Detalhe do painel da artista Marilia Scarabello, na exposição
Detalhe do painel da artista Marilia Scarabello, na exposição "O Grito!". Foto: Reprodução

Aberta no dia 17/10, na Caixa Cultural de Brasília, a exposição O Grito! foi cancelada na última segunda-feira (23). A mostra trazia críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e, em uma das obras, Damares Alves (senadora e ex-ministra), Paulo Guedes (ex-ministro da Economia) e o presidente da Câmara, Arthur Lira, eram retratados dentro de uma lata de lixo, com as cores da bandeira nacional.

Para Sylvia Werneck, curadora da mostra, trata-se de censura. “Eu não tenho como entender de outra maneira. A ala conservadora da sociedade pressiona, e a exposição é vetada”, disse Werneck, em entrevista à arte!brasileiros.

O Grito! estava prevista para permanecer em cartaz até o dia 17/12. Seu objetivo, segundo Werneck, era “problematizar os 200 anos de Independência do Brasil”, e reunia criações de sete artistas. A série de colagens Coleção Bandeira, de Marilia Scarabello, foi a obra rechaçada pela oposição. Além de Damares, Guedes e Lira na lata de lixo, o trabalho também retrata Bolsonaro defecando sobre a bandeira do Brasil. A curadora ressalta que ambas imagens são meros fragmentos de um total de 600 que compõem o painel de Scarabello e afirma que a artista vem recebendo ameaças por causa das críticas.

A escolha do projeto pela Caixa Econômica Federal gerou reclamações por parte de parlamentares da oposição por ter patrocínio do banco e do governo federal. As críticas começaram depois que o influenciador Evandro Araújo, que visitou a exposição, publicou em suas redes sociais um vídeo afirmando que a mostra era “dinheiro público jogado no lixo” e que a Caixa estava “patrocinando revanchismo político”. Não demorou para a deputada federal Bia Kicis protocolar um requerimento de convocação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ele prestar esclarecimentos.

O cancelamento de O Grito! lembra outro episódio: em 2017, a exposição Queermuseu – cartografias da diferença na arte da brasileira foi cancelada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, após críticas de movimentos religiosos e do Movimento Brasil Livre (MBL).

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