"Tribo da Etiópia", da série “Gênesis” de Sebastião Salgado. Foto: Acervo Fundação Edson Queiroz

O que há em comum entre as obras de Salvador Dalí e Xico Stockinger? Quais critérios uniriam os trabalhos de Adriana Varejão e Sérgio Helle? Em que contexto as pinturas de Vicente Leite e as fotografias de Chico Albuquerque estariam lado a lado? Conectando trabalhos emblemáticos do século 17 à arte contemporânea, 50 Duetos – 50 anos da Fundação Edson Queiroz busca estabelecer uma outra reflexão sobre a história da arte. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra traz uma disposição inédita de obras de importantes artistas que integram o acervo da Fundação, unindo-as em pares a partir de relações diversas – desde paralelismo visuais, afinidades temáticas e eletivas, até oposições.

“Minha proposta curatorial tem muito a ver com o mundo atual onde as coisas vão se conectando de formas diferentes, onde as pessoas têm necessidade de uma visualização mais rápida. Vamos contar uma história da arte, só que, em vez de contar de forma cronológica, mostraremos uma história do pensamento da arte”, explica Mattar. Através de vídeos, galerias de fotos e textos, a exposição que comemora os 50 anos da Fundação Edson Queiroz reúne mais de 100 obras em um ambiente virtual, elencando-as em duetos. Dentre os artistas que a compõem estão Antonio Bandeira, Anita Malfatti, Almeida Júnior, Bonaventura Peeters, Cícero Dias, Félix-Émile Taunay, Irmãos Campana, Frans Krajcberg, Geraldo de Barros, Leda Catunda, León Ferrari, Mariana Palma, Maciej Babinski, Mira Schendel, Raoul Dufy, Sebastião Salgado, Tarsila do Amaral e Tomie Ohtake.

O passeio virtual, acompanhados da voz e das ideias da curadora, acontece através do site da Universidade de Fortaleza – que sedia a Fundação Edson Queiroz. Num caminhar de sala em sala, somos apresentados aos conceitos que norteiam 50 duetos e às relações que uniram os diferentes trabalhos em seus pares. Com a densidade dos autorretratos de Iberê Camargo e Ismael Nery; a melancolia expressionista que conecta Lasar Segall a Vik Muniz; a semelhança que une as mulheres retratadas por Belmiro de Almeida e João Câmara; as festas populares brasileiras sob olhar de Djanira e Portinari, entre tantas outas conexões – algumas mais improváveis do que outras -, a exposição oferece ao espectador a oportunidade de refletir sobre o diálogo entre obras e artistas e sobre a “essência da criação”, como sugere Mattar em seu texto curatorial. Para Lenise Queiroz, presidente da Fundação, é assim que 50 duetos “dá seu recado: liberta a história clássica da arte de enquadramentos formais ou conceitos fechados”. Queiroz acredita que quando os padrões artísticos e gostos estéticos de diferentes épocas se enamoram na mostra, revelam o quão “elástico e múltiplo é o potencial artístico em seu modus operandi de esculpir o belo para fazer pensar”.

A experiência do público é ainda aprofundada com áudios, vídeos, músicas e depoimentos. Em decorrência da pandemia de coronavírus, os duetos atualmente podem apenas ser contemplados no site da Fundação Edson Queiroz | Unifor. Porém, os organizadores afirmam a intenção de abrir a exposição ao público no espaço físico da instituição.

Serviço
50 Duetos – 50 anos da Fundação Edson Queiroz
Local: Site da Fundação Edson Queiroz | Unifor (acesse a exposição clicando aqui).
Curadoria: Denise Mattar
Período expositivo: até 23 de dezembro


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