Juliana Gontijo, Foz e Fronteira, 2018

Aos 33 anos, a artista Juliana Gontijo, natural de Belo Horizonte, ainda carrega o mesmo carinho pela geografia que tinha quando teve que escolher entre ela ou Artes Plásticas ao pleitear uma vaga na faculdade. Acabou por seguir pelos caminhos da arte, mas levou consigo nas pesquisas no cerne de seu trabalho várias das ciências que compõem a geografia.

Na primeira exposição individual que apresenta na Galeria Murilo Castro, em Belo Horizonte, desde que começou passou a ser representada por ela, Juliana reúne obras criadas a partir de uma viagem que fez para o Acre, onde visitou espaços de vivência indígena. Ela já havia tido esse contato anteriormente, seja sob um ponto de vista artístico ou sociológico: “O que encontrei nessas viagens foi uma intersecção do que eu já fazia com uma perspectiva desse aspecto, sempre foi sobre paisagem, território e corpo”, ela explica. 

Nas pinturas que apresenta nessa exposição, Risco, Juliana trabalha com um traçado que define uma fronteira territorial, fronteiras essas que, segundo ela, não podem ser consideradas definitivas quando falamos de formação do Brasil: “A ideia é estar o tempo todo tensionando uma linha que é cartográfica, mas também dos limites do pensamento”. Isso porque, além de simular mapas com território e fronteiras, Juliana também trabalha a palavra na tela.

Ela conta que um de seus processos para formular os pensamentos escritos à lapiseira consistem em referências de suas leituras, as quais deixa perderem-se com o tempo. Juliana escreve os trechos que gosta em tiras de papel e guarda em uma caixa, retirando-as de lá tempos depois. As reflexões em cima desses trechos formam os pensamentos escritos nos quadros.

Juliana também apresenta a exposição O Tempo é Implacável, com curadoria de Wagner Nardy, no MAMAM (Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães), no Recife, com abertura em 25 de abril, às 19h. A exposição na galeria Murilo Castro, em Belo Horizonte, terminou em 27 de abril.

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