Pôster de
Pôster de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha. Crédito: Reprodução.
Pôster de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha. Crédito: Reprodução.
Pôster de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha. Crédito: Reprodução.

Uma restauração em 4K de Deus e Diabo na Terra do Sol, clássico de Glauber Rocha e uma das principais obras do cinema brasileiro, foi selecionada para participar do 75º Festival de Cannes (17 a 28 de maio) e será exibido na seção Cannes Classics, dedicada à preservação do patrimônio cinematográfico mundial. A escolha faz do longa o primeiro e – até agora único – filme brasileiro a integrar Cannes neste ano.

Em sua estreia, em 1964, o segundo filme de Glauber Rocha participou do festival francês em competição oficial, tendo sido indicado à Palma de Ouro – um dos prêmios mais importantes do festival. A mais nova restauração foi realizada na Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, onde estava armazenada a cópia em película. Parte da obra do cineasta foi perdida no incêndio que atingiu um dos galpões da Cinemateca, em São Paulo, em julho de 2021.

A ida de Deus e o Diabo na Terra do Sol ao Festival de Cannes também marca uma nova fase para a Cinemateca Brasileira, que será reaberta agora no dia 13 de maio. O anúncio foi feito por Maria Dora Mourão, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), que assumiu a gestão da instituição no ano passado, após recorrentes denúncias de abandono nos últimos anos; o galpão da Vila Leopoldina – atingido pelas chamas em 2021 – também havia sofrido com um alagamento no ano anterior, por exemplo, o galpão da Vila Mariana também sofreu com o fogo em 2016. Após ter vencido o edital para a gestão da Cinemateca nos próximos cinco anos, a SAC pretende agora retomar exibições de quinta a domingo, na sua sala principal de cinema – com capacidade para 210 pessoas.

Legado de Glauber Rocha

Tendo sido um dos representantes da primeira fase do Cinema Novo, junto a Nelson Pereira dos Santos e Ruy Guerra, é importante ressaltar a definição do Cinema Novo como descrita por pelo próprio Glauber Rocha. Em Estética da fome, sua tese de 1965, o diretor escreve que o Cinema Novo seria “um fenômeno dos povos colonizados e não uma entidade privilegiada do Brasil”. Para Glauber, “onde houver um cineasta disposto a filmar a verdade, aí haverá um germe vivo do Cinema Novo. Onde houver um cineasta disposto a enfrentar o comercialismo, a exploração, a pornografia, o tecnicismo, aí haverá um germe do Cinema Novo. Onde houver um cineasta, de qualquer idade ou de qualquer procedência, pronto a pôr seu cinema e sua profissão a serviço das causas importantes de seu tempo, aí haverá um germe do Cinema Novo. A definição é esta e por esta definição o Cinema Novo se marginaliza da indústria porque o compromisso do Cinema Industrial é com a mentira e com a exploração”.

O legado do diretor inclui longas-metragens como Barravento (1962), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), O Leão de Sete Cabeças (1970), entre outros.

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