Foto do ensaio sobre a Estação Primeira de Mangueira, realizado por Maureen Bisilliat em 1969.
Foto do ensaio sobre a Estação Primeira de Mangueira, realizado por Maureen Bisilliat em 1969.

Agora ou Nunca – devolução: paisagens audiovisuais de Maureen Bisilliat

Em Agora ou Nunca – devolução: paisagens audiovisuais de Maureen Bisilliat, a fotógrafa inglesa Maureen Bisilliat, radicada desde 1957 no Brasil, reúne pela primeira vez em uma exposição parte de sua produção audiovisual, com extratos de 12 vídeos. 

Bisilliat começa a traçar um percurso relevante em vídeo a partir dos anos 1980, quando já era consagrada no campo da fotografia. A mostra busca seus registros, apresentando um panorama de sua produção mais recente como também uma resposta àqueles que foram retratados por ela antes em suas fotografias. Há entrevistas com Darcy Ribeiro, Roberto Burle Marx, Pietro Maria Bardi e Alberto Korda. Destaque para o vídeo Morro da Mangueira, onde ela reencontra personagens fotografados por ela na década de 1960, quando em trabalho para a Revista Quatro Rodas.

Suas imagens dos mangueirenses em trajes verde e rosa (as cores da Estação Primeira de Mangueira), incluindo um retrato do compositor Cartola, foram feitas no próprio morro onde fica a escola e compuseram as matérias É sempre verão nesta baía e A batucada dos bambas. Alguns destes registros e outros feitos por Bisilliat na Banda de Ipanema nas décadas de 1960/70 podem ser consultados no seu próprio acervo no Instituto Moreira Salles

QUANDO: A visitação vai até o dia 5 de abril às 20h
ONDE: Galeria 1 do Instituto Moreira Salles Avenida – Avenida Paulista, 2424, São Paulo/SP

Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia

A foto mostra a escultura "Cristo Mendigo" que foi o carro abre-alas do desfile Ratos e Urubus. Na imagem, a escultura é coberta por sacos de lixo como uma censura, e carrega a faixa que diz "Mesmo proibido olhai por nós!"
Abre-alas “Cristo Mendigo” no desfile Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia. Foto: Sebastião Marinho (Agência O Globo)

Com título homônimo ao emblemático desfile da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis – ocorrido há alguns carnavais, mais especificamente no amanhecer de 7 de fevereiro de 1989 – a exposição que ocupa a Galeria Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), presta homenagem ao desfile e ao carnavalesco Joãosinho Trinta, que se referia ao evento como uma “Ópera de Rua”. 

Na mostra, Ratos e Urubus entra como mais que inspiração ou referência, o samba enredo é trazido como uma das obras componentes da exposição, através de um trabalho curatorial com os registros imagéticos e em vídeo do desfile, os esboços dos carros alegóricos e o “por trás das cenas” do seu processo de construção. Raphael Escobar, Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Nuno Ramos e Márcia X integram a exposição com trabalhos selecionados e também obras comissionadas. Confira nossa matéria na íntegra clicando neste link.

QUANDO: A visitação vai até o dia primeiro de março às 20h30
ONDE: Galeria Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo (CCSP) – Rua Vergueiro, 1000, São Paulo/SP

FAZ QUE VAI 

Still da videoinstalação "FAZ QUE VAI" de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca mostrando o dançarino Edson Vogue
Still da videoinstalação “FAZ QUE VAI” de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

“Faz que vai”, passo do frevo que simula um momento de instabilidade, nomeia o curta de 12 minutos da dupla de artistas audiovisuais Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. Para a obra, eles retratam quatro bailarinos em seus respectivos modos de articular uma forma dessa tradição popular do estado do Pernambuco. Aliás, este é um dos pontos de maior interesse da dupla ao desenvolver o projeto: a atualização da tradição – um lugar de instabilidade para os artistas, que se relaciona metaforicamente com o próprio movimento do faz que vai. 

O frevo surge logo após o fim da escravidão no Brasil, quando as tropas no carnaval das bandas militares contratavam grupos de capoeiristas para liderar a procissão e afastar as gangues de rua da cidade ao abrir suas sombrinhas em frente à multidão como um movimento de controle de multidões improvisado. Quando as sombrinhas diminuíram e os movimentos dos capoeiristas começaram a ficar cada vez mais estilizados o frevo apareceu. Ao longo da nossa história, pessoas de diversas origens encontraram meios de expressão coletiva em oposição ao colonialismo. Hoje, o frevo se tornou patrimônio da UNESCO e é ensinado em escolas. 

No caminho de atualizar a tradição, os capoeiristas de Wagner e de Burca não são guarda-costas masculinos, mas em sua maioria homens afeminados e uma mulher trans. Em seu trabalho, a manifestação dessa dança de rua, num espaço tridimensional, se transforma completamente diante da câmera tecendo uma série de anotações entre ela, o corpo registrado e a dança típica que o movimenta, sem perder de vista a música como cerne da questão já que para a dupla “a música é o elemento que constitui uma espécie de fundamento para as práticas que pesquisamos. Seja de dança, dos videoclipes, da canção”.

Confira o trabalho completo no site de Wagner e de Burca, acessando este link.


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