafiá-lo com a investigação de imagens botânicas, operando em um campo de torção da escrita tradicional e do código visual.
Na mostra Escrita-miragem nos deparamos com um universo singular, apresentado pela primeira vez nessa profundidade, que navega em nuances cromáticas, em que o azul, vermelho, verde e preto adentram o tecido e se transformam em figuração. Vivemos sob o domínio de códigos que se superpõem à experiência do mundo e nos afastam da realidade direta, e é nesse mundo codificado em que/no qual Escrita-Miragem atua. André Azevedo é um organizador de sinais, um semiólogo em ação, sua poética investiga possibilidades plásticas da datilografia, um equilíbrio entre a dureza da máquina e o lírico da representação figurativa floral.
A obra Datilográfica 9 engendra uma abstração e promove a abertura para novos universos. Estar diante dessa peça é como quando há décadas e décadas atrás sintonizávamos as estações do rádio. Um mobiliário/meio de comunicação, o rádio permite sentir as ondas sonoras das estações que transmitem sinais eletromagnéticos em determinadas frequências, em que sintonizamos até encontrar uma frequência dentro do circuito. Datilográfica 9 é o tuning da exposição, nos convoca a adentrar nessa frequência e apreciar uma apreensão poética do mundo codificado.
Azevedo sintoniza a partícula mínima que é uma letra, parte da palavra imagem e a decompõem, recompõe, refaz, reconstrói, e a transforma em imagem. As obras em tecido de algodão não possuem moldura, as laterais esticadas em chassi de madeira são atreladas à feitura da datilografia, em alguns trabalhos existem pequenas pistas de que a imagem é forjada por caracteres. O revelar de camadas se torna evidente com os papéis carbono, aos quais é possível ver cada letra que atravessou a superfície e se tornou luz, virou partitura visual.
Acerca da escolha das imagens projetadas, as ilustrações retomam a vida e os elementos naturais da terra e foram apropriadas do livro “Historia Natural: Vida de los animales, de las plantas y de la tierra – Botánica”, advinda de coleções enciclopédicas ilustradas, populares nos séculos XIX e XX, em uma vida pré digital. A obra mimetiza a gramática da máquina e, em paralelo, a corrompe poeticamente, abrindo rachaduras no sistema de significação. As flores, galhos, ramagens materializam-se nos Is Ms As Gs Es e Ms em um diálogo ritmado entre a rigidez maquínica e a organicidade efêmera.
As relações com a pintura se estreitaram. Azevedo opera o têxtil com o pensamento pictórico e alarga as possibilidades de tradução de imagem por um retorno ao analógico. Em obras que replicam figuras, ao primeiro olhar, são iguais, mas para a observação mais atenta, elevam-se pequenas discrepâncias de coloração, desenhos que se delineiam de outra maneira, fazendo com que os trabalhos repetidos sejam absolutamente singulares em sua formação.
Utiliza um software que pixeliza a imagem e traduz em código para realizar uma imagem, a tecnologia já existe no campo da estamparia, mas é na tradução imagética que Azevedo a ressignifica, a partir do carbono e do gesto se adiciona individualidade a peça, ao subverter a reprodutibilidade técnica pelo imprevisível. A escrita escapa ao controle e a aura insiste em aparecer. Azevedo apropria-se da mecanicidade do aparelho, deixando a escrita por conta da máquina, instruindo os canais a distribuírem tinta em forma de sinais gráficos, cobrindo a superfície para, depois, encobri-la de maneira que seja apresentado algo imageticamente, produzindo um contraste entre a cor da tinta e da superfície.
A escritura é a ciência das fruições da linguagem, a possibilidade de uma dialética do desejo, de uma imprevisão do desfrute, para Roland Barthes, o texto escrito sempre dá uma prova do desejo: é a própria escritura. O que Azevedo propõe é transbordar a escrita, sua prática concebe pela escritura um espaço de fruição poética e novas formas de percepção imagética.
A abordagem pictórica é tanto matérica como mental. O artista se apoia em pensamentos como de Vilém Flusser, em que a cultura é a tentativa de enganar a natureza por meio da tecnologia, da maquinação. As regras numéricas inventadas pelo ser humano, em abstrato, são capazes de descrever, explicar e até prever a experiência sensorial. Tão poderosos são os códigos que construímos a partir deles versões alternativas da chamada realidade, mundos paralelos, múltiplas experiências do aqui e agora. Nesse entendimento, todo artefato é produzido por meio da ação de dar forma à matéria seguindo uma intenção, a manufatura corresponde ao sentido estrito do termo in + formação, dar forma a algo – na poética de Azevedo, de traduzir letra em imagem.
O aparelho se torna não apenas um dispositivo mecânico, mas uma entidade complexa, um compasso entre tecnologia, cultura e a humanidade. A intervenção/interação tecnológica organiza e transforma a realidade e a arte, modulando novos modos de vivência. Ao datilografar, Azevedo organiza sinais gráficos e os desenha, deixando a ação e o pensamento em completa coesão.
A máquina de escrever atua como mediadora entre a natureza e a cultura, criando uma outra camada de complexidade na relação entre o artista e o espectador. Esse aparelho também influencia a comunicação, criando novas formas de expressão e interpretação. Nesse sentido, a tecnologia não é apenas um meio de transmissão de informação, é também um sistema que molda o significado e a mensagem. A prática poética de Azevedo, além de orientar os pensamentos, atua de forma direta no encontro com o outro, sendo apenas quando uma obra escrita encontra o outro que ela alcança sua intenção, uma espécie de ato criador.
Ao investigar diversas possibilidades plásticas da datilografia sobre o suporte têxtil, gera imagens a partir da tipografia, em que cada algarismo imprime sua marca na superfície, com manchas de diferentes intensidades. Nessa lógica de operação, André encontra um possível destino para a escrita no processo de transformar a tipografia em textura e a escrita em imagem. Reconfigura a datilografia em forma visual, adicionando corpo de matéria ao fugidio.
Escrita-Miragem é uma tentativa de capturar o que se dissolve, do movimento de se aproximar e se afastar para decifrar o desenho que atravessa o carbono e se pigmenta na tela, elaborando uma superfície simbólica. É dessa forma que o artista recupera um possível destino para a escrita, híbrida, técnica e sensível, em que o código provoca e projeta um futuro para a escrita a partir da visualidade. Futuro esse que é indisciplinado, e sobretudo, dinâmico. André Azevedo decodifica um futuro do passado.
Mariane Beline e Luana Rosiello
Serviço Exposição | Escrita-miragem De 27 de maio a 26 de julho
Segunda a sexta, 10h às 19h, sábado, 10h às 15h
Período
15 de maio de 202510:00 - 19 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Local
Simoes de Assis Curitiba
Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 2173a - Batel Curitiba - PR
Nascida Lúcia, mas batizada Suanê pelo pajé da aldeia do povo indígena Fulni-ô, no interior pernambucano, a artista plástica teve intenso convívio com as tradições da comunidade da vila de Águas
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Nascida Lúcia, mas batizada Suanê pelo pajé da aldeia do povo indígena Fulni-ô, no interior pernambucano, a artista plástica teve intenso convívio com as tradições da comunidade da vila de Águas Belas e de outros vilarejos, até chegar a Recife e Olinda. Das vivências se inspirou nas memórias, nas lendas contadas, músicas e rezas ouvidas para transformar tudo em arte. Parte dessa produção estará na exposição que tem a curadoria de Ivo Mesquita, e reúne obras da fase contemporânea de Suanê a partir de maio na Galeria Estação, em São Paulo.
A exposição reúne um conjunto representativo de trabalhos da última etapa da carreira da artista pernambucana (1922-2020) radicada desde 1940 em São Paulo onde desenvolveu, de forma discreta, mas longa e intensa, uma produção artística consistente, própria do seu tempo. Foram seus últimos 20 anos de atuação.
“O aparecimento desta surpreendente produção em uma profissional conhecida como pintora de têmperas, figurativa, revela sua capacidade de transformação, com o abandono dos cânones tradicionais da sua prática, para lançar-se em um campo aberto de experimentação formal, onde os trabalhos nascem de um pensamento abstrato, uma vontade de forma a partir de materiais, linhas e cores, em procedimentos de apropriação, montagem, colagem, costura, bordado, construção, amarração, gambiarras”, destaca o curador Ivo Mesquita.
Em seu texto de parede, o curador enaltece o final da produção de Suanê, com pinturas como objetos construídos manualmente, num trabalho fresco e vigoroso, na manipulação de telas, madeiras, tecidos, cordas, barbantes, contas, metais, arame, papelão, fios de cabelo, entre outros, num movimento francamente libertário. Para ela uma experiência vital depois de quase uma década sem trabalhar.
Foi com o incentivo do marido, Nelson Nóbrega – pintor, desenhista, gravador e professor – que ela criou um estilo único para ancorar sua trajetória artística multifacetada, incorporando elementos de várias proposições estéticas, em diferentes fases da sua carreira. E não por acaso, a veia artística da família é reconhecida no fato de Suanê ser tia-avó do também pernambucano Tunga (Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão), artista plástico nascido em Palmares-PE, em 1952.
Lúcia Suanê Carvalho Nóbrega (1922-2020) participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, e em salões internacionais de cidades como Paris, Tóquio e Santiago. Também esteve no 20º Panorama de Arte Atual Brasileira em 1989. Em 2024, Suanê teve sua primeira grande retrospectiva exibida no Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP).
Mesmo com diversas participações em eventos nacionais e internacionais de grande impacto no mundo artístico, Suanê não conquistou, no Brasil, a mesma projeção ainda que estivesse integrada aos debates contemporâneos.
O trabalho e a trajetória da artista também instigam a reflexão sobre os limites da história da arte entre os séculos 19 e 20, conforme destacou o curador da exposição realizada no MAC-USP em 2024, Tálisson Melo.
Com formas diversas para aliar o mundo das coisas a uma dimensão cósmica da vida, a artista realizou, no período de meados de 1940 a 2020, um trabalho intermitente, com pequenas pausas na produção. E adotou, na extensão desse percurso, formas diversas de aliar o mundo das coisas a uma dimensão cósmica da vida.
No início, foi a fase da alternância entre a representação de cenas religiosas, naturezas-mortas e retratos. No final da década de 1980, vieram as pinturas que sugerem visões do céu e do universo.
Já no período entre 2006 e 2019, a artista passa a recortar e abrir áreas vazias no suporte de suas peças. São incorporados tecidos, cordas, madeira, plástico e lâminas de metal aos processos produtivos.
Com a representação da Galeria Estação, Suanê terá revisitada a última fase de sua produção, a partir dos anos 2000, que marca a mescla de materiais incorporados às obras e expandindo o vocabulário a um patamar ilimitado, que faz alusão ao cosmos e integra elementos que propõe novas leituras a partir de formas, cores, texturas e brilhos.
Serviço Exposições | A Última Etapa De 21 de maio a 05 de julho
Segunda à sexta-feira das 10h às 19h e aos sábados das 10h às 17h
Período
21 de maio de 202510:00 - 5 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Monólogo é o nome dado para um discurso feito apenas por uma pessoa ou um personagem, sem interação com outros participantes e de modo ininterrupto, com o intuito de
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Monólogo é o nome dado para um discurso feito apenas por uma pessoa ou um personagem, sem interação com outros participantes e de modo ininterrupto, com o intuito de expressar seus pensamentos e sentimentos em silêncio ou em voz alta. Tanto para si, quanto para o público, para os outros. Acredito que é assim que o artista, o criador age. Um solilóquio, no seu canto, no seu Kant, pensando, refletindo e executando sua obra. Não é à toa que a origem da palavra vem do teatro e sua etimologia, do grego, significa “solitário”, “sozinho”. O palco do escritor, quiçá uma das profissões mais solitárias, é a folha em branco, o papel e por fim o leitor; o do artista visual é tanto o suporte de sua produção nos mais variados materiais, como também a plateia que observa sua obra no “cubo branco” da galeria, no espaço institucional ou no público.
“Monólogo Interior” é uma curadoria que abraça as artes visuais e a literatura em uma conversa, em um diálogo atravessado por ficções e fricções. E reúne cerca de 45 obras de 18 artistas para celebrar o centenário de “Mrs. Dalloway”, um dos livros mais importantes da literatura do século 20, escrito por Virginia Woolf (1882-1941), autora pioneira no campo da crítica feminista, e que coloca em foco na sua obra a vivência do cotidiano das mulheres na sociedade patriarcal que persiste até hoje, desafiando as normas estabelecidas no contexto histórico-social no qual viveu. Um dos seus livros mais importantes é o eixo, o centro gravitacional no qual orbitam os trabalhos das artistas de oito Estado do Brasil, e de uma artista do Líbano, já falecida, que se radicou no país. São desenhos, esculturas, fotografias, instalações, objetos, pinturas e vídeos que, de alguma forma, procuram estabelecer essa travessia no infinito particular não só da escritora homenageada, mas também, e principalmente, no de cada uma das artistas aqui presentes.
Serviço Exposição | Monólogo Interior De 22 de maio a 21 de junho
Terça a Sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 18h
Período
22 de maio de 202510:00 - 21 de junho de 202519:00(GMT-03:00)
Temos o prazer de anunciar SPECTRUM, exposição individual de Siwaju no Prédio 11 d’A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro. A prática escultórica da artista investiga as relações entre tempo e
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Temos o prazer de anunciar SPECTRUM, exposição individual de Siwaju no Prédio 11 d’A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro. A prática escultórica da artista investiga as relações entre tempo e ecologias diversas. A partir do reaproveitamento de peças de aço — doadas, coletadas e recicladas em visitas frequentes a centros de reciclagem —, suas obras estabelecem um vínculo direto com o pensamento tridimensional brasileiro. Suas esculturas articulam matéria e Cosmos, energias visíveis e invisíveis, objeto e entorno, corpo escultórico e espaço, organizando-se em uma temporalidade espiralada, em constante fluxo de expansão e retrospecção, que ativa saberes afrodiásporicos.
“Desdobram-se pelo espaço ‘famílias de obras’ interligadas, cada uma com gramáticas e gestos próprios, mas todas atravessadas pelo desejo de criar zonas de interferência onde passado e futuro, beleza e libertação coexistem em tensão criativa. Como uma ferreira do século XXI, Siwaju não molda o aço, mas negocia com seus espectros: as soldas nascem como costuras entre tempos, as superfícies polidas devolvem reflexos desobedientes, os sussurros da matéria, sugere a artista, nos levam a fuga da lógica industrial.” — aponta a curadora Nathalia Grilo, autora do texto de apresentação da mostra, que fica em cartaz até 9 de agosto de 2025.
Serviço Exposição | Spectrum De 24 de maio a 09 de agosto
Segunda a sexta, das 12h às 18h
Sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
24 de maio de 202512:00 - 9 de agosto de 202518:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima e pelos mistérios da vida microscópica, Rocha mergulha em um universo onde as fronteiras entre ciência, mito e arte se dissolvem. A mostra reúne pinturas inéditas que transitam entre figuração e abstração, evocando formas orgânicas como raízes, cílios, braços e membranas — elementos que se desdobram como símbolos da origem e da continuidade da vida.
Nas palavras do historiador da arte e curador Renato Menezes, que assina o texto de apresentação da mostra, “Mariana Rocha trapaceia a escala e, assim, a própria pintura parece se tornar, para a artista, um meio de reequacionar os mínimos essenciais da vida. Partícula e todo, célula e organismo, gota e oceano renegociam suas ordens de grandeza bem diante de nossos olhos. Não é por acaso que sua pesquisa se volta para o mar: foi lá, nessa vastidão imensa e profunda, que as mais simples formas de vida começaram a aparecer. Mas, como sempre, o mínimo é também o máximo: barroca, dramática, misteriosa e vibrante, sua pintura metaboliza o mundo, para ver, de sua parte mais íntima, obscura, o que de mais superficial ele pode revelar.”
Serviço Exposição | Desde sempre o mar De 24 de maio a 09 de agosto
Segunda a sexta, das 12h às 18h
Sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
24 de maio de 202512:00 - 9 de agosto de 202518:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
Inspirada em trabalho de Dorothea Tanning, mostra marca nova etapa do espaço expositivo Anexo, mais um passo na trajetória de vanguarda da galerista Marilia Razuk, há mais de três
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Inspirada em trabalho de Dorothea Tanning, mostra marca nova etapa do espaço expositivo Anexo, mais um passo na trajetória de vanguarda da galerista Marilia Razuk, há mais de três décadas em atuação
A Galeria Marilia Razuk, inaugura uma programação de projetos para o seu espaço localizado no número 62 da Rua Jerônimo da Veiga, que passa a se chamar Anexo Galeria Marilia Razuk. Para marcar essa nova fase, Razuk acolhe a exposição “Sala de Jantar”, com a proposta de exibir obras em um contexto que remete ao ambiente que lhe dá nome.
Com referência ao trabalho Hôtel du Pavot, Chambre 202 (1970-1973), da artista e poeta estadunidense ligada ao Surrealismo Dorothea Tanning, a consultora de arte Cristina Tolovi e a curadora Luana Fortes concebem a mostra se aproximando dos aspectos velados dos espaços domésticos. Elas apresentam obras de artistas e designers, não se apegando a separações entre essas duas esferas da criação. Como conta Tolovi: “A proposta é uma exposição em que diferentes linguagens dialoguem, por meio de uma diluição de fronteiras entre design e artes visuais.”
Luana Fortes destaca: “A mostra nasce de trabalhos de artesãos-artistas-criadores-designers que formam um conjunto de diferentes linguagens e formas de expressão, procurando desestabilizar o que se entende por obra de arte e objeto, guardando tensões do próprio sistema artístico e também das relações fora dele.”
Diferentemente do que vem à mente quando se escutam as palavras “Sala de Jantar”, a mostra tem o intuito de, assim como o trabalho de Tanning, apresentar essa “ambivalência, esse ‘desconforto’ gerado pela separação entre o que está vivo e o que parece imóvel”, nas palavras de Luana, que segue: “Assim, a mostra reúne artistas de diferentes trajetórias e formas de expressão para compor um ambiente que remete a um espaço preparado para o encontro, mas também atravessado por tensões e gestos de controle.”
A galerista, Marilia Razuk, concorda e completa: “A partir desta exposição, buscamos abrir portas para novas ideias, formatos e narrativas curatoriais. Queremos trazer um olhar fresco, sem os vícios que são normalmente adquiridos ao longo dos anos, assim como acolher práticas experimentais e perspectivas inovadoras.”
O trabalho de Fernanda Pompermayer está entre os destaques da mostra. ‘Anúncios cósmicos’, uma obra inédita da artista curitibana, apresenta formas inusitadas por meio transformação e combinação de diferentes materiais, entre os quais estão cerâmica esmaltada, vidro, resina, ouro e madrepérola. Outro nome importante da exposição é o artista visual Daniel Jorge, que exibe trabalhos como ‘Ancestral’. Sua pesquisa se debruça sobre o senso de pertencimento e novas imagens de identidade ao trabalhar com materiais fundamentais para o imaginário afrodiaspórico, como a rocha pedra sabão.
A pintura “Sem retorno ao paraíso” marca a presença de Giulia Bianchi em “Sala de Jantar”. A artista vem desenvolvendo estratégias que possibilitam investigar novas possibilidades de percepção que vão além do óbvio, alterando a escala visual, seja devido aos traços e texturas implícitas em suas pinturas, seja devido à sinestesia provocada por elas. Ana Dias Batista, por sua vez, traz para a exposição trabalhos como “O ovo e a concha”. A prática artística de Ana Dias Batista frequentemente envolve a apropriação de objetos do cotidiano, reorganizando-os de maneira a questionar suas funções originais e provocar novas interpretações.
Serviço Exposição | Sala de Jantar De 27 de maio a 26 de julho
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
27 de maio de 202510:00 - 26 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Marilia Razuk
Rua Jerônimo da Veiga, 62 – Itaim Bibi, São Paulo - SP
Porto Alegre respira arte com seu mais importante festival. A 14ª Bienal do Mercosul ocupa espaços e ruas e ganha novos ares, imagens e texturas no Centro Histórico com
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Porto Alegre respira arte com seu mais importante festival. A 14ª Bienal do Mercosul ocupa espaços e ruas e ganha novos ares, imagens e texturas no Centro Histórico com a inauguração da exposição “Poéticas do Fio – Tramas Nossas” neste sábado, 24 de maio, das 14h às 16h30 na Galeria Duque. A mostra integra o Projeto “Portas para a Arte” da Bienal, que também ocupa a Rua Duque de Caxias em frente à galeria com a instalação “A Arte Conecta”. A curadoria é de Daisy Viola e a exposição fica no espaço até o dia 12 de julho. Entrada franca.
A Galeria Duque ainda oferece uma imersão nas obras de grandes mestres do Brasil com um dos mais completos acervos do Estado. Na mostra “Poéticas Daqui” é possível conferir produções de nomes como Iberê Camargo, Carlos Scliar, Carlos Vergara, Di Cavalcanti, Leopoldo Gotuzzo, Danúbio Gonçalves, Cândido Portinari, Siron Franco, Burle Marx, Anita Malfatti, Ruth Schneider, Maria Lídia Magliani, Frans Krajcberg, Alice Soares, Márcia Marostega, Nelson Jungbluth, Tarsila do Amaral, Gelson Radaelli, Antonio Bandeira, Oscar Crusius, Fernando Baril, Glênio Bianchetti, Glauco Rodrigues, João Luiz Roth, Ione Saldanha, entre outros.
A mostra “Poéticas do Fio – Tramas Nossas” apresenta produções de quatro artistas que utilizam fios e/ou tecidos como suporte ou meio de expressão para sua atividade: Daisy Viola, Fernando da Luz, Fernando Lima e Rosane Morais. “A utilização do fio e do tecido no fazer artístico dialoga com questões sociais e culturais a partir da escolha de materiais e técnicas, como costura, bordado, crochê ou tricô, que fazem parte da história de vida de muitos de nós, das memórias, principalmente femininas, das nossas avós e mães. Assim, o uso de técnicas da artesania tradicional acaba sendo um ponto de encontro entre a tradição e a contemporaneidade”, explica a curadora Daisy Viola.
Já quem passar pela Rua Duque de Caxias vai ter um outro tipo de contato com a arte, mas que também envolve fios e tramas. É a instalação “Arte Conecta”, produzida pelos artistas Roberto Freitas, Adriana Leiria e Ronaldo Mohr. A obra levou dois meses para ser montada e expõe 50 metros de material reciclado, incluindo itens como estofarias e PET, em uma manifestação artística que liga à Galeria Duque ao outro lado da rua e que comprova que a arte é democrática e pode estar presente nos mais diversos espaços.
Serviço Exposição | Poéticas Daqui De 24 de maio a 12 de julho
Segunda a sexta, das 10h às 18h, sábados, das 10h às 17h
Período
28 de maio de 202510:30 - 4 de agosto de 202519:00(GMT-03:00)
A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado
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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado de uma pesquisa iniciada em 2013, em que o artista imprimiu em tapetes fotografias que fez de tecidos variados da Coleção Eva Klabin, dentro do 17º Projeto Respiração, na Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro. Na grande sala de pé direito duplo, no lado esquerdo da galeria Nara Roesler, Marcos Chaves vai criar um ambiente imersivo com baixa iluminação, e foco nos tapetes pendurados nas paredes, todos produzidos em 2025. As dimensões das obras variam de 200 x 266 cm a 150 x 112,5 cm. Cobrindo todo o chão estará um carpete de 5,90 m x 8,39m, versão em grande escala de uma fotografia de 2013, feita de um veludo da Coleção Eva Klabin. Os tapetes nas paredes, em tons de vermelho, reproduzem as fotografias feitas pelo artista do chão acarpetado de locais históricos europeus, como o Palazzo Doria Pamphilj, construído em Roma, no século 16; a escadaria que leva ao único trono existente de Napoleão Bonaparte (1769-1821), no Castelo de Fontainebleau, na França, residência dos reis franceses, e que data dos primórdios do século 12; e a Ópera Garnier, projetada durante o reinado de Napoleão III (1808-1873), o décimo-terceiro palácio a abrigar a Ópera de Paris, fundada por Luís XIV.
“Gosto muito da ideia de degradê, da cor que vai sumindo, e de seu significado em francês também de degradado, coisa gasta, decadente. Com o uso ao longo do tempo, é possível ver nesses tapetes europeus suas várias camadas, em que a trama sobressai e forma um grid. Também ficam visíveis marcas do peso sobre o chão em que o tapete está colocado, formando baixos-relevos. Essa ideia de coisa gasta e a geometria que surge são o que gosto nesse trabalho, que acaba por quase ser uma homenagem à pintura, como se eu estivesse pintando com a fotografia e o pelo do tapete”, conta Marcos Chaves. Alguns trabalhos criam uma perspectiva “ao contrário”, como o que traz os degraus para o trono de Napoleão, e que estará na fachada da galeria, na vitrine.
“OUR LOVE WILL GROW VASTER THAN EMPIRES”
Na primeira sala da exposição, Marcos Chaves vai mostrar três objetos, também na cor vermelha. O primeiro é “Our Love Will grow vaster than empires” (2025), verso do poeta inglês Andrew Marvell (1621–1678) inscrito em um pedaço de veludo e fincado na parede por um canivete suíço. A obra é derivada de um trabalho de 1991, “MessAge”, com canivete e plástico. Os dois outros trabalhos são “readymade”, de 1992 – a bolsa “Jaws”, descoberta por Marcos Chaves emuma feira tipo “mercado de pulgas”, e “Sem título”, um par de sapatos de salto alto encontrado na rua, em uma áreafrequentada por travestis.
O texto crítico é de Ginevra Bria,curadora com vinte anos de trajetória, dedicada a examinar as artes moderna e contemporânea no Brasil. Ela é professora-assistente na Unicamp, onde finaliza sua dissertação iniciada há seis anos para seu PhD em História da Arte na Rice University, em Houston, EUA – “The NoncolorofIndigeneity. Na Art History of Scientific Racism in Brazil, 1865-1935”.Em seu texto sobre a exposição de Marcos Chaves na Nara Roesler São Paulo ela enfatiza: “Em total admiração pela prática da pintura, que Chaves nunca abordou e formalizou, ‘Sangue Azul’ entrelaça fotografias, instalações e esculturas”. “Mas, como eixo expositivo, a fotografia toma emprestado os títulos das obras às contradições de supremacia da nobreza, da política e das uniões de razão de ser históricas (citando espaços de poder como Fontainebleau, Pamphilij e Garnier”. GinevraBria destaca ainda que “neste projeto, entre o lento apagamento das dimensões verticais e horizontais, cada elemento representado, ou ampliado, é hipostasiado num movimento temporal, enquanto a nobre dinâmica dos vermelhos é intemporal. E enobrecida”.
Serviço Exposição | Sangue Azul De 07 de junho a 16 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
7 de junho de 202510:00 - 16 de agosto de 202519:00(GMT-03:00)
O Centro MariAntonia da USP inaugura, no dia 7 de junho, a partir das 11h, a exposição O silêncio da tradição: pinturas contemporâneas, organizada por Rodrigo Naves,
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O Centro MariAntonia da USP inaugura, no dia 7 de junho, a partir das 11h, a exposição O silêncio da tradição: pinturas contemporâneas, organizada por Rodrigo Naves, referência na crítica e no ensino de história da arte no Brasil. A mostra apresenta obras de doze artistas visuais emergentes, participantes de um grupo de estudos conduzido por Naves desde abril de 2024. A visitação acontece de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas, com entrada gratuita.
Com encontros semanais voltados à história da arte, o grupo é formado, em sua maioria, por artistas com trajetória ligada ao curso Pintura: prática e reflexão, ministrado por Paulo Pasta, um dos nomes centrais da pintura contemporânea brasileira.
Idealizada por Naves, a exposição tem como eixo a reflexão sobre a importância da história da arte na formação artística e sobre as distintas formas com que cada artista lida com o legado da arte e os desafios da contemporaneidade.
Participam da mostra os artistas Beatrice Arraes, Beatriz Buendia, Bruno Neves, Daniel Tagliari, Guilherme Gallé, Helen Scheunemann, Jesus José, Joji Ikeda, Lucas Rubly, Luiz83, Miguel Mori e Rafael Kamada. A produção conta ainda com a colaboração de Beatriz Almeida e Gabriel San Martin, pesquisadores que também integram o grupo de estudos.
A programação da mostra inclui conversas com nomes relevantes da crítica e da arte contemporânea brasileira, como Paulo Pasta, Lorenzo Mammì, Taisa Palhares, Antonio Gonçalves Filho, Rodrigo Naves, Alberto Tassinari e Bruno Dunley, além de visitas guiadas com os artistas e oficinas educativas. A programação completa estará disponível no site do Maria Antonia.
O organizador
Rodrigo Naves é crítico, historiador da arte e professor, com doutorado em Estética pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Publicou ensaios e artigos em diversas revistas, jornais e catálogos brasileiros e do exterior, analisando obras de artistas modernos e contemporâneos. Foi editor em diversos veículos de imprensa, bem como publicou diversos livros. Há mais de 20 anos ministra um curso livre de história da arte.
Os artistas
Beatrice Arraes, Beatriz Buendia, Bruno Neves, Daniel Tagliari, Guilherme Gallé, Helen Scheunemann, Jesus José, Joji Ikeda, Lucas Rubly, Luiz83, Miguel Mori e Rafael Kamada
Serviço Exposições | O silêncio da tradição: pinturas contemporâneas De 7 de junho a 28 de setembro
Terça a domingo, e feriados, das 10h às 18h
Período
7 de junho de 202510:00 - 28 de setembro de 202518:00(GMT-03:00)
Local
Centro MariAntonia – Edifício Rui Barbosa
Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque – São Paulo, SP
Com curadoria de Daniela Labra, a mostra Primavera Democrática reúne um conjunto de fotografias e vídeos de ações realizadas entre 2017 e 2025 em diversas cidades ao redor do
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Com curadoria de Daniela Labra, a mostra Primavera Democrática reúne um conjunto de fotografias e vídeos de ações realizadas entre 2017 e 2025 em diversas cidades ao redor do mundo, reafirmando a relevância e a consistência da obra de Galindo no cenário da arte performática contemporânea.
Como parte da programação, a artista realiza ainda uma performance inédita na Praça da Harmonia, região central da cidade, no dia 3 de junho, terça-feira, a partir das 10h. A ação, que leva o nome da exposição, propõe uma reflexão sobre as persistentes e alarmantes taxas de violência contra a mulher — mesmo em contextos considerados democráticos e institucionalmente estáveis.
Nascida em 1974 na Cidade da Guatemala, onde vive e trabalha, Regina José Galindo desenvolve uma obra profundamente marcada pelas violências estruturais da sociedade latino-americana, com foco em temas como os direitos humanos, o feminicídio, a herança colonial e as desigualdades sociais. Em 2005, recebeu o Leão de Ouro na 51ª Bienal de Veneza por sua performance “¿Quién puede borrar las huellas?”, na qual percorreu descalça as ruas da capital guatemalteca deixando pegadas de sangue, em protesto contra a impunidade e o passado político violento de seu país. Desde então, vem participando de grandes exposições internacionais, como as Bienais de Veneza, São Paulo, Havana, Sharjah e Istambul, além de ter apresentado seus trabalhos em instituições como o MoMA (Nova York), Tate Modern (Londres), Centre Pompidou (Paris) e Guggenheim (Nova York).
Com uma linguagem artística que utiliza o próprio corpo como instrumento político, Galindo constrói ações impactantes que tensionam os limites entre arte, denúncia e ativismo. Sua produção tem sido fundamental para o debate contemporâneo sobre gênero, violência e os mecanismos de poder nas sociedades latino-americanas.
Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções institucionais em todo o mundo, incluindo: Tate Londres (Reino Unido), Foundation Centre Pompidou (França), Museu Solomon R. Guggenheim (EUA), La Gaia Collection (EUA), Universidade de Princeton (EUA), Museu Rivoli (Itália), Daros Foundation (EUA), MEIAC (Espanha), Miami Art Museum (EUA), Ubs, Cisneros Fontanals (EUA), Fondazione Teseco (Itália), Fondazione Galleria Civica (Itália), Mmka (Hungria), Consejería de Murcia (Espanha) e Art Foundation Mallorca (Espanha).
“Primavera Democrática” faz parte do calendário especial de ações e projetos expositivos que celebram os 15 anos da Portas Vilaseca em 2025.
Serviço Exposição | Primavera Democrática De 07 de junho a 26 de julho
Terça a Sexta, das 11h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
7 de junho de 202511:00 - 26 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Local
Portas Vilaseca Galeria
Rua Dona Mariana, 137, casa 2, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
Com curadoria de Daniela Labra, a mostra Primavera Democrática reúne um conjunto de fotografias e vídeos de ações realizadas entre 2017 e 2025 em diversas cidades ao redor do
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Com curadoria de Daniela Labra, a mostra Primavera Democrática reúne um conjunto de fotografias e vídeos de ações realizadas entre 2017 e 2025 em diversas cidades ao redor do mundo, reafirmando a relevância e a consistência da obra de Galindo no cenário da arte performática contemporânea.
Como parte da programação, a artista realiza ainda uma performance inédita na Praça da Harmonia, região central da cidade, no dia 3 de junho, terça-feira, a partir das 10h. A ação, que leva o nome da exposição, propõe uma reflexão sobre as persistentes e alarmantes taxas de violência contra a mulher — mesmo em contextos considerados democráticos e institucionalmente estáveis.
Nascida em 1974 na Cidade da Guatemala, onde vive e trabalha, Regina José Galindo desenvolve uma obra profundamente marcada pelas violências estruturais da sociedade latino-americana, com foco em temas como os direitos humanos, o feminicídio, a herança colonial e as desigualdades sociais. Em 2005, recebeu o Leão de Ouro na 51ª Bienal de Veneza por sua performance “¿Quién puede borrar las huellas?”, na qual percorreu descalça as ruas da capital guatemalteca deixando pegadas de sangue, em protesto contra a impunidade e o passado político violento de seu país. Desde então, vem participando de grandes exposições internacionais, como as Bienais de Veneza, São Paulo, Havana, Sharjah e Istambul, além de ter apresentado seus trabalhos em instituições como o MoMA (Nova York), Tate Modern (Londres), Centre Pompidou (Paris) e Guggenheim (Nova York).
Com uma linguagem artística que utiliza o próprio corpo como instrumento político, Galindo constrói ações impactantes que tensionam os limites entre arte, denúncia e ativismo. Sua produção tem sido fundamental para o debate contemporâneo sobre gênero, violência e os mecanismos de poder nas sociedades latino-americanas.
Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções institucionais em todo o mundo, incluindo: Tate Londres (Reino Unido), Foundation Centre Pompidou (França), Museu Solomon R. Guggenheim (EUA), La Gaia Collection (EUA), Universidade de Princeton (EUA), Museu Rivoli (Itália), Daros Foundation (EUA), MEIAC (Espanha), Miami Art Museum (EUA), Ubs, Cisneros Fontanals (EUA), Fondazione Teseco (Itália), Fondazione Galleria Civica (Itália), Mmka (Hungria), Consejería de Murcia (Espanha) e Art Foundation Mallorca (Espanha).
“Primavera Democrática” faz parte do calendário especial de ações e projetos expositivos que celebram os 15 anos da Portas Vilaseca em 2025.
Serviço Exposição | Terra De 24 de maio a 26 de julho
Segunda a Sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
7 de junho de 202511:00 - 26 de julho de 202519:00(GMT-03:00)
Local
CLARABOIA
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2906 Jardim América, São Paulo - SP