Depois de 20 anos sem trabalhar no cinema brasileiro, a atriz volta ao cartaz com uma atuação sublime em "Aquarius", segundo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho. Do “topo da montanha” de sua trajetória vitoriosa, Sonia diz enxergar com clareza a própria vida e os expedientes que levaram o Brasil ao que considera uma afronta à democracia
Sonia Braga nas ruas do Chelsea, em Nova York, em ensaio exclusivo para CULTURA!Brasileiros. Foto: Alcir N. da Silva
Sonia Braga vive momento feliz. Aos 66 anos, duas décadas depois de participar das filmagens de Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, a atriz voltou a atuar no País em 2015. Protagonista de Aquarius, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, que estreou nos cinemas de todo País na última quinta-feira (1), ela diz que, ao constatar a dimensão heroica e altiva da personagem Clara, foi arrebatada pelo roteiro original do diretor pernambucano. Viúva, jornalista aposentada e escritora, Clara reside no edifício que dá nome ao filme, um charmoso prédio de três andares construído na década de 1940 na orla da praia de Boa Viagem, um dos metros quadrados mais caros do Recife.
Culta e serena, Clara vive sozinha no apartamento, onde desfruta de sua enorme paixão pela música. Da porta da sua sala para fora, no entanto, o Edifício Aquarius é um campo de batalha. Aguerrida, ela permanece isolada no prédio, depois de todos os vizinhos terem vendido seus imóveis para a construtora Bonfim, que pretende erguer ali um arranha-céu e faturar milhões. A luta contra a especulação imobiliária é, para Clara, um embate de preservação do espaço físico e de sua própria memória afetiva.
De Nova York, em longa entrevista à CULTURA!Brasileiros iniciada por Skype e, depois, por telefone, Sonia revela que recentemente enfrentou um imbróglio jurídico, semelhante ao de Clara, com a Rede Globo. O processo foi motivado pela reprise do folhetim Dancin’ Days. Depois de um ano lutando para ser remunerada pelos direitos sobre o uso diário de sua imagem como Julia, protagonista na novela de 1978, a atriz foi derrotada na Justiça. Ironicamente, ela presidiu a comissão de profissionais do meio que, em 1979, lutou para que fosse aprovada uma lei de proteção aos direitos de artistas do audiovisual.
Embora feliz, Sonia vive também momento de apreensão. Amplificando o protesto feito no Festival de Cannes com a equipe de Aquarius, ela também demonstra indignação com o governo interino de Michel Temer (tornado efetivo dias depois, com o impeachment de Dilma Rousseff), para Sonia, “um golpe administrativo” que afronta a Constituição de 1988.
Na conversa a seguir, um recorte de quase três horas de prazeroso e bem-humorado bate-papo, a atriz também fala dos motivos que, desde o sucesso mundial de O Beijo da Mulher Aranha (1985), de Hector Babenco, fizeram com que ela trabalhasse cada vez menos no Brasil. Sonia também se diverte ao descobrir duas coincidências entre ela e dois colaboradores desta redação. Em 1983, quando filmava a versão cinematográfica de Bruno Barreto para Gabriela, Cravo e Canela, em Paraty (RJ, ela foi fotografada, em diversas situações, por Hélio Campos Mello, diretor de redação de Brasileiros (“diga a ele que quero cópias dessas fotos, caso contrário não autorizo publicar a entrevista”, brinca). Em 2011, este repórter esteve em Niterói e passou quatro dias na casa da atriz. O motivo? Nas páginas a seguir…
CULTURA!Brasileiros –Por que Aquarius convenceu você a voltar a filmar no Brasil, 20 anos depois de ter feito Tieta do Agreste?
Sonia Braga – Quando li o roteiro de Aquarius, havia nele tamanha força que não restaram questões em relação à personagem e ao filme. O convite de Kleber era irrecusável. Tive uma reação que jamais tive com qualquer outro roteiro que li. Compreendi as palavras de Clara e as situações que ela enfrentava, como se aquela mulher fosse eu.
Que características levaram à constatação de que você e Clara são parecidas?
Tive de criar uma imagem para poder explicar essa semelhança. Primeiro, porque ela e eu tivemos trajetórias muito diferentes, mas a idade que temos, emocionalmente e como cidadãs, nos levou a um mesmo lugar. Foi então que cheguei à seguinte imagem: somos mulheres que escalaram dois pontos diferentes de uma mesma montanha, mas que chegaram à mesma conclusão. Estamos no topo da montanha, temos agora uma visão mais ampla de nossas vidas e enxergamos muito mais longe. Essa imagem dá a dimensão do significado de Clara para mim. Deixei de fazer filmes no Brasil, mesmo amando meu País, porque não estava feliz com minha vida profissional por aí. Há uma questão muito grave, e mesmo distante sei disso, que é a situação dos nossos artistas.
Neste momento, a comunicação via Skype fica insustentável. Depois de muitas falhas nas transmissões de vídeo e áudio, Sonia decide telefonar para a redação de Brasileiros.
Alô, Sonia, está me ouvindo?
Agora sim. Sorte nossa que não somos astronautas…
Sim. Estaríamos orbitando dispersos um do outro… Você se lembra do que estávamos falando?
Claro que lembro. A pessoa que mente é que tem problemas de lembrar do que diz. Quem fala a verdade nunca se encrenca com a memória.
Você falava dos motivos que justificam o hiato de 20 anos sem trabalhar em cinema no País…
A verdade é que nunca quis me afastar do Brasil, mas não é fácil passar por duas gerações de cineastas que, simplesmente, ignoram quem eu sou. Enquanto isso, os convites para trabalhar fora só aumentavam, ao mesmo tempo que a televisão brasileira começou a ser um meio cada vez mais difícil para mim, algo irônico, porque ela foi muito importante para minha carreira.
Telenovelas demandam meses de gravação. Isso influenciou sua decisão de parar de fazê-las aqui?
Nunca tive problema com relação a isso. Passei a ter problemas com a TV brasileira a partir do momento em que percebi que, apesar de nós, artistas, termos uma lei que, bem ou mal, nos protege, há no País uma grande dificuldade de as pessoas entenderem que ser ator é também uma profissão. Dias atrás, escrevi em minha página pessoal do Facebook o absurdo que é alguém como Joana Fomm ter de se expor na internet para desabafar que está procurando emprego. As pessoas deviam sentir constrangimento de saber que uma atriz como ela tem de passar por isso – felizmente, ela já recebeu convites. Então, a ideia de trabalhar no Brasil ficou bem complicada, porque sempre respeitei o ofício de ator, uma profissão que, como todas as outras, tem de ser tratada com dignidade. Mas veja, por exemplo, o que aconteceu quando a Rede Globo decidiu reprisar Dancin’ Days: mesmo com picos de audiência e retorno publicitário, ninguém veio tratar do direito de uso da minha imagem – e fui protagonista da novela! Foi então que decidi mover uma ação contra a Globo e o Canal Viva, e saí em busca da palavra de um juiz para saber se é isso mesmo, se não tenho direitos conquistados. Quando acessei o Supremo Tribunal Federal o que ouvi foi: “Sonia, seus direitos são válidos. Existe uma lei que os assegura”. Mas quando fui ao Ministério do Trabalho, ouvi, pasma, algo como: “Sim, a lei existe, mas, infelizmente, não é executada”. Isso me deixa muito constrangida. Comecei a pensar na minha própria vida e, muito abalada, percebi novamente que meu problema com o Brasil é profissional e não pessoal. Só eu sei o quanto amo meu País.
Esse processo judicial durou quanto tempo?
Pouco mais de um ano…
Ou seja, um embate exaustivo, parecido com a batalha enfrentada por Clara em Aquarius…
Exatamente. Veio daí minha clareza sobre a dimensão da personagem e essa imagem: eu e ela estamos no topo da montanha. Dediquei anos e anos de minha vida ao Brasil. Por ser uma artista que representa o País, fui recebida na Casa Branca. Em 2011, quando o presidente Bill Clinton estava prestes a ir ao Brasil, ele fez questão de conversar comigo. Minha função naquele jantar era, como atriz, representar o Brasil. O fato de o próprio País não me reconhecer dessa forma é uma coisa bem estranha. Veja só o que aconteceu. Tudo parecia esgotado, mas o roteiro de Aquarius caiu nas minhas mãos e foi emocionante descobrir cada cena do filme e ler cada palavra de Clara. Para mim, Aquarius é como uma plataforma de resistência. Tanto que, graças a ele, fizemos o que fizemos nas escadarias do Festival de Cannes.
Aliás, parte da imprensa daqui disse que você foi cooptada a participar do protesto…
Para quem me conhece, essa argumentação não faz o menor sentido. Na minha vida, sempre fiz e faço somente as coisas que quero. Desde namorar alguém que eu sei que vai estragar alguns dos meus dias, até participar de atos políticos. Ninguém nunca me convenceu a fazer nada. Quem me conhece nem tenta.
Quando o protesto começou, você subia a escadaria. E essa imagem foi usada para afirmar que você foi convencida a participar do ato…
É bom falarmos sobre isso, porque vou explicar direitinho o que aconteceu. Enquanto eles imprimiam os cartazes no escritório, eu estava me maquiando, me preparando para a cerimônia. Eles vieram perguntar se eu iria participar do protesto. Disse que sim, mas que eu não precisava de um cartaz, porque iria sem bolsa e não teria onde levar. Um pouco antes de a gente pisar na escadaria, perguntei para o Kleber quando tudo ia começar. Ele disse que era preciso esperar o melhor momento. Não vi quando eles abriram os cartazes, porque estava de costas, posando para os fotógrafos, e aquele homem, da organização do festival, ao ver que eu estava de salto alto, decidiu me ajudar a subir a escadaria. Percebi que o protesto havia começado e pedi que ele, imediatamente, me levasse de volta.
E veja a narrativa que foi feita disso…
Um absurdo! Sabe o que penso sobre as pessoas que acreditam em manipulações como essa? Número um, elas não me conhecem; número dois, tenho pena delas; número três, elas têm de entender que, não só no Brasil, mas no mundo todo, vivemos um momento histórico perigoso. Minha posição sobre o que está acontecendo é afirmar que, mesmo não sendo um golpe como o de 1964, estamos diante de um golpe de estado administrativo. Não podemos aceitar um precedente desse. Quem não enxerga isso, que tente enxergar. Do topo da minha montanha, enxergo muito bem.
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Sonia, em cena de “Atenção Perigo”, de José Rubens, de 1968. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla. Foto: Arquivo pessoal
Na novela “A Moreninha”, com David Cardoso. Foto: Arquivo pessoal
Com Claudio Marzo, em cena do filme “Capitão Bandeira Contra Doutor Moura Brasil”, de Antonio Calmon. Foto: Arquivo pessoal
Em cena da novela “Dancin' Days”. Foto: Arquivo pessoal
Em cena de “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco, filme que projetou a atriz no cenário internacional. Foto: Arquivo pessoal
Sonia, como Clara, em cena de “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho. Foto: CinemaScope / Divulgação
Clara, pesquisando processos jurídicos que podem comprometer seus oponentes, em cena de “Aquarius”. Foto: Victor Jucá
Sonia, ao lado de Irandhir Santos, que interpreta o salva-vidas Roberval, amigo de Clara em “Aquarius”. Foto: CinemaScope / Divulgação
Sua vivência no País, nos anos 1970 e 80, influenciou a forma como você interpreta essa situação?
Não tenho dúvida. Tudo que sofremos para chegar onde chegamos faz com que eu entenda perfeitamente o que acontece agora. Tenho 66 anos, não sou ativista, não sou militante, mas sei da importância das minhas convicções e dos meus atos. Em Niterói, fui dia após dia à Secretaria do Meio Ambiente até conseguir a retirada de um lixão instalado em lugar indevido. Nunca estive nos holofotes da militância, não acordo militante, mas cidadã. Ninguém se lembra que presidi a comissão que foi ao Supremo Tribunal Federal lutar pela lei que defende os direitos de atores e atrizes. Recentemente, com muito esforço, consegui, por meio do arquivo digital de uma edição da Veja, de 1979, encontrar uma foto de minha luta contra Jece Valadão, que se opunha à criação da lei, por que era produtor e, claro, defendia o seu lado. Lamento não ter encontrado fotos da visita que eu, Betty Faria, Nelson Pereira dos Santos e Reginaldo Farias fizemos ao presidente Figueiredo. Fomos deixar bem claro para ele a importância de aquele artigo ser sancionado. Coisas como essa ninguém sabe, entende? E não estou aqui dizendo: “Ah, eu fiz isso, eu fiz aquilo”.
Você sempre agiu assim?
Desde sempre. Sei dos meus direitos e sempre irei defendê-los. Algo que me assusta e que faz parte da história do Brasil é que não temos um sistema judiciário que funcione. Sem ele o País não caminha. Quem coordena e faz a Justiça no Brasil não assegura ao cidadão que as leis sejam cumpridas. Esse é um quadro complicado de explicar, mas que me parece óbvio: em qualquer país que tem um poder judiciário que não garante os direitos de seus cidadãos, como acontece no Brasil, é previsível que tudo saia do controle.
Voltando ao protesto do Festival de Cannes, como foi a reação das pessoas com a sua participação?
Um horror! Voltei de Cannes e passei cinco dias consecutivos sentada diante do computador por dez, 11 horas, até conseguir limpar todos os ataques que recebi na minha página do Facebook. Claro, demorei tanto porque fiz questão de ir, de página em página, saber quem eram essas pessoas.
E quem eram elas, Sonia?
Gente infeliz, que me faz perceber o quanto o País vive um retrocesso horrível. Não lembro agora quem disse isso, mas, nesta semana, acompanhei quase todos os discursos das convenções do Partido Democrata, e lembro que, ao dizer que esse retrocesso é um fenômeno mundial, alguém questionou: “Até quando eles querem ir? Até derrubar os direitos civis? Até antes de as mulheres poderem votar?”. O mesmo vale para o Brasil. Até onde vamos retroceder? Até a volta da escravidão?! Vamos mesmo considerar normal um golpe que ofende e fere a Constituição brasileira?
Vivendo fora do País há mais de 20 anos, a evolução desse processo era perceptível para você?
Sempre procurei me informar sobre o que ocorre no Brasil. Quero deixar claro que a Rede Globo não é a única responsável por tudo que está acontecendo, mas, em um País com mais de 200 milhões de habitantes, o fato de uma emissora de TV ter mais de 70% de audiência é muito perigoso. Isso jamais deveria acontecer em uma nação onde as condições de trabalho são tão injustas que não permitem sequer que as pessoas criem diálogo com seus companheiros para que possam defender seus interesses.
O que acha da nova gestão do Ministério da Cultura?
Simplesmente que ela não tem credibilidade. Aliás, você viu o que eu falei para o ministro interino? Dias depois de ele assumir o MinC – com a pasta ressuscitada, graças à pressão dos artistas –, a imprensa perguntou o que ele achava sobre o protesto que fizemos. Ele teve o disparate de chamar o ato de “criancice”. Veja o nível do debate. Soube disso quando estava na rua. Voltei imediatamente para minha casa e escrevi um texto aberto, em meu Facebook, que começava assim: “Ministro Marcelo, você tem 33 anos de idade. Só de profissão e contribuição para a cultura do País, tenho mais de 50 anos. Desculpe dizer isso, mas é que acho que você não deve saber quem eu sou”. Se ele estivesse verdadeiramente preparado para ser um ministro da Cultura, teria defendido e não atacado todos nós de forma tão cínica.
Você diria o mesmo para quem pediu boicote ao filme?
O que disse ao ministro vale para eles da mesma forma. Não consigo entender de onde surgem pessoas tão desinformadas e raivosas. Não compreendo de onde vem tanto ódio. Como é que alguém que age assim pode dizer que é brasileiro? A bandeira do Brasil virou um símbolo para essa gente, mas não entendo como eles podem dizer que amam nosso País ao mesmo tempo que pedem o boicote de um filme que representou o Brasil, com grande sucesso, no Festival de Cannes, um dos mais respeitados do mundo. Que atitude esquizofrênica é essa?!
Kleber contou que Aquarius já foi vendido para mais de 60 países. Você acha que, no Brasil, existe um ambiente de alienação que transforma em algo coerente o pedido de boicote a um filme de tamanho interesse mundial?
Acho que sim. Essas pessoas não fazem a menor ideia de quantas críticas incríveis foram publicadas sobre o filme ao redor do mundo. Isso é o Brasil sendo visto aqui fora com grandiosidade. Isso é o mundo descobrindo que o Brasil também faz cinema lindo, que nossos filmes emocionam o mundo. Isso é saber que o Brasil tem um diretor tão talentoso, que, sobre ele, a imprensa mundial afirma: “Aguardamos com grande expectativa Aquarius, o novo filme de Kleber Mendonça Filho”. Uma pessoa como ele não ser reconhecida em seu próprio País, por total ignorância das pessoas, é um absurdo. Quando Kleber e a equipe voltaram do Festival de Cannes – sobretudo depois de ele também ter feito uma carreira brilhante com O Som ao Redor –, eles tinham de ser recebidos pela imprensa local, no desembarque do aeroporto, como se fossem um time de futebol que é recebido com festa. Defendo Kleber incondicionalmente. Amo o que ele faz, da mesma forma que amo meu País.
Com o sucesso internacional de Aquarius, não acha um desperdício você ter deixado de fazer filmes por aqui? O cinema brasileiro não perdeu com isso?
Concordo, e espero que isso mude, porque sou uma mulher de cinema, uma atriz que pertence ao audiovisual, minha essência é essa. Quando fazia telenovelas, gostava de pensar que a TV era a melhor maneira de levar meu trabalho às pessoas que não podiam pagar para ir ao cinema. Ficava muito feliz por saber que milhões de famílias estavam reunidas vendo Gabriela ou Dancin’ Days. E foi essa consciência que me deu a alegria de ser quem eu sou. Não sei se você sabe, mas deixei a escola quando tinha 14 anos de idade. Não tenho formação acadêmica alguma, nem mesmo de atuação, da mesma forma que nunca participei de grupos politicamente organizados. É por isso que insisto: as ideias que tenho são verdadeiras, elas vêm de mim. Em 1988, fiz um filme com Robert Redford (Rebelião em Milagro, dirigido pelo ator) e viemos, de Hollywood, lançar o longa no Brasil. Os jornalistas telefonavam para a casa da minha irmã e perguntavam: “Maria, onde podemos encontrar a Sonia? Em que festas ela e Robert estão indo?!”. Maria dizia: “Gente, a Sonia está na minha casa. Agora mesmo está dormindo no quarto de minha filha, Daniela”. Os jornalistas respondiam: “Ah, Maria, deixe de brincadeira e diga logo a verdade…”. Ela dizia: “Acreditem ou não, é essa a verdade”.
Sonia, você falou de Maria, e devo dizer que, em 2011, fiz, para Brasileiros, uma reportagem com Jards Macalé, que durou cinco dias, porque acompanhei as filmagens que seriam exibidas em um show dele no Teatro Oficina, em São Paulo. Como Maria é produtora do Jards, a conheci nessa ocasião. A convite dela, fiquei quatro dias na sua casa em Niterói…
Mas que bela coincidência! Não te falei que quem mente não consegue lembrar como quem fala a verdade? Pois essa sou eu, essa é minha família. Maria e Carlinhos (cunhado de Sonia) são gente como eu. Como você pôde ver, minha casa é grudada na deles. Adoro ir a Niterói (a atriz nasceu em Maringá, no Paraná). Quando estou lá, tem dias que acordo, pego uma caneca de café, saio na rua, encontro as pessoas e fico de bate-papo: “Oi, Fátima, tudo bem?! Como está sua mãe?”. Fátima é manicure, nossa vizinha. Gosto de gente assim.
Enquanto isso, a imprensa estava atrás de você e de Robert Redford no Copacabana Palace?
Exatamente. No Copa e na porta de outros hotéis. Veja só o que aconteceu: Carlinhos é paisagista. Ele me levou para conhecer uma palmeira que só dá flores de 60 em 60 anos. Depois, fomos a um parque lindo, em frente ao aeroporto Santos Dumont, criado pelo Burle Marx. O lugar estava uma coisa horrível, caindo aos pedaços…
E vocês decidiram cuidar do parque?
Sempre digo que meu departamento é o sanitário (risos). E vendo o estado deplorável do parque, perguntei: “Carlinhos, você sabe se o ato de varrer uma rua ou uma praça pode fazer com que alguém seja preso”?. Ele respondeu: “Acho que não. Isso não faz o menor sentido, Sonia”. Então propus: “Vamos limpar esse parque?!”. Ele topou na hora, marcamos tudo para o dia seguinte. Saímos para comprar vassouras, luvas, chamamos amigos para ajudar e convidamos um grupo de músicos para tocar chorinho enquanto a gente trabalhava. Tive também a ideia de dizer: “Maria, a imprensa não quer saber onde estou? Avise a eles que a gente estará lá amanhã, varrendo o parque”. Ela achou a ideia boa, telefonou para algumas redações, mas as pessoas derrubavam a ligação, não acreditavam na história.
Ninguém teve a capacidade de checar se era mesmo trote?
Ninguém deu a menor bola para ela. Foi preciso que eu telefonasse para eles e dissesse algo como: “Alô, aqui é Sonia Braga. Por favor, acredite e não desligue o telefone. Amanhã, domingo, eu e amigos estaremos no parque em frente ao Santos Dumont varrendo o local”. Eles, enfim, acreditaram e foi aí que nasceu o movimento Loucos Varridos. Uma ideia tão bem aceita que o prefeito espalhou cartazes na cidade para incentivar pessoas a fazerem o mesmo.
Quem era o prefeito do Rio, nessa época?
Era o César Maia. Dias depois, ele veio me procurar. “Sonia, que história é essa de você e o povo estarem varrendo as ruas?!”. Provoquei: “Prefeito, desculpe, mas se as ruas estão sujas, nós vamos limpar”. Um amigo, publicitário, criou cartazes incríveis com a seguinte frase: “De longe o Rio de Janeiro é a cidade mais linda do mundo. De longe, bem de longe…”. Quando o prefeito me procurou, meio constrangido, disse: “Sonia, tem alguma coisa que eu possa fazer por vocês?”. Respondi: “Claro que tem! A prefeitura tem quantos outdoors na cidade?!”. Não lembro quantos eram, mas fizemos ele colocar o slogan do movimento em um por um e também em relógios. Conseguimos muitos voluntários, mas depois de um tempo o movimento foi esvaziado.
Falando em articulações sociais, alguns cientistas políticos defendem que, nos últimos anos, a direita brasileira se uniu de maneira mais objetiva do que a esquerda. Você concorda?
Concordo plenamente. E acho que as pessoas precisam perceber que o futuro do Brasil não é questão de direita ou de esquerda, mas sim de pensar que, como cidadãos, temos de defender a Constituição do nosso País. E fazer isso não transforma ninguém em comunista. Quem acredita nisso e sente orgulho de dizer que é de direita logo vai ter de explicar o que, afinal, quer do País. Não sou de direita nem de esquerda, mas sei bem o que quero. Quero que a ordem, a democracia e a Constituição sejam respeitadas. Quero que Temer saia imediatamente, que Dilma volte ao lugar em que o povo a colocou e que daqui a um ano e meio cada um resolva, nas urnas, o que quer para o País. Se essa tal direita quer dar fim a tudo que conquistamos, ela que reconheça que são eles os agitadores decididos a levar o Brasil ao buraco. Essa direita é feita daqueles que não querem a felicidade de todos, que não querem a alegria de um País inteiro. Uma minoria ridícula, egoísta.
No próximo domingo haverá passeatas em defesa da permanência ou da saída de Michel Temer do poder. Se estivesse aqui, também iria às ruas?
Provavelmente sim, mas, como sou uma figura pública penso que isso funciona de forma diferente. Sei bem que poderia acontecer comigo algo parecido com o que fizeram com o Chico.
Você se refere ao episódio em que Chico Buarque foi hostilizado por um grupo de jovens no Leblon?
Sim, e pergunto: faz algum sentido uma pessoa com a história do Chico ser tratada daquela forma?! Não conheço os caras que fizeram aquilo, mas conheço Chico muito bem. Se a pessoa diz que ama o Brasil e trata alguém como Chico com tamanha hostilidade, no meio da rua, essa pessoa vive um delírio. Chico é um dos artistas que mais defenderam e divulgaram o Brasil. Da mesma forma que eu, ele está preocupado com o pedreiro, com o padeiro, com o marceneiro, com as pessoas do bairro, com os mais desprotegidos.
Voltando ao filme, desde que vi Aquarius, frequentemente lembro de alguma cena, sobretudo pela força de sua atuação. Nos países onde o filme já foi exibido essa reação de empatia com Clara tem sido comum?
Sim, e espero que o mesmo aconteça no Brasil. E o que você disse é maravilhoso, porque também estou sempre lembrando do filme. Aliás, isso aconteceu comigo desde que Aquarius existia somente no papel. Tudo que estamos passando agora devia servir de aprendizado para a necessidade de encontros como esse que eu e Kleber tivemos. Juntos, seremos mais fortes.
Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700
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Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700 inscritos pelos curadores Camila Fontenele e Tiago Gualberto, na ocasião em que são celebrados os 35 anos da mostra idealizada por Janete Polo Melo, ex-técnica sociocultural da Unidade que, em 1989, lançou a primeira edição da MAJ em parceria com o Centro de Comunicação e Artes da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Vitrine e agente de visibilidade e incentivo para a produção de artistas com idade entre 15 e 30 anos, ao longo de mais de três décadas, a MAIOR tem permitido a jovens talentos de todas as regiões do país expressarem sua criatividade por meio de manifestações artísticas diversas, como pinturas, gravuras, esculturas, intervenções e performances, movimentando o cenário artístico do interior paulista e ampliando a discussão da diversidade socioeconômica e cultural. A exemplo de edições anteriores, na ocasião da abertura da 31ª edição os curadores também farão o anúncio dos três artistas contemplados com o Prêmio Incentivo.
Movida pelo propósito de facilitar o acesso ao universo das artes e de difundir e projetar novos artistas para o Brasil e para o cenário internacional, a exposição coletiva do Sesc Ribeirão Preto contribuiu para a revelação de importantes nomes das artes visuais, como Jaime Lauriano, Marcelo Moschetta, Cordeiro de Sá, Beta Ricci, Felipe Góes, Fabricio Sicardi, Renata Lucas, Nilton Campos, Sofia Borges e Renato Rebouças, além de artistas indicados ao Prêmio PIPA, como Carla Chaim (2016), Talles Lopes (2022 e 2024) e Vulcanica Pokaropa (2024), entre outros.
Com mais de 600 talentos apresentados ao público ao longo de 35 anos, a 31ª edição da MAJ compõe um painel de diversidade étnica que incluiu brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Nesta edição, os artistas selecionados pelos curadores vêm de nove estados do Brasil – São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco, Pará, Minas Gerais e Amazonas – e do Distrito Federal.
Confira a seguir a lista completa de artistas presentes na 31ª MAJ:
Abner Sigemi – Amauri – Anna Lívia Taborda – Bárbara Savannah – Bruno Benedicto – Cho – Cicero Costa – Diego Rocha – Diez – Donatinnho – Estela Camillo – Felipe Rezende – Giovanna Camargo – Gu da Cei – Gustavo Ferreira – Hanatsuki – Isabela Picheth – Isabella Motta – Isabelle Baiocco – Ítalo Carajá – Janaína Vieira – Juniara Albuquerque – Kaori – Kelly Pires – Kuenan Tikuna – Leid Ane – Lorre Motta – Lucas BRACO – Lucas Gusmão – Lucas Soares – Luiza Poeiras – Mar Yamanoi – Mariana Simões – MAVINUS – Murillo Marques – Nat Rocha – Níke Krepischi – O Tal do Ale – Okarib – Pedro Mishima – Rayane Gomes – Samuel Cunha – Sophia Zorzi – Vitor Alves – Yan Nicholas – Yanaki Herrera
Processo curatorial
No texto curatorial da exposição, elaborado a partir de reflexões registradas em um longo diálogo entre Camila Fontenele e Tiago Gualberto, uma preocupação norteou o processo elaborado por eles a partir de setembro de 2023: a complexidade de selecionar um recorte diante de um número expressivo de artistas aspirantes a expor seus trabalhos na 31ª MAJ.
“Ao observar as 722 inscrições – que passaram por três fases de seleção, inicialmente 114, depois 72, até chegarmos às 46 pessoas selecionadas – percebo a forma fluida e coerente com que esses trabalhos se fortalecem reciprocamente, ao mesmo tempo em que também geram tensões e contrastes”, afirma Camila.
“Tão importante quanto reconhecer o mérito das investigações de destaque desse conjunto de 722 artistas aos quais nos dedicamos é compreender o papel formativo e educador construído ao longo das dezenas de edições da MAJ. Isto é, o gesto de laurear um conjunto representativo dessa arte jovem não deve se separar do gesto de escuta e oferta de condições de aperfeiçoamento aos demais artistas não selecionados. Em termos curatoriais, as centenas de pesquisas não selecionadas serviram como um grande coral de vozes a nos guiar para a identificação de pautas, agendas, reivindicações sociais, políticas e estéticas”, conclui Gualberto.
Com abertura ao público às 19h30 do dia 5 de dezembro, no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ posteriormente poderá ser visitada no horário normal de funcionamento da unidade: de terça a sexta, das 13h30 às 21h31; aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h. Com acesso livre e gratuito, a exposição fica em cartaz até 8 de junho de 2025.
Serviço
Exposição | 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ
De 6 de dezembro a 8 de junho
Terça a sexta, 13h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, 9h30 às 18h
Período
6 de dezembro de 2024 13:00 - 8 de junho de 2025 21:30(GMT-03:00)
Em parceria inédita, MOS e Galeria Athena inauguram, no dia 23 janeiro, a nova exposição “Intermédio” do artista carioca Gustavo Prado, na cidade de São Paulo. Esta é a
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Em parceria inédita, MOS e Galeria Athena inauguram, no dia 23 janeiro, a nova exposição “Intermédio” do artista carioca Gustavo Prado, na cidade de São Paulo. Esta é a segunda exposição da galeria após a chegada da Athena à capital paulistana.
A mostra acontece no espaço expositivo do edifício Melo Alves 645, que se propõe a ser um centro de convergência cultural, oferecendo ao público exposições de arte inéditas. Com a individual de Prado, a Athena reúne um conjunto de obras inéditas, marcando não apenas a primeira exposição individual do artista na capital paulista e sua representação pela galeria, mas também seu retorno ao Brasil após catorze anos de residência em Nova Iorque.
“Intermédio” apresenta obras escultóricas que dialogam não apenas com as estratégias de construção, circulação e vigilância características de São Paulo e de grandes centros urbanos, mas também com o legado da pintura e da escultura da arte construtivista – que teve nesta metrópole a sua capital brasileira. A exposição também conta com uma intervenção na fachada da galeria em que o artista busca romper a separação entre o espaço interno e a rua.
Serviço Exposição | Intermédio De 23 de janeiro a 15 de março
Segunda a domingo, das 9h às 18h
Período
23 de janeiro de 2025 09:00 - 15 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Athena
R. Dr. Melo Alves, 645 - Cerqueira César, São Paulo - SP
A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar cosmos – outras cartografias, exposição coletiva com curadoria da artista Laura Vinci em parceria com o núcleo curatorial Nara Roesler. A
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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentarcosmos – outras cartografias, exposição coletiva com curadoria da artistaLaura Vinci em parceria com o núcleo curatorial Nara Roesler. A mostra reúne em torno de 30 trabalhos de 22 artistas que, embora possuam poéticas distintas entre si, têm como ponto de convergência a questão da cartografia. A cartografia é um campo do conhecimento que produz representações gráficas de um determinado espaço, e historicamente a mesma dialogou profundamente com as artes, a religião e diversos sistemas de crenças e mitologias. Olhando para os mapas como ideias de representação de mundo, mas também como ferramentas amplamente utilizadas para controle e exploração de territórios colonizados, a mostra busca reunir trabalhos que repensam e subvertem essas representações.
Dentre os nomes de peso histórico da mostra, figuram trabalhos de Anna Bella Geiger, Nelson Leirner e Paulo Bruscky, que buscam trazer a questão da representação gráfica para um viés poético, tanto discutindo questões nacionais quanto se debruçando sobre uma geopolítica mais ampla. A materialidade da cartografia aparece nos trabalhos de André Vargas, Marina Camargo e Carlos Bunga, que constroem (ou percebem) mapas e desenhos através de suportes pouco usuais. Temas de ordem política, trazendo questões como disputas de narrativa e colonialismo estão presentes nos trabalhos de Alfredo Jaar, Jonathas de Andrade, Jaime Lauriano e Talles Lopes.
Nas palavras de Laura Vinci, o foco da exposição decorre “das várias crises que o nosso planeta enfrenta atualmente – sejam elas políticas, migratórias ou ambientais – e o objetivo desta exposição é inspirar a reflexão sobre diferentes abordagens artísticas para essas questões urgentes. Para os artistas, “pensar sobre o mundo” não significa necessariamente filosofar, mas criar imagens, objetos, representações e intervenções que se envolvam com essas ideias globais. Alguns trabalhos podem ter uma perspectiva mais política ou geopolítica, enquanto outros podem enfatizar preocupações ambientais. Juntas, as obras incentivarão um diálogo mais amplo sobre o mundo em que vivemos”.
artistas participantes
Alfredo Jaar, Anna Bella Geiger, Runo Lagomarsino, Ana Linnemann, André Vargas, Arjan Martins, Brígida Baltar, Carlos Bunga, Carlos Motta, Jaime Lauriano, Jonathas de Andrade, Laura Vinci, Marina Camargo, Nelson Leirner, Nelson Felix, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Rivane Neuenschwander, Talles Lopes, Vanderlei Lopes
Serviço Exposição | cosmos – outras cartografias De 06 de fevereiro a 15 de março
Terça a sábado, das 10h às 18h
Período
6 de fevereiro de 2025 09:00 - 15 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 7 de fevereiro a 30 de março, a Sala de Vídeo: Janaina Wagner. A mostra marca
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O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 7 de fevereiro a 30 de março, a Sala de Vídeo: Janaina Wagner. A mostra marca a estreia do documentário experimental Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025), de Janaina Wagner (São Paulo, SP, 1989), que tem como elemento central a BR-230, conhecida como Rodovia Transamazônica.
Projetada para conectar a Amazônia à costa brasileira, a construção da Transamazônica, ocorrida durante o período militar, foi marcada por uma perspectiva extrativista e por tensões com as comunidades da região. A exposição destaca como a rodovia transformou a paisagem e deixou marcas profundas no meio ambiente e no cotidiano das populações locais, afetando tanto a cultura quanto a história do Brasil.
Com curadoria de Leandro Muniz, curador assistente, MASP, a sala de vídeo exibe uma trilogia de vídeos gravados no território amazônico: Curupira e a máquina do destino (2021), Quebrante (2024) e Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025). Na trilogia, a rodovia inacabada dialoga com figuras do folclore brasileiro, criando metáforas críticas sobre a realidade do país. “A obra de Janaína Wagner se apropria de figuras mitológicas ou folclóricas para abordar conflitos reais, como é o caso da Curupira. A personagem carrega simbolismos marcantes, especialmente o detalhe dos pés para trás que andam para a frente, o que, no trabalho de Wagner, sugere as contradições do desenvolvimento predatório”, comenta Muniz.
Os documentários experimentais de Wagner criam ficções para refletir sobre a realidade, entrelaçando história da arte, cinema e literatura. O documentário Iracema – uma transa amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, foi uma referência central para a artista, que propôs uma continuação do longa-metragem ao contar novas histórias sobre o que acontece nas margens da rodovia BR-230. Como em Curupira e a máquina do destino (2021), filmado no distrito de Realidade (AM), que narra o encontro entre uma curupira e o fantasma encarnado de Iracema, personagem fictícia do filme de 1974.
Em Rurópolis (PA), primeira cidade fundada na BR-230 para servir de base aos trabalhadores que a construíram, transcorre Quebrante (2024). O vídeo acompanha Dona Erismar, a professora aposentada que descobriu as cavernas da região e ficou conhecida como “A Mulher das Cavernas”.
Encerrando a trilogia de pesquisa de Janaina sobre a Rodovia Transamazônica, Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos (2025) anuncia a aproximação de um Segundo Sol e a catástrofe causada pela crise climática.
Sala de Vídeo: Janaina Wagner é a primeira exibição de 2025 no MASP, que, ao longo do ano, incluirá mostras audiovisuais de Emilija Škarnulytè, Maya Watanabe, Inuk Silis Høegh, Tania Ximena e Vídeo nas Aldeias. A Sala de Vídeo integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da Ecologia.
Serviço Exposição | cons.tru.ção | definição em aberto De 07 de fevereiro a 30 de março
Quarta a quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas
Período
7 de fevereiro de 2025 10:00 - 30 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de inaugurar sua programação de 2025 em São Paulo com a nova exposição de Lucia Laguna, A propósito de duas janelas.
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A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de inaugurar sua programação de 2025 em São Paulo com a nova exposição de Lucia Laguna, A propósito de duas janelas. A mostra marca o retorno da artista à cidade desde sua última individual na galeria, em 2020.
Desde que começou a pintar, a janela funciona para Laguna como ponto de vista, mas também orienta as suas decisões compositivas: opera, ao mesmo tempo, como um sistema de ordenação do plano em quadrados e retângulos e como componente que desestabiliza a escala e cria novas vistas dentro do quadro.
Estas obras produzidas neste ano e ao longo de 2024 e 2023, marcam um momento transitivo na pesquisa da artista: recentemente, Laguna passou a ocupar um novo estúdio, deixando aquele em que trabalhou e morou por mais de 40 anos. Esse deslocamento físico leva também a uma transformação formal e temática nas suas obras, e conduz às “duas janelas” aludidas no título da exposição. Em pinturas como Paisagem nº 157 (2024), blocos e faixas monocromáticas em tons neon de verde, amarelo, laranja, vermelho e rosa são novos elementos que expandem o repertório cromático da artista enquanto aguçam as possibilidades inerentes à sua prática. Uma dinâmica de ocultamentos e ênfases visuais cria apagamentos luminosos, presenças que também escondem. Ao cortar e atravessar a superfície, essas intervenções geométricas de planos e linhas desierarquizam a perspectiva, subvertendo proporções. Construções e fragmentos de arquitetura aninham-se dentro de densas representações de mata, cruzando referências vegetais e construtivas.
Ancoradas em figuras, seus trabalhos se convertem em trechos abstratos. As diagonais incisivas, os bloqueios coloridos da superfície, os cortes decididos e as transversais que caracterizam a pintura de Lucia Laguna citam elementos construídos como muros, cabos elétricos, cercas a casas. Traduz-se assim a natureza palimpséstica da constituição urbana do Rio de Janeiro. A presença dessa paisagem labiríntica impõe uma apreensão fragmentária a que a artista responde com observações às vezes micro, às vezes macroscópicas. Nascem obras profundamente situadas no ambiente, com um olhar que esmiúça e expande os arredores, implicado na construção, reconstrução e desconstrução do espaço.
A exposição é acompanhada de um ensaio escrito pelo crítico e curador Diego Matos.
Agradecimento especial a Claudia Moreira Salles pelo mobiliário da mostra.
Serviço Exposição | A propósito de duas janelas De 08 de fevereiro a 22 de março
Terças a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 18h
Período
8 de fevereiro de 2025 10:00 - 22 de março de 2025 19:00(GMT-03:00)
A Galeria Leme inaugura a exposição individual “Fulgor atlântico” do artista visual Tiago Sant’Ana, com texto crítico do curador Renato Menezes. Com mais de 30 obras, a mostra reflete
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A Galeria Leme inaugura a exposição individual “Fulgor atlântico” do artista visual Tiago Sant’Ana, com texto crítico do curador Renato Menezes. Com mais de 30 obras, a mostra reflete uma pesquisa sobre os diálogos entre o branco e o azul, conectando esses elementos às tradições escultóricas iorubanas.
Entre os destaques da mostra está a série “Itutu”, composta por desenhos em lápis azul cobalto sobre papel de algodão. A série se inspira na filosofia iorubana, que associa uma frieza mística ou paz de espírito à expressão serena de um rosto. As obras retratam figuras masculinas em diferentes contextos, explorando texturas e contrastes entre gestos precisos e livres. A cabeça, elemento central em todas as composições, faz referência à tradição cultural iorubana que a reconhece como o ponto onde reside a energia vital.
A exposição, segunda individual do artista na galeria, apresenta também o vídeo “Apneia”, que explora os dilemas entre fala e escuta por meio de uma narrativa lírica que combina som, imagem e palavra. Complementam a mostra obras feitas com bordados em seda e composições que utilizam açúcar e pigmentos azuis. Esses trabalhos formam espécies de fotografias ou gravuras reveladas no açúcar, material recorrente na produção de Sant’Ana devido ao seu simbolismo histórico ligado à colonização no Brasil, conectando memória afro-diaspórica a questões históricas.
Tiago Sant’Ana utiliza múltiplas linguagens artísticas para estimular reflexões profundas sobre história e memória, entendendo esta última como um direito essencial para o desenvolvimento social. Suas obras equilibram rigor conceitual e apuro estético, oferecendo ao público uma experiência que alia sensibilidade visual a uma análise crítica.
Serviço Exposição | Fulgor atlântico De 08 de fevereiro a 22 de março
Terça a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 17h
Período
8 de fevereiro de 2025 10:00 - 22 de março de 2025 19:00(GMT-03:00)
Reunião de obras de Guga Szabzon e Thomaz Rosa e pelo curador Cristiano Raimondi, além de trabalhos criados a quatro mãos, Calambur resulta de um ano de diálogo e
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Reunião de obras de Guga Szabzon e Thomaz Rosa e pelo curador Cristiano Raimondi, além de trabalhos criados a quatro mãos, Calambur resulta de um ano de diálogo e colaboração entre os artistas. Ao longo de 2024, eles passaram a frequentar o ateliê um do outro e a trocar um banco de imagens que guardavam como referência, uma prática que, coincidentemente, já mantinham de antemão. Essas aproximações culminaram em ações mais experimentais, que envolvem a criação de obras cujas etapas foram executadas intercaladamente por Guga e Thomaz, além de trabalhos criados em conjunto. Desse último, um exemplo é Só não sei se continuo (2024). A peça teve a sombra projetada pelo corpo dos dois artistas pintada por Rosa sobre a superfície do feltro, material recorrente na produção de Szabzon.
Cristiano Raimondi — responsável pela curadoria de exposições de Szabzon na Millan e na galeria Travesía Cuatro, no México, em 2023 — incentivou a aproximação entre os artistas ao notar pontos de contato em suas respectivas pesquisas. Ainda que seus trabalhos preservem grandes diferenças, sobretudo no que diz respeito aos processos e materiais empregados por cada um, eles compartilham em suas composições a linha e a sugestão de movimentos rápidos, além de um apreço por correntes da arte moderna e da segunda metade do século XX.
O bate-bola mantido por eles é reposto no espaço expositivo, por meio de movimentos de associação entre as obras e, sobretudo, por outro trabalho elaborado pela dupla. Quicada (2024) consiste em uma mesa de pingue-pongue coberta por traços, formas, pinturas e objetos produzidos pelos artistas. Posicionada no centro do espaço, a obra funciona como uma metonímia de Calambur — o movimento veloz da bolinha arremessada de um lado a outro pelas raquetes — ou o do olhar de quem a acompanha — é o mesmo proposto pelo trio que idealizou o projeto: traçar um percurso errático e fugaz pelo universo de cada artista, seu ateliê, suas obras e os artistas olhados por cada um, formando um rastro que embaralhe e reordene nossa mirada sem definições estáticas. ORDINIEDESORDINE, 2024, obra de Guga Szabzon inspirada pelo artista italiano Alighiero Boetti, mais uma referência partilhada, também perpassa esse raciocínio.
Da mesma forma, o título, Calambur, lida com a permutação. Em seu sentido original, designa um jogo de palavras que as aproxima na fala por uma sonoridade semelhante, ainda que tenham significados distintos. Por fim, um zine com as imagens de referência de Guga Szabzon e de Thomaz Rosa foi elaborado para o projeto, em colaboração com o designer Pedro Alencar. Em formato de flipbook, a publicação acompanha uma bolinha que quica página a página, atravessando o universo de referências que informa a pesquisa de cada artista.
Serviço Exposição | Calambur De 08 de fevereiro a 22 de março
Segunda a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h
Período
8 de fevereiro de 2025 10:00 - 22 de março de 2025 19:00(GMT-03:00)
A Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e com curadoria de Ana Carolina Ralston, convida para a abertura da exposição Claudia Andujar: Flora. A mostra reúne uma
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A Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e com curadoria de Ana Carolina Ralston, convida para a abertura da exposição Claudia Andujar: Flora. A mostra reúne uma série de imagens que exaltam a beleza e a complexidade ambiental da natureza, permitindo um mergulho sensorial na visão da renomada fotógrafa suíça radicada no Brasil.
A exposição apresenta dez registros da floresta amazônica, capturados por Andujar nos anos 70. As ampliações dessas fotografias possibilitam ao espectador uma experiência imersiva, dividida em dois núcleos expositivos dentro da Casa Seva, espaço independente voltado à arte, natureza e sustentabilidade. No primeiro, as imagens impressas em papel algodão ressaltam a maestria da artista no uso da luz e sua composição poética. Já no segundo núcleo, a projeção de três fotografias sobre tecidos cria uma atmosfera envolvente, permitindo que os visitantes interajam diretamente com a obra.
Além do impacto estético, Claudia Andujar: Flora resgata a mensagem essencial da artista: a importância da preservação da Amazônia. Publicadas originalmente na revista Realidade em uma edição especial sobre a região, essas imagens servem como um alerta para a devastação ambiental e a necessidade de proteger esse ecossistema vital. Como a própria Andujar afirma, “sem a natureza não dá para continuar a viver”.
Serviço Exposição | Claudia Andujar: Flora De 13 de fevereiro a 12 de abril
Terça a Sexta, das 11 às 18h, sábado, das 11 às 15h
Período
13 de fevereiro de 2025 11:00 - 12 de abril de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Casa Seva
Al. Lorena, 1257 - Casa 1, Jardins, São Paulo - SP
A galeria Verve inaugura a primeira exposição individual do artista PV Dias (Belém, PA – 1992) em sua sede no Edifício Louvre, com abertura marcada para o dia 15
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A galeria Verve inaugura a primeira exposição individual do artista PV Dias (Belém, PA – 1992) em sua sede no Edifício Louvre, com abertura marcada para o dia 15 de Fevereiro de 2025. Com amplo reconhecimento institucional, o jovem artista paraense já conta com obras nos acervos permanentes do Museu de Arte do Rio (MAR), o Museu Nacional de Belas Artes e, mais recentemente, teve uma obra adquirida para o acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Para sua primeira mostra individual na galeria, Dias apresenta sua pesquisa em torno da estrutura racial no contexto prisional brasileiro a partir de intervenções em arquivos históricos, exibidas em dois núcleos distintos: “Que Tenhas o Corpo” e “Noite do Pau e Corda”, ambos abordando a privação de liberdade e os mecanismos de controle social historicamente atrelados ao racismo estrutural.
“Eu cresci em um núcleo familiar envolto por carimbos, prisões e sentenças. (…)” afirma o artista; “É um trabalho profundamente pessoal, que ao mesmo tempo dialoga com o debate sobre o abolicionismo penal, tema urgente em tempos de violência policial exacerbada em São Paulo e no Brasil. Assustado diante de uma onda gigantesca de violência policial que nunca cessou, pesquisei as primeiras — e talvez únicas — fotografias de pessoas negras do século XIX que têm registrados os nomes das pessoas retratadas, todas condenadas na ocasião por algum tipo de crime”. Desta forma, PV Dias dialoga no primeiro núcleo com o arquivo da Biblioteca Nacional, ao “absolver” simbolicamente a imagem de 100 pessoas negras registradas no “Livro de registros contendo histórico de condenados e suas penas”, datado do século XIX. O ato de carimbar repetidamente esses registros busca restituir a dignidade e memória desses indivíduos, ampliando a leitura do documento e subvertendo a lógica de apagamento.
Já nas pinturas de “Noite do pau e corda”, o artista reconstrói uma cena histórica de abordagem policial na Belém do início do século XX, na qual a uma noite de Carimbó é interrompida pela polícia. Manifestação musical de origem afro-indígena do século XVII, o Carimbó que hoje é celebrado no atual estado do Pará foi, em determinado momento, proibido pelo Estado para “evitar a desordem pública”. Partindo do deslocamento de vivências temporais e locais, PV faz uso dos sons, pinturas, gravuras, arte digital e fotografia de arquivos públicos ou pessoais, para contextualizar as relações e influências raciais moldadas pelas disputas de poder presentes na história do Brasil. Embora a exposição evidencie um sistema historicamente falho e contraditório, perpetuado de formas brutais, a estética figurativa, gráfica e colorida procura ressignificar essas narrativas. Ao recorrer a uma linguagem local, popular e decolonial, o artista apresenta histórias de tal forma a também subverter as tradições do meio artístico hegemônico.
Serviço Exposição | Que Tenhas o Corpo e Noite do Pau e Corda De 15 de fevereiro a 15 de março
Terça a sexta-feira, das 11:00 as̀ 18:00h, sábado, das 12:00 as̀ 17:00h
Período
15 de fevereiro de 2025 11:00 - 15 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Verve Galeria
Avenida São Luis, 192, Sobreloja 06, República, São Paulo - SP
Um conjunto que mescla escultura, instalação e vídeo reorganiza a ambientação da galeria. Seguindo os procedimentos de sua última individual na Central, ‘Montanhas nos observam em time-lapse’ (2019), Manhães
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Um conjunto que mescla escultura, instalação e vídeo reorganiza a ambientação da galeria. Seguindo os procedimentos de sua última individual na Central, ‘Montanhas nos observam em time-lapse’ (2019), Manhães propõe alterações na iluminação do espaço e recorre a recursos sonoros para compor a percepção de uma “floresta inventada”, como pontua a artista.
‘O lado de fora dos olhos fechados’ marca a mudança na prática da artista, que, após um período de silêncio, experimenta novos materiais e soluções formais para as obras apresentadas. “Meu interesse é entrar em algo que não tenha nome, que não seja nem instalação, nem escultura, e sim, todas as coisas juntas” conta Manhães.
Manhães foca, nesta exposição, na invenção de organismos e seus espaços próprios. “Seres organizados em círculo nesta sala, como num alinhamento megalítico, evocam a distribuição de elementos numa floresta, onde habitam entes que vemos e que não vemos. Ronda o mistério; sinto que há um ritual em curso, embora não seja capaz de nomeá-lo.” escreve Ana Avelar, que assina o texto crítico da mostra.
Durante a abertura, que acontece entre 15h e 18h, a artista Mayla Goerisch apresenta uma peça sonora que se inspira e dialoga com a exposição ‘O Lado de Fora dos Olhos Fechados’.
Serviço Exposição | O lado de fora dos olhos fechados De 17 de fevereiro a 30 de abril
Segunda a sextas, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Período
17 de fevereiro de 2025 11:00 - 30 de abril de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Central Galeria
Rua Bento Freitas, 306 / subsolo vila buarque / 01220-000 são paulo
Após passar por Brasília e Salvador, a exposição Nhe´ ẽ Se desembarca na CAIXA Cultural de São Paulo, reforçando a presença das culturas indígenas em uma das maiores cidades
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Após passar por Brasília e Salvador, a exposição Nhe´ ẽ Se desembarca na CAIXA Cultural de São Paulo, reforçando a presença das culturas indígenas em uma das maiores cidades da América Latina. A visitação é gratuita, de terça a domingo, das 9h às 18h.
A mostra reúne obras de treze artistas indígenas contemporâneos de diversas regiões, evocando uma jornada de memória, resistência e renovação através das vozes, visões e fluxos de Guaranis, Pankararus, Mura, Tukanos, Molina, entre outros povos. A exposição mescla artistas já renomados com novos nomes: Aislan Pankararu, André Hulk, Auá Mendes, Daiara Tukano, Day Molina, Déba Tacana, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Glicéria Tupinambá, Paulo Desana, Rodrigo Duarte, Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé, e Yacunã Tuxá.
A curadoria é assinada por Sandra Benites e Vera Nunes. Sandra, da etnia Guarani Nhandeva (MS), é pesquisadora e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ, tendo se tornado a primeira curadora indígena no Brasil a integrar a equipe de um museu. Por sua vez, Vera Nunes é uma das principais mulheres na liderança de projetos artísticos de grande escala no país e pesquisadora em arte pública, gênero, raça e interseccionalidades.
A exposição nasceu a partir de uma pesquisa acadêmica de Benites e revela o desejo de fala dos povos indígenas, tem o patrocínio da CAIXA e do Governo Federal e é idealizada e realizada pela Via Press – Comunicação & Cultura, que atua há 26 anos no mercado, com foco no desenvolvimento de projetos culturais e em ações de comunicação estratégica.
São Paulo: entre rios
Em meio aos prédios e todo o cenário urbano de São Paulo, a exposição mergulha Nhe´ ẽ Se nas formas como os povos indígenas enxergam a vida, a comunidade e a natureza. Desde a origem do mundo, os rios são vistos como as veias da terra e canais que conectam o mundo físico ao espiritual, fornecendo sustento e equilíbrio.
Entrecortada por mais de 300 rios e córregos, como Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, São Paulo é uma cidade rodeada de água. Porém, ao longo de sua construção, os rios foram soterrados pelo asfalto. De acordo com as curadoras Sandra Benites e Vera Nunes, a exposição incorpora com um olhar sensível e feminino, essa dicotomia entre a relação espiritual dos povos indígenas com as águas, e a forma como, em São Paulo, esses rios soterrados, por vezes emergem em intensas chuvas de verão, causando o lembrete de uma vida ainda pulsante.
“Nossa ideia é refletir sobre os rios e o fato de que essa cidade é uma terra indígena, a qual o seu povo, assim como as águas, também foi soterrado e silenciado. Mas é hora de Nhe´ ẽ Se: o desejo de fala.”, explica.
Novo manto tupinambá
A exposição traz o lançamento exclusivo de um manto desenvolvido pela artista Glicéria Tupinambá, natural da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia.
O “Assojaba Tupinambá” é uma vestimenta sagrada, utilizada em rituais e composta por penas de aves nativas. Segundo a artista, a indumentária representa para o povo Tupinambá uma confluência entre a dimensão espiritual, o meio ambiente, a economia, a agroecologia e a transmissão de saberes. O manto também simboliza a relação da invisibilidade das mulheres e o apagamento da cultura indígena ao longo dos anos.
Os mantos Tupinambá são vestimentas sagradas feitas de penas de aves e utilizadas por lideranças indígenas do povo Tupinambá antes da colonização europeia. Eles simbolizavam poder, espiritualidade e pertencimento e eram usados em rituais importantes. No período colonial, os portugueses coletaram diversos artefatos indígenas, incluindo os mantos, que foram levados para museus e coleções europeias.
O primeiro manto que Glicéria teve oportunidade de conhecer pessoalmente foi na França. Desde então, além de reivindicar a devolução desses artefatos, a artista tem sido fundamental no processo de recuperação e valorização da cultura, recriando os mantos e resgatando o conhecimento ancestral.
As obras
Com uma mescla de artistas, a exposição traz diversas linguagens. É possível ver obras mais alinhadas à arte urbana, como as da artista Daiara Tukano, natural de São Paulo, do povo Yepá Mahsã, mais conhecido como Tukano. Além dos artistas manauaras Auá Mendes e André Hulk, que já realizaram diversos grafites em São Paulo; e de Xadalu Tupã Jekupé, natural de Alegrete, no Rio Grande do Sul.
Também estão presentes as cores de Yacunã Tuxá, de Rodelas, no sertão baiano, e de Tamikuã Txihi, artista que atua na liderança da Terra Indígena Pataxó, da Bahia. Txihi atualmente reside em São Paulo para ajudar na recuperação da Terra Indígena Jaraguá, na zona oeste.
Já Aislan Pankararu, de Petrolândia, no interior de Pernambuco, traz obras com argila; e Paulo Desana, do povo Desana, utiliza luz neon para iluminar o rosto de corpos indígenas. No campo audiovisual, os registros fotográficos do mineiro Edgar Kanaykõ Xakriabá, que se dedica a narrar o cotidiano de sua aldeia; além do vídeo arte de Rodrigo Duarte.
Destaque também para as esculturas em cerâmica de Déba Tacana, pertencente ao povo Tacana, no estado de Rondônia, fronteira com a Bolívia; e para a estilista de moda Day Molina, que traz a obra “Encantaria”, uma vestimenta com palhas, penas e demais elementos indígenas.
Serviço Exposição | Nhe´ ẽ Se De 18 de fevereiro a 11 de maio
Terça a domingo, das 9h às 18h
Período
18 de fevereiro de 2025 09:00 - 11 de maio de 2025 18:00(GMT-03:00)
A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito,
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A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época estará presente na mostra Arte Subdesenvolvida, que ficará em cartaz entre 19 de fevereiro e 05 de maio de 2025, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). Com a curadoria de Moacir dos Anjos e produção da Tuîa Arte Produção, a exposição terá entrada gratuita, mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site do CCBB.
O conceito de subdesenvolvimento foi corrente por cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa.
A mostra, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, esculturas, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.
Após a temporada carioca, a exposição segue para o CCBB Brasília, ainda em 2025.
PRINCIPAIS DESTAQUES
Peças de grande importância para a cultura nacional estão presentes em Arte Subdesenvolvida. Duas obras de Cândido Portinari, Enterro (1940) e Menina Ajoelhada (1945), fazem parte do acervo da exposição. Muitas pinturas do artista figuram o desespero, morte ou fuga de um território marcado pela falta de quase tudo.
Outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. Ela é composta por dois sacos cheios com arroz e feijão, alimentos típicos de qualquer região do Brasil, envoltos por um laço preto. Esse laço é símbolo do luto, como aponta a artista. O público também terá acesso a uma série de fotografias da artista intitulada Aos Poucos.
Outro ponto alto da mostra é a obra Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000, de Randolpho Lamonier. “A materialização dos sonhos tem diversas formas de representação, que inclui um grande volume de obras têxteis, desenhos e anotações feitos pelas próprias pessoas entrevistadas, objetos da cultura vernacular e elementos que remetem à linguagem publicitária”, ressalta o artista. “Entre os elementos que compõem a obra, posso listar, além dos têxteis, neons de LED, letreiros digitais, infláveis, banners e faixas manuscritas, até conteúdos sonoros com relatos detalhados de alguns sonhos”, completa Lamonier.
Assim como em SP e BH, lúdica e viva, a instalação multimídia realizará também um inventário de sonhos de consumo dos cariocas, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. Vai ocupar toda a Rotunda do CCBB Rio e, como explica o curador Moacir dos Anjos, “faz uma reflexão, a partir de hoje, sobre questões colocadas pelos artistas de outras décadas”.
Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.
No período em que a exposição ficará em cartaz no CCBB RJ serão realizadas atividades educativas integradas, como a palestra “Arte e subdesenvolvimento no Brasil” com o curador e pesquisador Moacir dos Anjos. O evento discutirá os modos como a arte brasileira reagiu à condição de subdesenvolvimento no país entre as décadas de 1930 e início da de 1980. E como ela incorporou, temática e formalmente, os paradoxos dessa condição. Discussão que importa para entender a recente virada política na arte brasileira contemporânea. A palestra conta com tradução simultânea em LIBRAS.
O SUBDESENVOLVIMENTO EM DÉCADAS
A exposição será dividida por décadas. No primeiro eixo, Tem Gente com Fome, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. “São de 1930 e 1940 os artistas e escritores que começam a colocar essa questão em pauta”, afirma o curador Moacir dos Anjos.
No segundo eixo, Trabalho e Luta, haverá uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, entre outras regiões do Brasil onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.
Já o terceiro bloco se divide em dois. Em Mundo e Movimento “a política, a cultura e a arte se misturam de forma radical”, explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião. “Nessa época houve muita inventividade que acabou sendo tolhida depois da década de 1960”, completa o curador.
O último eixo da mostra, O Brasil é Meu Abismo, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. “São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto”, finaliza o curador.
Serviço Exposição | Arte Subdesenvolvida De 19 de fevereiro a 05 de maio
Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Período
19 de fevereiro de 2025 09:00 - 5 de maio de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ)
Rua Primeiro de Março, 66 –Centro, Rio de Janeiro - RJ
A Portas Vilaseca inaugura o seu calendário anual de exposições com “Carnaval Crypto“, primeira individual do artista Randolpho Lamonier no Rio de Janeiro. Com texto crítico de Bernardo José
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A Portas Vilaseca inaugura o seu calendário anual de exposições com “Carnaval Crypto“, primeira individual do artista Randolpho Lamonier no Rio de Janeiro. Com texto crítico de Bernardo José de Souza, a mostra apresenta um conjunto de obras que têm como cenário um carnaval em meio a uma crise financeira, geopolítica e ambiental.
Reunindo cerca de 30 trabalhos produzidos ao longo dos últimos cinco anos, incluindo obras inéditas, a narrativa da exposição se constroi na aproximação de diferentes materiais e técnicas que fazem parte do repertório do artista, como têxtil, assemblage, serigrafia, pintura, video e neon.
As obras enunciam um campo de sensações tão amplo quanto sua variedade técnica: das cenas íntimas descritas pelas naturezas-mortas da série Bittersweet Haiku, aos excessos de desinformação, click-baits e ruídos digitais em Scroll Series, passando pelo sarcasmo insólito de Tropicália Lixo Lógico.
Neste recorte da produção recente de Lamonier, personagens históricos, mitológicos e figuras da cultura pop coexistem nos excessos de um carnaval pós-apocalíptico espalhado pelas ruas de um Brasil que derrete sob um mundo que desaba.
Serviço Exposição | Carnaval Crypto De 20 de fevereiro a 26 de abril
Terça a sexta-feira, das 11:00 às 19:00, sábados, das 11:00 às 17:00
Período
20 de fevereiro de 2025 11:00 - 26 de abril de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Portas Vilaseca Galeria
Rua Dona Mariana, 137, casa 2, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
Gabriel Branco, Shaolin Shabba e Thiago Almeida, também conhecido como TAF, são os artistas que formam a coletiva “Instante em Frequência de Luz” que abre em 20 de fevereiro
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Gabriel Branco, Shaolin Shabba e Thiago Almeida, também conhecido como TAF, são os artistas que formam a coletiva “Instante em Frequência de Luz” que abre em 20 de fevereiro na MITS Galeria. A tríade ‘luz’, por meio das obras de Shaolin, ‘energia’ nas de Gabriel e ‘memória’, pautada nas criações de TAF, conectam as dezenas de obras dos três artistas que compõem a mostra, gratuita, em cartaz até 29 de março.
Com um ‘olhar’ em um passado recente, mais especificamente a “Geração 80” que marcou uma nova ‘descendência’ de artistas, mas sem perder a visão para o futuro, Roger Supino e Guilherme Giaffone, sócios da MITS Galeria, explicam que “Instante em Frequência de Luz” tem, entre outros, o papel de mostrar o que há de novo, o que temos agora. “Somos resultado de tudo o que houve até aqui”, explicam acerca da curadoria. A mostra também está em consonância com a proposta da galeria em trazer novos olhares, jovens artistas e fomentar o mercado de arte contemporânea.
Assim, diferentes poéticas se entrelaçam e resultam em trabalhos atemporais e com técnicas inovadoras, como nas obras de TAF, que transita no âmbito instável da memória. O artista, que usa técnicas alternativas de impressão para realizar seus trabalhos explorando diferentes suportes e materiais como a serigrafia, a cianotipia e de intervenções manuais, faz de suas fotos algo permanente, mesmo quando já não há mais forma.
Nas pinturas de Shaolin, luz e sombra desafiam o espaço da tela e oferecem revelações, possibilitando a compreensão do ‘ser’. Como em um lembrete acerca da existência do futuro, o que pulsa em seus trabalhos e a esperança que sobrevive na fragilidade do dia a dia, independentemente da escuridão que paira sobre a dúvida e impede o olhar além do imediato. Gabriel Branco, por sua vez, apresenta pinceladas vibrantes em suas telas que se espalham como energia dissipada, que se recusa à rigidez. As obras são pinturas em constante movimento que marca tons não como atos fixos e encerrados, mas como fluxos que não cessam.
Shaolin Shabba Shao, artista multidisciplinar, divide seu tempo entre pesquisas corporais, dramaturgia e pintura. Nascido e criado em Guarulhos, no extremo norte de São Paulo, iniciou seus estudos no Instituto Criar onde se formou em direção de arte (2020). Atualmente, Shaolin dedica-se à série “A luz no fim do túnel”, um conjunto de obras que investiga o conceito de esperança em meio às dificuldades cotidianas. Suas pinturas abordam a fragilidade do futuro e a maneira como deixamos de enxergar o amanhã, refletindo sua crença de que a arte nasce das experiências vividas.
Gabriel Branco é um artista visual de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, cuja prática transita entre fotografia e pintura. Sua trajetória começou em 2018, explorando a fotografia analógica como meio de capturar as dinâmicas do mundo exterior. Essa abordagem culminou em sua primeira exposição individual, realizada no Espaço Delírio em 2021, marcando seu lugar no cenário artístico independente. Há dois anos, Gabriel expandiu sua linguagem para a pintura abstrata, desenvolvendo obras que exploram questões astrais e energéticas.
Thiago Almeida (TAF), nascido no Rio de Janeiro em 1997, é fotógrafo, artista visual e arte educador. Graduado em Cinema pela FACHA, estudou na EAV Parque Lage e se desenvolveu no campo dos fotolivros e livros de artista. Sua inspiração vem da criação de mundos imaginários a partir de registros cotidianos. Em 2021 e 2022, teve suas publicações selecionadas pelo Festival ZUM do Instituto Moreira Salles, e em 2023, sete de suas publicações foram adquiridas pelo acervo do IMS SP. Desde 2020, TAF atua como arte educador no projeto social “CDD Skate Arte”, que leva skate e arte para crianças da Cidade de Deus.
Serviço Exposição | Instante em Frequência de Luz De 21 de fevereiro a 20 de março
Segunda a sábado, das 10h às 20h
Período
21 de fevereiro de 2025 10:00 - 20 de março de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
MITS Galeria
R. Padre João Manoel 740 - Jardins, São Paulo - SP
Um dos maiores intérpretes da música brasileira, Ney Matogrosso completa 50 anos de carreira em 2025 e ganha homenagem no MIS, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria
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Um dos maiores intérpretes da música brasileira, Ney Matogrosso completa 50 anos de carreira em 2025 e ganha homenagem no MIS, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. A exposição “Ney Matogrosso”, que abre ao público no dia 21 de fevereiro, começa a vender ingressos a partir do dia 05 de fevereiro. A mostra faz um percurso cronológico pela obra do artista, passando por cada década de sua atuação na frente dos palcos – desde a estreia como vocalista do grupo “Secos & Molhados”, até seu mais recente álbum “Nu com minha música”, o primeiro concebido separadamente de um show.
Dividida em seis áreas, a exposição exibe centenas de elementos têxteis como figurinos e adereços de shows e videoclipes, além de documentos, capas de álbuns, pôsteres e CDs. Há trechos de uma entrevista concedida por Ney Matogrosso ao programa Notas Contemporâneas, do MIS, na ocasião dos 45 anos do museu. Diversas fotografias emblemáticas de todas as fases do homenageado estão na exposição também, em obras de Madalena Schwartz, Thereza Eugênia, Ary Brandi e Daryan Dornelles.
A curadoria é assinada pelo diretor-geral do MIS, André Sturm, o projeto expográfico é dos arquitetos Juan Cabello Arribas e Viviane Sá e os textos da exposição foram compostos pelo jornalista Julio Maria, autor de “Ney Matogrosso – a biografia”, lançada pela Companhia das Letras em 2021. A exposição tem parceria do SENAC e apoio da Paris Filmes.
“Antes de tudo sou um fã do Ney Matogrosso desde os anos 70. É um imenso prazer poder levar aos visitantes do MIS a história deste artista único do cenário brasileiro, que segue com a mesma energia mobilizando o público”, afirma André Sturm, curador e diretor-geral do MIS. “Ney foi o grande destaque das celebrações de 45 anos do MIS, em 2015, ao participar do programa Notas Contemporâneas, contando para o público presente histórias de sua vida e carreira. Foi um momento inesquecível e, agora, dez anos mais tarde, trazemos essa nova homenagem com uma exposição inédita e muito especial”.
O vídeo completo com a participação de Ney Matogrosso no Programa Notas Contemporâneas – Especial 45 anos do MIS, de maio de 2015, pode ser conferido no Acervo Online do Museu, neste link.
A exposição conta com elementos cenográficos desenvolvidos pela Paris Entretenimento, exclusivamente para o filme “Homem com H”. O filme, que tem previsão de lançamento para maio, tem direção de Esmir Filho e conta com o ator Jesuíta Barbosa no papel de Ney Matogrosso.
O SENAC São Paulo detém toda a coleção de indumentária de Ney Matogrosso, cedida pelo próprio artista para manutenção e guarda na instituição. Ao longo dos últimos anos, tendo as peças como objeto central de estudos do departamento de Moda, o SENAC organizou pequenas exibições com itens selecionados em diversas unidades do Estado de São Paulo. Na exposição do MIS é a primeira vez onde a coleção poderá ser vista em sua integridade, com mais de duzentos itens que vão de calçados à adereços de cabeça, da década de 1970 aos anos 2000.
Serviço Exposição | Territórios Diluídos De 21 de fevereiro a 30 de março
Terças a sextas, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h
Período
21 de fevereiro de 2025 10:00 - 30 de março de 2025 19:00(GMT-03:00)
Anderson Novais, também conhecido como Magoo Ilegal, abre individual “Somos EU”, na galeria Alma da Rua, localizada no Beco do Batman, um dos endereços mais emblemáticos em arte urbana
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Anderson Novais, também conhecido como Magoo Ilegal, abre individual “Somos EU”, na galeria Alma da Rua, localizada no Beco do Batman, um dos endereços mais emblemáticos em arte urbana na cidade de São Paulo, dia 22 de fevereiro, a partir das 14h. Trata-se de uma exposição que trafega pelos múltiplos “eus” do artista em momentos de recomeço e fuga para si mesmo, nesse labirinto do ser, do estar e do caos, entre a dor e o prazer do caminhar.
Com parte de obras inéditas, cerca de 15 trabalhos compõem a mostra que, segundo o próprio artista, pontua um novo momento tanto em sua vida pessoal quanto em sua carreira. “Esta mostra vem após um período de perdas emocionais e materiais, por isso marca um novo capítulo, inspirado em recomeçar.” Ainda de acordo com Magoo, “a gente é diferente a cada hora, estamos em plena mutação conforme o que vivemos e as obras marcam essas ‘reinvenções’ particulares.”
Trabalhos figurativos, sem apresentar gêneros específicos e, ao mesmo tempo, estilizados, são característicos do artista. Para “Somos EU”, saber o que “é leve e o que é pesado, abraçar os medos”, conta Magoo, podem ser percebidos por meio de tinta acrílica sobre tela e sobre madeira nas quais apresentam traços finos típicos, mas sem predefinições, e perfilam na exposição, gratuita, que segue em cartaz até 20 de março.
Serviço Exposição | Somos EU De 22 de fevereiro a 20 de março
Todos os dias das 10h às 18h
Período
22 de fevereiro de 2025 10:00 - 20 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Alma da Rua II
Rua Medeiros de Albuquerque, 188 – Beco do Batman, Vila Madalena, São Paulo - SP
Alvorada. A primeira claridade. O instante crepuscular. A clara nata que prepara a chegada do sol. Um convite à redescoberta do mundo dia após dia. Esse momento, que tanto
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Alvorada. A primeira claridade. O instante crepuscular. A clara nata que prepara a chegada do sol. Um convite à redescoberta do mundo dia após dia. Esse momento, que tanto encantou os impressionistas no desejo fugaz de captar o preâmbulo cromático da precoce manhã, é o fio poético que une os trabalhos de Deni Lantz e Julia Kater. Seja nas colagens e recortes fotográficos de Kater ou nas pinceladas enceradas de Lantz, o que instiga esta seleção é menos o conteúdo de suas produções que a proposição imersiva em uma fenomenologia da cor, partilhada entre olho e pele na experiência sensível de suas poéticas. Uma aproximação que acentua a curiosa intenção de ambos sobre a figura, cuja aparição em suas composições se dá pelas bordas.
Afeitos ao desejo de ultrapassar o invólucro aparente das coisas para vislumbrar as relações sensíveis que permeiam o tema representado e quem o representa, os artistas encontram como ferramenta de exame a cor. Valem-se da sensualidade das gradações cromáticas para propor novas maneiras de contemplar que muito se assemelham à primeira vista do dia, quando abrimos os olhos e vemos de modo borrado as formas fugidias do entorno. Lembra-nos, afinal, que alvorada é também toque do despertar, de recobrar os sentidos.
As fagulhas luminosas inaugurais são aqui sugeridas por Lantz ainda em tons soturnos. A textura riscada, quase ríspida, de alguns trabalhos, se dá pelo uso experimental da própria tinta: em seu estado endurecido, ela é pressionada diretamente contra o suporte, criando sulcos e rastros do caminho percorrido pelo pincel. Outros, todavia, carregam consigo uma camada sedosa, resultado do uso da cera de abelha junto à paleta cromática. Nesses diferentes acabamentos, em que o olho consegue tocar a superfície, repousam as mais tenras sensações das qualidades de incidência da luz sobre objetos e paisagens.
É de maneira dúbia, contudo, que a realidade é, para Lantz, o tudo e o nada. Tudo, visto que em cada uma das telas é um pequeno índice da relação de equidade e escuta que o artista presta à terra, aos seus seres vegetais, aos fungos que a revolvem, e, enfim, a todo o ecossistema natural que resvala em sua prática pictórica, sempre embebida de seu aprendizado com a natureza. Nada, pois há um tanto de imaginação nossa, como do artista, em traçar um paralelo de composições tão abstratas com um tema em específico. Neste jogo de relações bipolares, sua pintura se torna, fundamentalmente, um campo de ensaio em que cada peça é o resultado de uma tênue equação entre o desejo do mundo material e o modo como Lantz maneja o espaço dessa dança.
Julia Kater, por sua vez, tem um compromisso com a imagem completamente divergente da premissa da fotografia clássica de capturar o instante ideal. Seu interesse é o de liberar a fotografia de sua função primeva. Por meio de recortes, faz um desenho-colagem de resquícios fotográficos de paisagens, sobrepondo-as na intenção de construir um outro horizonte. Assim, a superfície planar fotográfica, tão voltada à ilusão, conquista a tridimensionalidade em blocos configurados para agrupar as minuciosas camadas. O gesto do corte, por sua vez, cria outros desenhos – que podem ser percebidos como silhuetas de montanhas ou de dunas de areias, ou como a transmutação de uma sensação rítmica de um corpo perante uma música ou som.
Aqui, seus trabalhos estabelecem uma ideia de variação pela cor, traçada na recombinação de fotografias de diferentes momentos do dia. O gesto do corte estabelece o ritmo da leitura das camadas sobrepostas, enquanto experimentos analógicos partilham do mesmo desejo de captura de algo que foge à representação fotográfica, atendo-se às falhas e borrões que conduzem o espectador a tatear a incerteza. Talhadas em tiras de céus, mares e incidências de luz natural, as composições de Kater rearticulam o sentido deste mundo para ansiar a chegada de um outro, inédito, ainda que mediante a evocação de um imaginário de tantas outras cenas de paisagens quaisquer.
Alvorada sugere um jogo entre o amanhecer e o anoitecer. Na relação quase tátil que Lantz e Kater estabelecem com a cor, os ciclos do dia e suas oscilações entre claridade e escuridão tornam-se alegorias mediadas pelas pinceladas e composições reunidas aqui. Lamber o céu, tatear o horizonte: o convite à candura de quem abre os olhos e é irradiado pelas faixas de luz da manhã como se fosse a primeira vez.
Serviço Exposição | Alvorada De 20 de fevereiro a 12 de abril
Segunda a sexta, 10h às 19h, Sábado, 10h às 15h
Período
22 de fevereiro de 2025 10:00 - 20 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
Junte-se a nós no dia 22 de fevereiro, sábado, às 18h, para a abertura do ABRE ALAS 20, uma exposição histórica que há duas
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Junte-se a nós no dia22 de fevereiro, sábado, às 18h, para a abertura doABRE ALAS 20, uma exposição histórica que há duas décadas inaugura o calendário de exposições d´A Gentil Carioca no Rio de Janeiro, sendo uma importante plataforma para artistas do Brasil e exterior. A cada edição, novos artistas são selecionados por meio de uma chamada aberta e um comitê curatorial, garantindo um panorama da produção contemporânea e promovendo um diálogo vibrante entre diferentes culturas, linguagens e expressões artísticas.
Este ano, é uma alegria apresentar esta exposição com a curadoria de Ana Carolina Ralston, Bianca Bernardo, Catarina Duncan e Thayná Trindade, além de Georgiana Rothier, fundadora da Residência Artística Ybytu. Juntas, elas selecionaram 34 artistas entre 607 portfólios, que refletem os diferentes contextos e linguagens da arte contemporânea, compondo uma exposição plural e diversa. Participam desta edição:
Almeida da Silva, Amori, Anti, Asmahen Jaloul, Badu, Blecaute, Bruno de Souza, Carolina Marostica, Cecilia Avati, Dandara Catete, Helena Rodrigues, João Machado, Ju Morais, Lucas ururahy, Lui Trindade, Ma Konder, Matheus de Simone, Mayra Sergio, Mônica Barbosa, Naia Ceschin, Natalia Quinderé, Perola Santos, Rainha F, Shay Marias, Sophia Pinheiro, Stefanie Queiroz, Tayná Uraz, Thais Basilio, Thais Borducchi, Thaís Muniz, Trompaz, Vix Palhano, Waleff Dias, Washington da Selva.
Ao longo dos últimos anos, mais do que uma exposição, o Abre Alas se tornou um lugar de festa, encontro e experimentação, onde a arte assume as formas e os reflexos brilhantes da potência criativa de seus participantes. Além da exposição coletiva e do tradicional concurso de fantasias, o evento contará com uma programação de performances e DJs.
Serviço Exposição | ABRE ALAS 20 De 22 de fevereiro a 26 de abril
De segunda a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
22 de fevereiro de 2025 12:00 - 26 de abril de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020