Plínio Salgado, o chefe integralista, fala a seguidores no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo Público e Histórico de Rio Claro

Eles começaram a ser chamados de “galinhas verdes” pela cor da camisa e a rapidez com a qual se dispersaram de um confronto com integrantes da Frente Única Antifascista na Praça da Sé, em São Paulo, em outubro de 1934. Eram seguidores do paulista Plínio Salgado, criador da organização inspirada no fascismo italiano, a Ação Integralista Brasileira. O conflito, conhecido como Revoada dos Galinhas Verdes, deixou um rastro de sangue. Morreram seis guardas civis e o estudante de Direito Décio Pinto de Oliveira, da Juventude Comunista. Não é, portanto, a primeira vez que a extrema-direita assombra o Brasil.

O legado da extrema-direita

Naquele tempo, o país contava 40 milhões de habitantes. Estima-se que um milhão tenha aderido às fileiras do integralismo, sob o lema “Deus, Pátria e Família.” Apropriaram-se de símbolos nacionais, como a bandeira verde e amarela. Além disso, a inscrição do sigma, letra grega que representa soma, em outra bandeira e na manga esquerda da camisa verde. A saudação integralista remetia ao movimento fascista crescente na Europa: com o braço direito levantado e a mão espalmada, bradavam a expressão Anuaê! Do tupi, “Você é um irmão!”

Lançado dois anos antes do conflito da Praça da Sé, o movimento ganhou adesões de peso, como o jurista Miguel Reale. Seu filho, Miguel Reale Júnior, foi um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Oito décadas atrás, a família já circulava no entorno dos poderosos. O plano do chefe dos integralistas era ser presidente da República e suceder a Getúlio Vargas no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Em campanha, defendia o nacionalismo, o corporativismo e o combate às organizações sociais baseadas no socialismo.

Candidato às eleições previstas para 1938, Plínio Salgado soube nos bastidores da política que Getúlio preparava um golpe para continuar no poder. De olho em um posto de ministro no futuro governo, promoveu um desfile de milhares de integralistas diante do Palácio do Catete. A intenção era demonstrar força e apoio ao presidente. De uma janela do 2º andar do palácio, Getúlio distribuiu sorrisos e acenos, em 1º de novembro de 1937. Nove dias depois, decretou o Estado Novo e colocou o integralismo na ilegalidade. Mais seis meses e um comando armado integralista atacou o palácio, com a intenção de depor Getúlio na marra. Não deu certo. Plínio Salgado passou um tempo escondido e depois partiu para o exílio em Portugal. Naquela ocasião, o fascismo foi barrado pelo golpe do Estado Novo. Agora pode ser impedido nas urnas.

 


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