Agenda: confira os destaques da semana 15 a 21 de setembro
Mostra anual de videoarte portuguesa no Galpão VB, uma imersão pela obra de Rafael no Centro Cultural FIESP e coletiva na Galeria Athena são imperdíveis na próxima semana
FUSO: Anual de Video Arte Internacional de Lisboa, coletiva no Galpão VB, em 15/9.
Sempre no final do mês de agosto, com entrada gratuita, o FUSO saúda as noites do verão português com obras em vídeo que cruzam as artes plásticas, a performance, o cinema, a literatura e os meios digitais, propondo uma nova abertura à imagem em movimento do século 21.
No Galpão VB, serão exibidos dois programas derivados da mostra. O primeiro, curado por Marta Mestre, se concentra na produção portuguesa contemporânea e apresenta uma seleção de obras premiadas em suas diferentes edições. O segundo programa, curado por Isabel Alves, traz três obras históricas de Ernesto de Sousa, autor incontornável na produção audiovisual em Portugal.
Maíra Dietrich, ‘Miragem’, 2017
Maíra Dietrich: Visão Periférica, individual no Paço das Artes, abertura em 18/9.
Integrante da Temporada de Projetos do Paço das Artes, a exposição é constituída por três obras: a peça sonora que dá nome à mostra, composta por cinco falantes sincronizados; “papelzinho”, uma projeção de slides com imagens de processos de trabalho realizados de 2008 a 2018; e o trabalho “Ptit Poema”, que são anotações curtas realizadas diretamente sobre o espaço. Segundo a artista, “visão periférica é o nome dado a toda percepção visual que ocorre fora do foco ocular, a visão não-central, a habilidade de perceber o que está ao redor da mira, um exercício de compreender e se colocar em relação ao contexto que nos circunda”. Trata-se, também, de um termo adotado pela artista para definir sua metodologia de trabalho, que consiste em relacionar o que é visto e ouvido em diferentes
espaços de tempo.
Millôr Fernandesm Desenho para publicação em IstoÉ, 15.08.1990. IMAGEM: Acervo Millôr Fernandes / IMS
Millôr: Obra Gráfica, individual no IMS Paulista, abertura em 18/9.
A mostra divide em cinco grandes conjuntos a obra gráfica de Millôr, dos autorretratos à crítica implacável da vida brasileira, passando pelas relações humanas, o prazer de desenhar e a imensa e importante produção do “Pif-Paf”, seção que manteve na revista O Cruzeiro entre 1945 e 1963. O acervo de Millôr, que reúne mais de seis mil desenhos e seu arquivo pessoal, está sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2013.
Leila Ao sul do futuro #1, 2018
Leila Danziger: Ao Sul do Futuro, individual no Museu Lasar Segall, abertura em 15/9.
O que Leila Danziger propõe em sua pesquisa como artista visual e poeta é um convite a um olhar cético, fruto dos traumas históricos que nos trazem ao agora. Para alcançarmos isso, é preciso termos um pé no aqui (presente) e o outro no lá (passado).
As narrativas acerca do processo de migração não apenas de sua família, mas de milhares de judeus-alemães que enxergavam o Brasil como território para um novo começo, são centrais nesta exposição.
Projeto de Paulo Mendes da Rocha exposto na ocupação. FOTO: Rovena Rosa/Ag. Brasil.
Ocupação Paulo Mendes da Rocha, Itaú Cultural de São Paulo, até 14/11
Com curadoria do arquiteto Guilherme Wisnik e do instituto, a mostra reúne croquis, fotografias, maquetes, textos críticos e depoimentos de Mendes da Rocha que expõem sua obra e suas perspectivas criativas. O tema que guia a exposição são as águas, elemento que atravessa o trabalho do urbanista e professor de várias formas: desde o imaginário dos rios e dos mares até a proposta de um sistema fluvial para a América Latina, passando pela piscina como ideal de espaço público.
C+P Arquitetura; Rodrigo Calvino e Diego Portas, Hostel Villa 25, vencedor do segundo lugar. FOTO: Federico Cairoli.
Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel, coletiva no Instituto Tomie Ohtake, até 23 de setembro.
A seleção dos projetos foi feita por um júri formado pelos arquitetos Adriana Benguela, Fábio Mariz Gonçalves, José Lira, Marcos Boldarini e Priscyla Gomes. Os 13 projetos finalistas, selecionados entre os 244 inscritos, provenientes de 17 estados brasileiros e Distrito Federal, fazem parte da exposição.
Jaime Lauriano, ‘Combate #1’, 2017. FOTO: Filipe Berndt
Quem não luta tá morto, coletiva no Museu de Arte do Rio, abertura em 15/9.
Assinada por Moacir dos Anjos, um dos mais importantes curadores do país, com passagens pelas Bienais de São Paulo e Veneza, a mostra faz parte do programa de comemoração dos 5 anos da instituição.
Sem ter pretensão de apresentar um panorama conclusivo, exposição traz exemplos do pensamento utópico que marca a arte brasileira recente. Trabalhos artísticos realizados em momentos passados também estarão presentes, além de propostas e ações realizadas por grupos comunitários, associações e outras articulações da sociedade civil que visam a construção de estruturas de atuação política e social.
Raffaello Sanzio, Scuola di Atene, 1508-11
Rafael e a Definição da Beleza: Da Divina Proporção à Graça, coletiva no Centro Cultural FIESP, abertura em 18/9.
Com curadoria de Elisa Byington e produção da Base7 Projetos Culturais, a mostra se antecipa às celebrações que marcam os 500 anos de morte de Rafael, em 2020. A exposição traz obras de grandes mestres do Renascimento de diversas coleções italianas como a Galleria Nazionale da Umbria e de Modena, a Galleria Borghese e o Palazzo Barberini de Roma, a Santa Casa e o Museo del Tesoro de Loreto, e o Museo Nazionale di Capodimonti de Nápoles. Conta também com obras inéditas da coleção Yunes, de São Paulo, da Fundação Eva Klabin, do Rio de Janeiro, e um conjunto de mais de 50 gravuras produzidas no ateliê de Rafael e seus discípulos que hoje integra o acervo da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Lawrence Weiner, ‘Deep Blue Sky’, 2007.
Tarefasinfinitas, coletiva no Sesc Pompéia, até 30/09
A mostra já passou pela Europa e chegou ao Brasil em agosto, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Exposição, Fórum de debates e visitas mediadas com convidados especiais compõem a programação.
O conceito da exposição Tarefas Infinitas “quando a arte e o livro se ilimitam”, originalmente realizado em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian, norteia-se pela apresentação do livro enquanto laboratório de experiências estéticas, um meio que abre infinitas possibilidades à arte, além de questionar a definição e função do livro a priori.
Com o ar pesado demais pra respirar, coletiva na Galeria Athena, abertura em 20/09
Coletiva com curadoria de Lisette Lagnado reúne obras de André Griffo, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Artur Barrio, Franz Weissmann, Igor Vidor, Iole de Freitas, Lais Myrrha, Laura Belém, Leonilson, Leticia Parente | Matheus Rocha Pitta, Rubens Gerchman.
Delson Uchôa, Fiacão, 2009
Delson Uchôa: Autofagia, Corrupio no Olhar, individual na Zipper Galeria, abertura em 20/9.
Nas obras reunidas nesta seleção, é possível identificar alguns pontos de partida do artista: padrões, formas geométricas e tonalidades recorrentes na produção de Delson nos anos 1980. A variedade de materiais também está presente – lona, lá, algodão, camurça, madeira, plástico e metal mesclam-se à pintura acrílica como testemunhos de um arquivo objetual reunido pelo artista.
Rubens Azevedo, Sem Título
Grandes nomes, pequenos formatos, coletiva na galeria MAPA, abertura em 18/9.
“O petit format é um clássico noutras culturas, ele é a maneira mais rápida e concisa de seduzir o espectador, com maestria e versatilidade. Esta exposição mostra como artistas de épocas diferentes, e que divulgamos, admiramos, e/ou perseguimos, trabalham essa questão específica.”, escreve o curador João Pedrosa.
Lourival Cuquinha | Apólice do Apocalipse, 2018
Lourival Cuquinha: Dos meus comunistas, cuido eu, individual na OMA Galeria, até 28/10.
trabalho de forte crítica política e social, Cuquinha discute em sua poética a liberdade do individuo frente ao meio social e capital, questionando assim até mesmo a prática do mercado de arte, tendo um trabalho transgressor o artista se posiciona de forma provocativa diante de um sistema movido pelo poder econômico.
EXTERNA
Regina Parra, simulação de exibição da obra É Preciso Continuar
8ª Mostra 3M de Arte, coletiva no Largo da Batata, abertura em 15/8.
A mostra ao ar livre busca a valorização artística do trabalho pertencente a um projeto consistente que é realizado há oito anos e já apresentou renomados artistas nacionais e internacionais: Guto Lacaz, Giselle Beiguelman, Paulo Bruscky, Nicola Constantino e Bill Viola.
Obra de Bruno Novaes na mostra
Aluga-se Triplex, no Edifício Maria Paula, Sé, até 27/10
Com curadoria de Márcio Harum, a mostra traz trabalhos que serão exibidos nos três andares do endereço, como esculturas, colagens, desenhos, instalação, fotografias, objetos e uma obra performático-cênica. A programação é aberta ao público e conta com oficinas artísticas e educativas voltadas à formação de jovens e adultos, falas, debates, visitas mediadas com especialistas do campo da arte, etc.
O projeto reúne membros do Grupo Aluga-se mais convidados num triplex no centro da cidade de São Paulo. Com curadoria de Márcio Harum, os trabalhos perpassam por questões de memória e política. Participam Yara Dewachter, Evandro Prado, Giba Gomes, José Rufino, Laerte Ramos, Zé Carlos Garcia e outros.
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Sesc Vila MarianaRua Pelotas, 141 - Vila Mariana – São Paulo - SP
O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São
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O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São Paulo. A mostra tem curadoria de Cauê Alves e Gabriela Gotoda e reencena na entrada do Sesc Vila Mariana elementos do Jardim de Esculturas do MAM. Nela, o público poderá apreciar obras da coleção do MAM, entre esculturas icônicas de Alfredo Ceschiatti, Amilcar de Castro e Emanoel Araújo, e trabalhos que exploram críticas sociais, como as obras de Regina Silveira, Luiz 83 e Marepe.
Para a presidente do MAM, Elizabeth Machado, a parceria com o Sesc reforça o compromisso do museu em ampliar o acesso à arte: “O acervo do MAM é um patrimônio vivo, e essa exposição no Sesc Vila Mariana permite que um público ainda mais amplo entre em contato com obras fundamentais da nossa história, promovendo o encontro e a reflexão sobre a arte brasileira. O Sesc é um parceiro longevo do MAM, e essa colaboração reafirma nossa missão conjunta de ampliar o acesso à cultura.”
Os artistas participantes da mostra são Alfredo Ceschiatti, Amílcar de Castro, Bruno Giorgi, Eliane Prolik, Emanoel Araujo, Felicia Leirner, Haroldo Barroso, Hisao Ohara, Ivens Machado, Luiz83, Marepe, Mari Yoshimoto, Márcia Pastore, Mário Agostinelli, Nicolas Vlavianos, Regina Silveira, Roberto Moriconi, Rubens Mano e Ottone Zorlino.
A seleção de obras inclui peças que já integraram o Jardim do MAM, além de trabalhos do acervo do museu que dialogam com temas como natureza, cidade e materialidade. A montagem no Sesc Vila Mariana recria a dinâmica do Jardim de Esculturas, utilizando elementos cenográficos que evocam a topografia sinuosa do Parque Ibirapuera projetada pelo escritório do emblemático arquiteto paisagista Burle Marx, estimulando novas interações entre corpo, espaço e arte.
Inaugurado em 1993, o Jardim de Esculturas do MAM marca uma iniciativa que reavivou a coleção do museu em um espaço próprio, gratuito e de grande circulação de pessoas. “Ao propor uma espécie de reencenação do Jardim do MAM na Praça Externa do Sesc Vila Mariana buscamos elaborar a ideia de que, assim como o espaço do jardim no Parque Ibirapuera, o espaço do Sesc funciona como um centro de encontros urbanos”, diz Cauê Alves. “A exposição inclui obras da coleção do MAM que se relacionam, por diferentes vias, com a natureza, o corpo, a cidade, a materialidade, e com linguagens que expressam algumas das tensões inescapáveis à sociedade.”, completa o curador.
A proposta da exposição do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana é estimular essa relação entre corpos, obras e espaço, transformando a Praça Externa da unidade em um território de circulação, experimentação e descoberta. Sem a pretensão de emular o paisagismo do parque, a cenografia do projeto recria as curvas e volumes que marcam o jardim original, propondo um ritmo espacial entre as esculturas. Para Gabriela Gotoda, curadora da exposição ao lado de Cauê Alves: “Se o princípio mais original e autêntico da arte moderna é de que ela se aproxima da vida, um museu que se dedica a colecioná-la e atualizá-la no seu tempo presente deve continuamente se esforçar para oferecer aos públicos possibilidades de fruição que não os distanciam das suas realidades, e sim vão de encontro a elas.”
MAM Educativo
Durante o período da exposição, o público poderá participar gratuitamente de atividades educativas promovidas pelo MAM Educativo, que desenvolve programas e projetos em diálogo com seus públicos, por meio de uma programação acessível e gratuita que busca equiparar oportunidades e reduzir barreiras físicas, sensoriais, intelectuais, sociais ou de saúde mental.
Inspiradas nas experiências realizadas no Jardim de Esculturas do museu no Parque Ibirapuera, parte das ações de maio do MAM Educativo serão adaptadas ao espaço do Sesc Vila Mariana, propondo diferentes formas de interação entre corpos, obras e o ambiente expositivo. Voltadas a públicos de todas as idades e perfis, as atividades buscarão estimular novas formas de olhar, habitar e refletir sobre o espaço urbano por meio da arte.
As atividades serão divididas em programas. “Contatos com a arte” promove a formação cultural de professores, educadores, pesquisadores e estudantes universitários, fomentando seu papel de multiplicadores das diferentes expressões artísticas e abordagens pedagógicas a partir de processos criativos diversos. Já “Família MAM” promove o encontro do universo artístico do museu com as culturas da infância, através de narrações de histórias, brincadeiras, oficinas artísticas, visitas mediadas seguidas de experiências poéticas, entre outras atividades. Em “Domingo MAM” estão atividades que convidam o público a experimentar diversas linguagens artísticas a partir de eixos temáticos que englobam dança, música, cultura popular, cultura de rua, debates e oficinas plásticas.
Tem ainda o “Programa de Visitação”, que atende a todos os perfis de público e incentiva o acesso à arte e à cultura por meio do exercício do pensamento crítico. Fazem parte do programa visitas mediadas, experiências poéticas e o programa de relacionamento com escolas parceiras. Visitas mediadas com o MAM Educativo são conversas nas quais é estimulada a reflexão crítica por meio da arte e experiências poéticas, que aproximam o público do museu de vivências e processos artísticos. Agendamentos de grupos para visitas na exposição Jardim do MAM no Sesc são realizados pelo e-mail educativo@mam.org.br.
A programação traz ainda atividades que fazem parte da Semana Nacional de Museus – iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio) e que, em 2025, acontece de 12 a 18 de maio sob o tema “O Futuro dos Museus em Comunidades em Rápida Transformação” – e da Semana Mundial do Brincar – ação promovida pela Aliança pela Infância que convida a sociedade a valorizar o brincar e a importância da infância e que, em 2025, terá como tema “Proteger o Encantamento das Infâncias” e ocorrerá de 24 de maio a 1 de junho.
Serviço Exposição | Jardim do MAM no Sesc De 14 de maio a 31 de agosto
Terça a sexta, das 7h às 21h30, aos sábados, das 10h às 20h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h
Período
14 de maio de 202507:00 - 31 de agosto de 202521:30(GMT-03:00)
A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima e pelos mistérios da vida microscópica, Rocha mergulha em um universo onde as fronteiras entre ciência, mito e arte se dissolvem. A mostra reúne pinturas inéditas que transitam entre figuração e abstração, evocando formas orgânicas como raízes, cílios, braços e membranas — elementos que se desdobram como símbolos da origem e da continuidade da vida.
Nas palavras do historiador da arte e curador Renato Menezes, que assina o texto de apresentação da mostra, “Mariana Rocha trapaceia a escala e, assim, a própria pintura parece se tornar, para a artista, um meio de reequacionar os mínimos essenciais da vida. Partícula e todo, célula e organismo, gota e oceano renegociam suas ordens de grandeza bem diante de nossos olhos. Não é por acaso que sua pesquisa se volta para o mar: foi lá, nessa vastidão imensa e profunda, que as mais simples formas de vida começaram a aparecer. Mas, como sempre, o mínimo é também o máximo: barroca, dramática, misteriosa e vibrante, sua pintura metaboliza o mundo, para ver, de sua parte mais íntima, obscura, o que de mais superficial ele pode revelar.”
Serviço Exposição | Desde sempre o mar De 24 de maio a 09 de agosto
Segunda a sexta, das 12h às 18h
Sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
24 de maio de 202512:00 - 9 de agosto de 202518:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado
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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado de uma pesquisa iniciada em 2013, em que o artista imprimiu em tapetes fotografias que fez de tecidos variados da Coleção Eva Klabin, dentro do 17º Projeto Respiração, na Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro. Na grande sala de pé direito duplo, no lado esquerdo da galeria Nara Roesler, Marcos Chaves vai criar um ambiente imersivo com baixa iluminação, e foco nos tapetes pendurados nas paredes, todos produzidos em 2025. As dimensões das obras variam de 200 x 266 cm a 150 x 112,5 cm. Cobrindo todo o chão estará um carpete de 5,90 m x 8,39m, versão em grande escala de uma fotografia de 2013, feita de um veludo da Coleção Eva Klabin. Os tapetes nas paredes, em tons de vermelho, reproduzem as fotografias feitas pelo artista do chão acarpetado de locais históricos europeus, como o Palazzo Doria Pamphilj, construído em Roma, no século 16; a escadaria que leva ao único trono existente de Napoleão Bonaparte (1769-1821), no Castelo de Fontainebleau, na França, residência dos reis franceses, e que data dos primórdios do século 12; e a Ópera Garnier, projetada durante o reinado de Napoleão III (1808-1873), o décimo-terceiro palácio a abrigar a Ópera de Paris, fundada por Luís XIV.
“Gosto muito da ideia de degradê, da cor que vai sumindo, e de seu significado em francês também de degradado, coisa gasta, decadente. Com o uso ao longo do tempo, é possível ver nesses tapetes europeus suas várias camadas, em que a trama sobressai e forma um grid. Também ficam visíveis marcas do peso sobre o chão em que o tapete está colocado, formando baixos-relevos. Essa ideia de coisa gasta e a geometria que surge são o que gosto nesse trabalho, que acaba por quase ser uma homenagem à pintura, como se eu estivesse pintando com a fotografia e o pelo do tapete”, conta Marcos Chaves. Alguns trabalhos criam uma perspectiva “ao contrário”, como o que traz os degraus para o trono de Napoleão, e que estará na fachada da galeria, na vitrine.
“OUR LOVE WILL GROW VASTER THAN EMPIRES”
Na primeira sala da exposição, Marcos Chaves vai mostrar três objetos, também na cor vermelha. O primeiro é “Our Love Will grow vaster than empires” (2025), verso do poeta inglês Andrew Marvell (1621–1678) inscrito em um pedaço de veludo e fincado na parede por um canivete suíço. A obra é derivada de um trabalho de 1991, “MessAge”, com canivete e plástico. Os dois outros trabalhos são “readymade”, de 1992 – a bolsa “Jaws”, descoberta por Marcos Chaves emuma feira tipo “mercado de pulgas”, e “Sem título”, um par de sapatos de salto alto encontrado na rua, em uma áreafrequentada por travestis.
O texto crítico é de Ginevra Bria,curadora com vinte anos de trajetória, dedicada a examinar as artes moderna e contemporânea no Brasil. Ela é professora-assistente na Unicamp, onde finaliza sua dissertação iniciada há seis anos para seu PhD em História da Arte na Rice University, em Houston, EUA – “The NoncolorofIndigeneity. Na Art History of Scientific Racism in Brazil, 1865-1935”.Em seu texto sobre a exposição de Marcos Chaves na Nara Roesler São Paulo ela enfatiza: “Em total admiração pela prática da pintura, que Chaves nunca abordou e formalizou, ‘Sangue Azul’ entrelaça fotografias, instalações e esculturas”. “Mas, como eixo expositivo, a fotografia toma emprestado os títulos das obras às contradições de supremacia da nobreza, da política e das uniões de razão de ser históricas (citando espaços de poder como Fontainebleau, Pamphilij e Garnier”. GinevraBria destaca ainda que “neste projeto, entre o lento apagamento das dimensões verticais e horizontais, cada elemento representado, ou ampliado, é hipostasiado num movimento temporal, enquanto a nobre dinâmica dos vermelhos é intemporal. E enobrecida”.
Serviço Exposição | Sangue Azul De 07 de junho a 16 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
7 de junho de 202510:00 - 16 de agosto de 202519:00(GMT-03:00)
A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries
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A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries inéditas. A produção retoma e reafirma o uso do estêncil na produção das pinturas do coletivo. A técnica está na raiz do trabalho do JAMAC, que a usa na capacitação de pessoas no bairro da Zona Sul de São Paulo e em suas produções colaborativas para exposições institucionais como Blooming Brasil-Japão, que ocorreu no Toyota Municipal Museum of Art, no Japão, em 2008; e na Ocupação de seis meses que o coletivo fez no Pavilhão das Culturas Brasileiras, em 2011 – para citar alguns. Em Vai que dá zebra, as pinturas são produzidas a partir da combinação do estêncil com a serigrafia.
A série Escuta propõe um inventário de convivências por meio de pinturas que sobrepõem imagens de cadeiras com significado para o coletivo. Cada composição sugere modos de estar junto — registos de encontros cotidianos e possibilidades de novas escutas.
Aposta cruza arte, cultura popular e jogo. A série reúne pinturas feitas a partir dos 25 animais do jogo do bicho e convida colecionadores a participar de um jogo com uma das obras – a única que reúne todos os bichos. Essa pintura será sorteada entre os compradores de uma das pinturas que funcionam como bilhetes para o jogo. Ao adotar a lógica da aposta, o JAMAC discute valor, risco e mercado, tendo a zebra — o resultado improvável — como símbolo central de incerteza e reinvenção.
É ela quem ocupa a fachada, marcando o ponto onde a aposta falha — ou começa de novo.
A Ocupação JAMAC, na Banca da Vermelho continua ativa, agora também com itens relacionados à exposição.
JAMAC: Vai que dá zebra
Vai que dá zebra parte da presença e do imprevisto que organizam ideias, espaços, imagens. Quando um conjunto de cadeiras se torna espaço de escuta, o jogo vira gesto artístico e o risco deixa de ser desvio para se tornar método. Apostas e dúvidas, imagens e presenças conformam arranjos provisórios, como quem se senta para desenhar sem saber o que vai sair. Neste espaço o acaso não atrapalha, é ele o disparador do processo.”
É assim que Bruno o., um dos integrantes do Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC), aproxima as duas séries que o coletivo da Zona Sul de São Paulo apresenta em sua nova individual na Vermelho. Aparentemente opostas, elas se unem pela abordagem da aposta — tanto como gesto artístico quanto como dimensão social. De um lado, o jogo de azar e o sonho da ascensão pela sorte; de outro, a permanência de um trabalho coletivo que entrelaça arte, educação e ativismo.
O uso do estêncil — técnica fundadora do coletivo — é reafirmado nas pinturas da exposição, em diálogo com a serigrafia, reforçando a dimensão gráfica e colaborativa da produção do JAMAC.
Em Escuta, um inventário de cadeiras é transformado em pinturas. Esses assentos, recorrentes nas vivências do coletivo — oficinas, rodas de conversa, encontros —, carregam significados simbólicos e afetivos. Desenhos de seis cadeiras diferentes foram recortados em estênceis e gravadas em telas serigráficas. As composições que entrelaçam esses ícones, sugerem modos de estar junto, de escutar e de esperar, e convidam à reflexão sobre os gestos e relações que sustentam a vida em comum e a ocupação dos espaços.
Já Aposta explora o cruzamento entre arte, cultura popular e mercado, a partir das imagens dos 25 animais do Jogo do Bicho. Impressas sobre tecido, em padrões que também combinam estêncil e serigrafia, essas figuras remetem à lógica da incerteza, aproximando o fazer artístico do risco do jogo. A zebra — animal ausente da cartela oficial — simboliza o imprevisto e se torna elo entre o azar e a instabilidade do próprio sistema da arte.
A série inclui pinturas com um ou mais animais do jogo, além de uma colcha que reúne todos os 25 bichos — essa, não à venda, será sorteada entre quem adquirir uma de outras 100 pequenas obras disponíveis que se desdobram em quatro versões para cada um dos 25 animais. Assim como no jogo, em que cada bicho corresponde a quatro números, aqui a chance de sorteio aumenta conforme o número de aquisições.
Aposta é a convergência entre jogo e arte. Ambos envolvem riscos pessoais — do jogador e do artista — e contam com a imprevisibilidade, representada pela zebra. Embora ausente da cartela, ela simboliza o inesperado. “Dar zebra” vem do Jogo do Bicho e expressa exatamente isso: o resultado que escapa ao controle. Com esse 26º bicho, o JAMAC propõe uma reflexão sobre o fracasso e a surpresa como parte do processo criativo.
A zebra torna-se ícone da exposição e ocupa a fachada da galeria como símbolo central de incerteza e reinvenção.
Cada animal foi desenhado por um colaborador convidado — de funcionários da galeria a pessoas próximas ao JAMAC. Essa prática é um dos fundamentos do coletivo: quando participa de exposições, o grupo realiza oficinas com comunidades do entorno, das quais surgem desenhos que se tornam estênceis usados nas obras apresentadas.
Ao transformar o risco em método, Vai que dá zebra reafirma a centralidade da experimentação coletiva na prática do JAMAC. A exposição articula técnica e política para propor formas de convivência sustentadas na participação e na incerteza — estratégias que atravessam tanto os processos de criação quanto os modos de atuação do grupo.
Serviço Exposição | Vai que dá zebra De 19 de julho a 23 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 17h
Período
19 de julho de 202510:00 - 23 de agosto de 202519:00(GMT-03:00)
A exposição CORpo MANIFESTO reúne 113 obras que atravessam diversas linguagens artísticas, como fotoperformance, escultura, pintura, instalação e vídeo.
Cada obra compõe um panorama da
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A exposição CORpo MANIFESTOreúne 113 obras que atravessam diversas linguagens artísticas, como fotoperformance, escultura, pintura, instalação e vídeo.
Cada obra compõe um panorama da produção do artista visual Sérgio Adriano H ao longo de sua carreira, com destaque para 33 inéditas.
As obras não apenas documentam o corpo como manifestação política e social, mas também questionam as narrativas históricas sobre a negritude e a identidade negra no Brasil.
Através de uma linguagem poética e visualmente impactante, o artista usa o corpo como ferramenta de denúncia e reflexão, criando uma conexão profunda entre passado e presente.
Serviço Exposição | CORpo Manifesto De 23 de julho a 15 de setembro
De quarta a segunda, 9h às 20h
Período
23 de julho de 202509:00 - 15 de setembro de 202520:00(GMT-03:00)
Local
CCBB RJ
R. Primeiro de Março, 66 - Centro Rio de Janeiro - RJ
O IMS Paulista abre a mostra Paiter Suruí, Gente de Verdade: um projeto do Coletivo Lakapoy. A exposição apresenta um acervo inédito de fotografias familiares tiradas majoritariamente pelo povo indigena Paiter Suruí, reunidas e digitalizadas pelo Coletivo Lakapoy. Esse acervo inclui cenas e retratos tirados desde a década de 1970, quando as câmeras chegaram ao território pelas mãos de missionários, mas passaram a ser utilizadas pela população local para registrar seu dia a dia. Além do acervo histórico, a exposição apresenta fotos e vídeos atuais, reforçando o papel da fotografia como importante ferramenta de afirmação dos direitos indígenas.
As imagens do acervo histórico estavam armazenadas nas casas das famílias, guardadas em álbuns, caixas e estantes das diferentes aldeias do território indígena, localizado entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Para preservá-las, o Coletivo Lakapoy – grupo formado por comunicadores indígenas, com o apoio de não indígenas, com o objetivo de fortalecer a cultura Paiter Suruí – reuniu, catalogou e digitalizou as fotografias. Em 2021, o projeto foi publicado na revista ZUM e, em 2023, selecionado pela Bolsa ZUM/IMS, de fomento à produção artística. O resultado dessa pesquisa agora se desdobra nesta exposição, que ocupa o 6º andar do IMS Paulista, com entrada gratuita. (Saiba mais sobre o Coletivo Lakapoy no serviço.)
A mostra tem curadoria da líder e ativista Txai Suruí, que integra o Coletivo Lakapoy, da arquiteta, pesquisadora e curadora Lahayda Mamani Poma e de Thyago Nogueira, coordenador da área de Arte Contemporânea do IMS, além de supervisão do cacique-geral Almir Narayamoga Suruí, nome fundamental da história da luta indígena no Brasil. No sábado (26/7), às 11h, os curadores participam de uma conversa com Almir Suruí e Ubiratan Suruí, do Coletivo Lakapoy, no cinema do IMS Paulista. No domingo (27/7), às 15h, um grupo de anciãos do povo Paiter Suruí conduz uma atividade sobre os cantos tradicionais da sua cultura. Os eventos são gratuitos e abertos ao público.
Na exposição, o público encontra reproduções de cerca de 800 fotografias analógicas, da década de 1970 até 2000, que documentam o dia a dia do território, registrando aniversários, casamentos, batizados e competições esportivas, mas também os desafios decorrentes dos contatos com os não indígenas. Este acervo histórico ocupa todas as paredes da exposição, transformando-as em um grande álbum de família, composto de registros informais e pessoais.A mostra apresenta ainda cerca de 20 retratos recentes do povo Paiter Suruí tirados em maioria por Ubiratan Suruí, primeiro fotógrafo profissional do povo e integrante do Coletivo Lakapoy, além de depoimentos e vídeos dos influencers Oyorekoe Luciano Suruí e Samily Paiter. A exposição também apresenta redes, cestos e colares produzidos pelas artesãs do território, valorizando o conhecimento ancestral e artístico das mulheres Paiter Suruí.
Contatados oficialmente pela Funai em 1969, os Paiter Suruí resistiram a invasões, doenças e à omissão governamental até obterem, em 1983, a homologação da Terra Indígena Sete de Setembro, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Hoje, são aproximadamente 2.000 pessoas, distribuídas em mais de 30 aldeias. Com um modo de vida integrado à floresta amazônica, mas também profundamente transformado desde o contato com a sociedade não indígena, os Paiter Suruí seguem lutando para garantir sua soberania e a integridade de seu território, ameaçado pelo garimpo, pela pecuária e pelo extrativismo predatório. A fotografia e as redes sociais, entre outras ferramentas tecnológicas, foram apropriadas pela juventude como formas de difundir sua cultura, denunciar invasões e fortalecer a resistência.
Txai Suruí comenta a exposição e a importância de preservar essa memória: “A vontade de guardar, registrar e contar a história do povo Paiter Suruí é um sonho que agora se realiza, antes de os últimos anciãos nos deixarem, antes de essa história se ocultar de vez em algum canto esquecido do tempo, na memória dos que viveram essa saga. […] Com as câmeras nas mãos, vemos um olhar diferente daqueles que vieram de fora, podemos notar a espontaneidade e naturalidade de quem tira fotos para um álbum de família. São imagens cheias de amor, carinho e afetividade, mas também de conhecimento, de amor à humanidade e à natureza, de orgulho de pertencer ao povo Paiter Suruí.”
A maioria das pessoas retratadas nas imagens foram identificadas e contatadas, autorizando a reprodução das fotos, num movimento de propor novas lógicas de construir, guardar e expor acervos indígenas, como pontua a curadora Lahayda Mamani Poma: “De modo geral, o contato entre instituições de arte e culturas originárias abre não apenas para conhecimento de novas produções e linguagens artísticas, mas para a reflexão sobre modos de fazer museologia”.
O curador Thyago Nogueira também ressalta que o acervo é um “documento inédito da história Paiter Suruí, muito diferente das imagens oficiais e etnográficas produzidas sobre os povos indígenas brasileiros”. Segundo o curador do IMS, “montar um acervo visual de um povo é uma forma de refazer laços e dinamizar a própria cultura, criando pontes entre as novas e velhas gerações. É também uma forma de mostrar que as fotografias atuam como ferramenta de resistência e afirmação − uma estratégia que pode interessar a outros povos indígenas e grupos minorizados ou excluídos de sua própria história”.
Essa lógica aparece nas legendas da exposição, elaboradas coletivamente pelos Paiter Suruí, com coordenação de Ubiratan Suruí (ver exemplo abaixo). Essa opção reforça o trabalho coletivo, em contraponto à ideia de autoria individual, já que é frequentemente difícil determinar quem bateu cada foto, pois a câmera circulava entre várias mãos. Outro aspecto importante é a presença de intervenções manuais nas fotografias. Rasuras, desenhos e anotações mostram que estas fotografias são fragmentos de memória vivos, e não apenas documentos do passado.
Ubiratan Suruí, integrante do Coletivo Lakapoy, comenta o processo de construção deste acervo: “Essas fotos foram coletadas nas casas de vários Paiter. Quando muitas delas foram feitas, eu era apenas uma criança. Assim, para entender melhor o que estava vendo e o porquê de cada registro, passamos a ir atrás dos personagens ou seus familiares. Às vezes, a fotografia era brincadeira de criança ou até um disparo acidental de alguém que não estava tão acostumado com a câmera. Mas, como a máquina era analógica, com a limitação dos filmes, a maioria dos cliques era de momentos realmente importantes.” Segundo o fotógrafo, o “acervo catalogado já passou das centenas de registros, e cada um deles traz outra centena de narrativas. Quando um álbum novo é encontrado na aldeia, vários parentes se sentam em volta dele para trocar relatos e lembrar do passado.”
Ubiratan é o autor de parte das fotos contemporâneas exibidas na mostra, tiradas a partir de 2024. As imagens mostram o cotidiano atual das aldeias do território Paiter Suruí, marcadas tanto por costumes tradicionais quanto por novas sociabilidades e pelo uso das tecnologias. A exposição traz também vídeos de entrevistas com lideranças e integrantes da comunidade, como Almir Narayamoga Suruí. Nos depoimentos, as pessoas falam da importância do acervo e comentam temas como política, espiritualidade e alimentação.
Outro destaque, feito especialmente para a exposição, é uma projeção audiovisual que documenta o contato de anciãos do território com as imagens históricas do fotógrafo Jesco von Puttkamer. Jesco participou do contato da Funai com os Paiter Suruí na virada dos anos 1960 para os 1970, e, ao longo da vida, reuniu um dos acervos audiovisuais indígenas mais importantes do país, depositado no IGPA da PUC Goiás. A maioria dos Paiter Suruí, no entanto, nunca havia visto as imagens, que retornaram ao território pela primeira vez depois de uma colaboração entre o Coletivo Lakapoy e o IGPA da PUC Goiás.
Em cartaz até 2 de novembro, a exposição apresenta ao público um conjunto inédito de imagens de grande importância histórica e política. Trata-se de um acervo em expansão, que, em 2026, também será exposto no próprio Território Sete de Setembro.
Serviço
Exposição | Paiter Suruí, Gente de Verdade De 26 julho a 2 novembro
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
Período
26 de julho de 202510:00 - 2 de novembro de 202520:00(GMT-03:00)
A exposição Eu sou o Brasil: artistas populares ocupará o Sesc Santo Amaro com um conjunto de 57 obras pertencentes ao Acervo Sesc de Arte, reunindo produções de artistas autodidatas de diferentes regiões do Brasil. Produzida a partir de uma seleção criteriosa do curador Renan Quevedo, a mostra, que evidencia a relevância da coleção de artes visuais do Sesc São Paulo, inclui pinturas, esculturas, xilogravuras e objetos que revelam a pluralidade e a potência simbólica da chamada arte popular, força criativa marcada pela ancestralidade, pela memória coletiva e pela resistência.
Organizada em quatro núcleos temáticos – Fauna e Flora, Cotidiano, Ofícios e Festas –, a exposição reúne obras de 30 artistas do Norte ao Sul do Brasil. São eles: Maria Lira Marques, J. Borges, J. Miguel, Manoel Graciano, Francisco Graciano, Carmézia Emiliano, Mirian, Berbela, Jasson Gonçalves, Cornélio, Louco Filho, Agostinho Batista de Freitas, Waldomiro de Deus, Zica Bergami, Mestre Saúba, Mestre Molina, José Bezerra, Aberaldo Santos, José Antônio da Silva, Ranchinho, Juracy Mello, Nilson Pimenta da Costa, Neves Torres, Neri Agenor de Andrade, Paulo Orlando da Silva, Suene Oliveira Santos, Véio, Gersion de Castro Silva, Maria de Lourdes, Nilo e Cornélio.
Marcadas pela experimentação, pela oralidade e por saberes transmitidos de geração em geração, as obras de cada um desses artistas têm em comum a produção à margem do chamado circuito de arte e refletem a dinâmica de trabalhos que simbolizam vivências e territórios diversos, suscitando críticas sociais, retratando experiências cotidianas ou celebrando festas e rituais.
“Agentes-chave de definição da identidade brasileira, os artistas da mostra começam a esculpir, pintar, entalhar, modelar, imprimir, polir e encerar, entre tantos outros verbos obstinados, movidos pela vontade de externalizar poeticamente os impulsos criativos”, defende Quevedo no texto curatorial da exposição. “Aqui, nos distanciamos do caráter ingênuo ao qual a arte popular foi associada – e ainda é – para orgulhosamente descortinarmos seus aspectos e contornos densos, ambivalentes, extraordinários e profundos. Com a transmissão de saberes entre sucessores, de geração em geração, são consolidados pilares culturais e pertencimentos sociais, contribuindo para a formação de comunidades atentas ao imaterial, à ancestralidade e às permanências”, complementa.
Quatro núcleos em detalhes
No núcleo Fauna e Flora, elementos da natureza reproduzidos em diversos suportes revelam diferentes nuances de Norte a Sul do país. Papel, madeira, metal, tintas industriais e pigmentos naturais são utilizados para tecer narrativas que retratam bichos ora reais, ora imaginários, atravessando visões, cotidiano, crenças, lendas e salvaguardas. Entre outros destaques do núcleo, como as xilogravuras do mestre J.Borges, os tons do Vale do Jequitinhonha inspiram a mineira Maria Lira Marques nas pinturas da série Meus Bichos do Sertão. Já o baiano Berbela tem a soldagem e a reciclagem de descartes plásticos e metálicos da comunidade de Paraisópolis como ponto de partida para a criação de inventivos simulacros de insetos
Nas proposições do núcleo Cotidiano, Quevedo explora dinâmicas do dia a dia, em contextos urbanos e rurais, com obras que abordam relações de trabalho, crítica social, sonhos, insatisfações e manifestações de fé. Um painel imponente com mais de uma centena de Ex-votos abre caminho para as carrancas do alagoano Jasson, um anjo esculpido pelo piauiense Cornélio e os orixás do baiano Louco Filho. O lazer é visto nas pinturas de Waldomiro de Deus, nos desenhos de Zica Bérgami e na torre com brincadeiras de criança de Mestre Saúba. Zé Bezerra e Aberaldo criam a partir do movimento da madeira e ali observam seres que se insinuam nas curvas do material, trabalhando consistentemente a relação entre olhos e mãos.
Já em Ofícios são retratadas atividades ligadas ao fazer manual e aos trabalhos do campo, como na inventiva geringonça de Mestre Molina intitulada Vida na Roça, e às práticas comunitárias, destacando a diversidade das técnicas artesanais no Brasil e suas origens em processos de mistura entre culturas indígenas, africanas e europeias. O núcleo também evoca o fluxo de migrantes que contribuíram para a consolidação da economia paulistana e influenciaram fortemente a constituição de comunidades urbanas, como a do entorno do Sesc Santo Amaro, cujas memórias ecoam nas obras de artistas como José Antônio da Silva, Neves Torres, Ranchinho, Neri Agenor de Andrade, Waldomiro de Deus, Juracy Melo e Nilson Pimenta.
Por fim, o núcleo Festas destaca as manifestações culturais coletivas. Reunindo pinturas, esculturas e xilogravuras, o conjunto de obras revela olhares sobre folias, folguedos, danças, ritos e reuniões permeadas por humor, fé, críticas sociais, desejos, formas e cores. Articuladoras de símbolos, comunidades e territórios, as festas atravessam a rotina e possibilitam a atualização de significados para os grupos. Rituais de oferta e agradecimento de alimentos são vistos na produção do pernambucano Paulo Orlando da Silva, da paranaense Suene Oliveira Santos e de Carmézia Emiliano. A última, roraimense da etnia Macuxi, cria uma representação da Parixara, tradicional celebração em agradecimento à comida, culto à caça e à colheita e fortalecimento de laços comunitários. A alegria do frevo, do circo e dos parques de diversões é, respectivamente, registrada na obra de J. Borges, Véio e Mestre Molina. Já as reuniões de caráter religioso, como a Folia de Reis, celebram o nascimento de Jesus em desfiles processionais musicalizados, sendo representadas na obra de Manoel Graciano, nascido no Cariri cearense.
Ao reverenciar o trabalho dos 32 artistas presentes nesta mostra, expoentes de práticas muitas vezes marginalizadas e subdimensionadas, a exposição Eu sou o Brasil: artistas populares contribui para uma revisão do lugar da arte popular no imaginário nacional, convidando o público a ampliar os horizontes do que se entende por arte no Brasil contemporâneo.
Serviço
Exposição | Eu Sou o Brasil: artistas populares De 9 de agosto a 28 de dezembro
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Terça a sexta: 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados: 10h às 18h
Período
9 de agosto de 202510:00 - 26 de dezembro de 202521:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Santo Amaro
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo - SP