Still do filme Colony, exposto em Land of Dreams
Still do filme Colony, exposto em Land of Dreams

Os retratos de Martine Franck e Nocturnes de Marie Bovo, em Paris

Inaugurada em 25 de fevereiro, a Fundação Cartier Bresson sedia até o dia 17 de maio mostras de Martine Franck e Marie Bovo, ambas sob curadoria da diretora artística Agnès Sire, que chegou a trabalhar com Franck antes de seu falecimento em 2012.

Anterior à atual mostra, a Fundação havia exposto um amplo acervo com as séries mais emblemáticas da fotógrafa belga vagando por seus registros de paisagens, fotorreportagens e retratos, estes últimos sendo o foco agora, “um retrato é sempre um encontro renovado” diria Franck, que não trabalhava em estúdio. A ela interessava saber por que certa coisa a incomodava ou atraía, e não “criar uma situação”. A ascensão de Franck se deu com seu retorno a Paris em 1964, quando tornou-se fotógrafa assistente da TIME/LIFE; em vida ela foi uma das membras-fundadoras da Agência Viva e uma das poucas mulheres a integrar a Magnum nos seus primórdios. De acordo com a Fundação “esses retratos face-a-face registram discretamente seu lugar no tempo e destilam a estética delicada de um olhar atento e penetrante”.

Já a artista visual espanhola Marie Bovo traz a série Nocturnes, que inclui uma seleção sem precedentes de imagens tiradas em Marselha e na África, durante o crepúsculo. “A fotografia noturna envolve longos períodos de exposição, e um dos efeitos de uma longa exposição é que, juntamente com a luz, o tempo se torna parte da equação”, justamente para enfatizar esse elemento as fotos são apresentadas em séries. Assim como a noite, é comum Bovo trabalhar na casa das pessoas, sem ser intrusiva, “no limiar da intimidade”.

Land of Dreams, em Londres

Até o dia 28 de março, a artista iraniana radicada em Nova Iorque Shirin Neshat apresenta sua primeira exibição solo em Londres em vinte anos, na Galeria Goodman. Land of Dreams engloba duas videoinstalações de Neshat e cerca retratos feitos através do Novo México onde a artista bateu porta-a-porta oferecendo 20 dólares para que pudesse capturar a imagem dos moradores. Seu locus foi escolhido pelo fato do Novo México – além de ser um dos estados mais pobres do país – conter uma população diversa que abarca tanto os estadunidenses brancos quanto os hispânicos, afro-americanos e descendentes de imigrantes e nativo-americanos.

Em uma narrativa ficcional, a estudante de arte Simin percorre o mesmo trajeto que sua criadora, tirando fotos e entrevistando os sujeitos sobre seus sonhos, para a Neshat, ao portal Artnet “os sonhos são muito parecidos, independentemente de onde você vem, nossos pesadelos e ansiedades são semelhantes. São medos sobre o envelhecimento, sobre a morte, guerra e deslocamento”.

A mudança de seu olhar para o seu lar adotivo é significante na trajetória de Neshat, marcada pela observação repleta de nuance de sua terra natal, levantando questões sobre a maneira como o Irã sofreu transformações ideológicas em tão curto tempo: tendo crescido no Irã, a artista testemunhou a ascensão do radicalismo nos anos seguintes à Revolução Iraniana de 1979. Na narrativa criada por Neshat, Os filmes em preto-e-branco altamente estilizados da artista seguem uma jovem estudante de arte iraniana, Simin, enquanto ela viaja pelos EUA tirando retratos e perguntando aos sujeitos sobre seus sonhos.

Políticas do desejo: para todes, tode, em Buenos Aires

Detalhe da obra de Elena Blasco, “Boceto apócrifo sobre La Libertad de Lola Mora”, 2016
Detalhe da obra de Elena Blasco, “Boceto apócrifo sobre La Libertad de Lola Mora”, 2016

Como parte das comemorações ao Dia Internacional da Mulher, em 5 de março o Centro Cultural Kirchner inaugura Políticas do desejo: para todes, tode, uma exposição coletiva que reúne obras de cerca de 250 artistas contemporâneas de todo a Argentina. A mostra abrange 3 andares do Centro Cultural e é dividida nas seções “Nós somos as filhas”, “Soberania corporal”, “Ética nos cuidados” e “Rematriado”  abrangendo as questões sócio políticas que geram demandas feministas relacionadas ao ambiente de trabalho, à violência contra a mulher, à igualdade entre gêneros, à saúde, à sexualidade ou maternidade, discutindo as práticas que relegaram as mulheres a um papel de “coadjuvante”. Mesmo com obras criadas a partir de meios distintos – entre pintura, escultura, instalação e artes performáticas – a mostra, sob curadoria da professora e escritora Kekena Corvalán, seu caráter diverso e heterogêneo não subjuga uma coerência conceitual e diálogo necessários para uma coletiva deste porte.

Veja também Maureen Bisilliat no IMS Paulista neste link.


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