Ximena Garrido-Lecca, "Insurgências Botânicas: Phascolus lunatus".

Insurgências Botânicas: Phascolus lunatus, da artista peruana Ximena Garrido-Lecca, é obra que está na primeira exposição do projeto Faz escuro mas eu canto que abre o ciclo de apresentações da 34ª Bienal de São Paulo, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo do Parque do Ibirapuera.

A obra de Garrido-Lecca busca nos grafismos naturais de sementes do feijão “phascolus lunatus” a atribuição de uma lógica de ideogramas com o objetivo de traduzir um capítulo do livro Extirpación de la idolatria del Piru, de 1621, no qual o padre Pablo José Arriaga aborda cultos da tradição peruana a serem eliminados no processo de colonização. Segundo Garrido-Lecca, para o site da Bienal, “o gesto de cultivar as favas representa uma espécie de re-ativação simbólica do suposto sistema de comunicação da cultura Moche” que “valia-se das manchas presentes nessas favas como signos para uma escrita ideogramática.

Seu trabalho funciona como um recuperador de memória tendo em vista que uma das variedades peruanas dessa planta foi utilizada pela civilização pré-incaica moche em seu sistema de comunicação escrita (algo registrado nas cerâmicas deste povo). Essa mesma civilização desenvolveu entre os anos 100 e 850 um avançado sistema de irrigação, ao qual a obra também se relaciona com elaboração de um sistema de cultivo hidropônico que permite que as plantas cresçam ao longo do ano, oferecendo ao público a oportunidade de acompanhar os diferentes momentos da transformação da instalação e conferindo longevidade ao trabalho lembrando que a Bienal em si poderá ser vista em completude apenas em setembro de 2020.


Ximena Garrido-Lecca na 34ª Bienal de São Paulo
De 8 de fevereiro até 15 de março
Pavilhão da Bienal: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 3, Parque Ibirapuera
Mais informações: (11) 5576-7600


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