augusto de campos
O poeta Augusto de Campos. Foto: Fernando Lazslo/ Divulgação

Célebre poeta e artista visual – além de ensaísta, tradutor e crítico literário -, Augusto de Campos está prestes a completar 90 anos de idade. Se antecipando à data (no dia 14 de fevereiro), a Biblioteca Mário de Andrade inaugurou, ainda no fim de 2020, Poema cidadecitycité pela cidade, mostra que segue em cartaz na instituição até 23 de abril deste ano.

Com curadoria de Daniel Rangel e montada em parceria com a N+1 Arte Cultura, a mostra tem como grande destaque a versão audiovisual do poema cidadecitycité, exposto em um painel de led com 10 metros de comprimento e instalado na fachada principal da biblioteca. A versão em led foi desenvolvida para a exposição REVER, realizada em 2016 no Sesc Pompeia, e se junta na mostra à distintas versões do poema – realizadas desde 1963 até a atualidade, impressas em papel, em adesivo vinil de recorte ou registradas em gravações sonoras.

De acordo com Rangel, em texto de divulgação, “a instalação em led de cidadecitycité é uma tradução intersemiótica multimídia pensada para o espaço público que ganha aqui uma maior potência por estar exposta no centro de São Paulo, cidade diretamente conectada com o poema e com a própria trajetória da poesia concreta de Augusto de Campos e de seus companheiros.”

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“cidadecitycité” nas paredes da Mário de Andrade. Foto: Divulgação

Criador nos anos 1950, ao lado de Haroldo de Campos e Décio Pignatari, do que ficou conhecido como poesia concreta – através inicialmente do grupo “Noigandres” -, Augusto é autor de uma vasta obra “verbovicovisual”, termo que se refere às dimensões semânticas, sonoras e visuais da palavra. Sempre teve forte posicionamento político, desde os tempos de oposição à ditadura até os mais recentes acontecimentos políticos do país (como pode-se ver nesta entrevista concedida à arte!brasileiros em 2019).

Em conversa anterior com a revista, em 2016, Augusto de Campos se queixava de certa falta de reconhecimento ao tipo de poesia desenvolvida por ele e seus parceiros ao longo das décadas: “Eu acho que a poesia concreta ainda está numa fronteira onde ela nem é tão reconhecida no campo da literatura nem no campo das artes visuais. Então ela vive meio numa fronteira, numa espécie de limbo crítico”. Ao mesmo tempo, o poeta afirmava que era possível perceber alguma mudança nos últimos anos. Novas mostras individuais do artista após a retrospectiva no Sesc Pompeia, como a realizda na galeria Luciana Brito em 2019 e a atual exposição na Mário de Andrade, parecem confirmar este movimento. Ainda neste ano, será montada mais uma mostra do poeta na biblioteca paulistana, intitulada Transletras.      


Serviço –
“Poema cidadecitycité pela cidade”
Até 23 de abril de 2021, segunda a sexta das 13h às 16h
Não é necessário fazer agendamento (entrada permitida de até 4 pessoas por vez)
Biblioteca Mário de Andrade – Rua da Consolação, 94, São Paulo


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