O vídeo NAU/NOW, de Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado é uma das obras que a galeria Vermelho apresenta na Art Dubai. É uma obra comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo como parte do projeto “Chão de Caça”, 2017, exibido no Pavilhão do Brasil, na 57 a Biennale di Venezia. FOTO: Cortesia Galeria Vermelho

Feiras de arte já incluíram seminários, performances e mostras com curadoria sem obras à venda em sua programação, mas a realização de residências artísticas foi a novidade que Art Dubai trouxe ao circuito, no setor denominado Residents.

“Residentes é uma plataforma pioneira e única, que reúne diferentes energias, sinergias, geografias e práticas artísticas, o que em geral não se vê no mesmo local”, disse o espanhol Pablo de Val, diretor artístico de Art Dubai.

Variando entre quatro e oito semanas, 11 artistas de distintos países, da turca Jennifer Ipekel ao espanhol radicado nos Estados Unidos José Lerma, Residents de fato apresentou temperatura bem distinta do resto da feira, sendo mais caótica e menos objetual.

Art Dubai chegou, agora em 2018, à sua 12ª edição com um total de 105 galerias de 48 países, o maior número de sua história. Apesar de ser importante vitrine para galerias do Oriente Médio, Ásia e África, galerias de peso da Europa como as italianas Franco Noero e Continua, a francesa Templon, a espanhola Elba Benítez e a inglesa Victoria Miro também estão presentes. Do Brasil, a única participante é a Vermelho.

Em seu estande, a galeria paulistana apresentou uma seleção de obras da mineira Cinthia Marcelle, incluindo o vídeo realizado em parceria com Tiago Mata Machado, NAU/NOW, que fazia parte do projeto Chão de Caça, a ocupação do pavilhão brasileiro na 57ª Bienal de Veneza, realizada no ano passado.

A feira ocorre no complexo de hotéis de luxo Madinat Jumeirah, o que combina com o estímulo ao turismo de luxo dos Emirados Árabes, que recentemente abriu o Louvre Abu Dhabi, um projeto de cerca de cerca de R$ 2,5 bilhões de reais só na construção projetada por Jean Nouvel, além de R$ 1,7 bilhão pago ao Louvre para o uso da marca.

Detalhe do estande da galeria Vermelho na Art Dubai.

Salto Febril

Além da seção contemporânea, Art Dubai também contém um segmento de galerias de arte moderna, e junto a ele uma mostra com curadoria de Sam Bardaouil and Till Fellrath, que nesta edição também fizeram parte do comitê de seleção da feira.

Em Dubai, a dupla que atualmente dirige a Fundação Cultural Montblanc apresenta a exposição That Feverish Leap into the Fierceness of Life (o salto febril na ferocidade da vida), que reúne cinco grupos de artistas de cidades árabes no decorrer de cinco décadas. O título foi extraído do Manifesto de um desses coletivos, o Grupo de Bagdá para a Arte Moderna, escrito em 1951.

Nesse sentido, aqui se revela uma importante iniciativa da feira, já que dá visibilidade ao circuito internacional uma produção local bastante desconhecida. Esse é o caso da Escola de Casa Branca, que reuniu artistas radicais, agrupados em 1966 e três anos depois expunham no espaço público como forma de não estarem vinculado a uma elite, o que só pode ser visto como ironia em Dubai.


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