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EXPOSIÇÕES HISTÓRIAS INDÍGENAS











































                             Feliciano Lana, Pássaro, 2013-17. Ao lado, Melissa Cody, Into the Depths, She Rappel [Para dentro das
                             profundezas, ela faz rapel], 2023. Urdidura em lã, trama, borda de cordões e corantes de anilina, 221 × 131 cm







               A Nova Zelândia, país que foi rebatizado pelos parla- Cody, que faz uma exposição dentro da exposição. Com
            mentares como Aotearoa Nova Zelândia, escolheu como   o título Céus tramados, Melissa realiza uma mostra
            curador o crítico Nigel Borell que descreve como a arte   em um espaço diferente, todo rosa, em que expõe
            maori tem um legado poderoso como linguagem visual.  tapeçarias trabalhadas com assuntos geométricos
           “Trata-se de um sistema de conhecimento, uma forma   coloridos, e que tem a curadoria de Isabella Rjeille e
            de relembrar e registrar eventos e entendimentos sobre   Ruba Katrik. Um dos textos do catálogo é de Connie
            o mundo ao nosso redor”. Os artistas representados   Butler, diretora do MoMA-PS1, que nos leva à história
            estão conectados pela arte maori-whakapapa que   excepcional desta artista que desenvolve sua obra
            conseguiu sobreviver às atrocidades, apesar da ruptura   em tear original do povo Navajo. Butler explica que
            causada pelo domínio colonialista. Com técnica que se  “as tapeçarias são produzidas com base em técnicas
            reporta a grafites, Jessica Hinerangi mostra a pintura   de tecelagem Germantown, utilizando sofisticadas
            Confront the colonisers (enfrente os colonizadores) da   sobreposições geométricas”. Melissa é uma Navajo de
            série Tino Rangatiratanga (2022). Do segmento ativismo,  quarta geração e, segundo Butler, ela nos orienta para
            que retrata a luta permanente em todos os países, des- o futuro, por destacar técnicas duradouras, enfatizando
            taco a imagem icônica de uma jovem indígena com o   as formidáveis contribuições de artistas indígenas que
            punho erguido em uma zona rural. Trata-se do trabalho   continuam a fazer avançar diálogos relevantes sobre a   FOTO: CABREL ESCRITÓRIO DE IMAGEM
            Máxima Acuña en Brigadeiro –Tragadero Grande en   criação de espaço e identidade, por meio da engenho-
            frente a la Lagoa, (2012).                      sidade e da resiliência.
               Com protagonismo individual, os Estados Unidos   Com o título bem original Na Trama da Mulher Aranha,
            aparecem com uma única artista, a navajo Melissa   o ensaio da curadora Isabella Rjeille toca na cosmovisão

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