Limbo
Obra: Peccatorum suorum, 2001-2018 / Imagem Cacio Murilo / Divulgação

José Rufino constrói ao longo de sua vida um labirinto, vivido e ficcional, com enigmas que ecoam e constituem o tecido de um processo de produção permanente. Desde infância foi impulsionado pelos cenários de sua indignação: casa grande senzala, perseguição política aos pais, fome no campo, testemunha da destruição das relações humanas.

Limbo

Como um vídeowall, a exposição Limbo, em cartaz até domingo na Biblioteca Mário de Andrade, nos lembra em retrospectiva, o caminho trilhado por Rufino com trabalhos que se manifestam em circunstância atemporais. Sondagem/transformação é um binômio que se junta a outros interesses como passado, memória, morte, oprimido-opressor. Nos anos de 1980, período de intensa produção e proliferação de novas mídias, como libertação de vontades criativas reprimidas pela ditadura, Rufino trabalha as cartas do avô, poderoso senhor de engenho, escritas em um período de particular opressão. A visão retrospectiva do artista, no sentido de que a arte de uma época deve envolver, e não simplesmente gerar sucesso, tem conduzido seu percurso. Dentro dessa linha do tempo há rupturas, mas não contradições, mesmo quando expõe um desenho desenvolvido aos dez anos, cuja imagem imprecisa lembra o  teste de Rorschach, que anos mais tarde ele desenvolveria em várias séries.

A retrospectiva é uma versão evolutiva de uma arte que revela alguns princípios adotados por acaso, como a minimal art, com simplicidade formal e complexidade de conteúdo. Rufino trabalhou um acúmulo de escolhas e redescobertas de obras guardadas, esquecidas, algumas inconclusas na espreita para serem exibidas, em um contexto mais amplo. Entre dezenas delas há o que ele classifica de pré-obras ou proto-obras, além de desenhos,
maquetes, poesia concreta e visual e arte-postal. Limbo é feito de camadas de poesia, denúncia, e da atrofia de espaços de seres marginalizados, que abrange o período
de 1970 a 2018, além de obras recentes O impulso que conduz a retrospectiva vem de um
processo íntimo e complexo, dentro de uma poética que lida com vazios e asperezas, para alinhavar uma história que já foi exposta em cerca de duzentas mostras no Brasil e no Exterior. Em Rufino, o silêncio e a ausência se tornam presenças, como tem demonstrado também como curador da Usina de Arte, em plena zona da mata, no sul de Pernambuco.

Limbo
Imagem: José Rufino / Divulgação
Limbo
Imagem: José Rufino / Divulgação

Visitação: até 18 de novembro de 2018
Todos os dias, das 08h às 19h.
Local: Hall da Consolação, Saguão e Sala Oval
Rua da Consolação, 94
Entrada Gratuita


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