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EXPOSIÇÕES HISTÓRIAS INDÍGENAS
Shorty Lungkata
Tjungurrayio,
O grande rio, 1972
diné/navarro, em que o tear é a representação do uni- a tecelagem Navajo Transcendent, com o “estudo” de
verso. “A barra superior representa o céu e a inferior, a diferentes tridimensionalidades. Isabella ressalta que “a
terra. A tensão que sustenta os fios é simbolizada pelo tecelagem é também uma forma de reconexão e retorno
trovão, que estabelece uma conexão entre o mundo ao território ancestral a partir da memória”. A ideia de
celeste e terrestre”. Ela ressalta que, pelo uso de padrões território está fortemente presente na obra Cliff Dweller
e cores vibrantes, os trabalhos de Melissa são asso- – Habitante do Penhasco, em que a artista trabalha com
ciados ao movimento estilístico Germantown Revival, graduação de marrons e vermelhos que se reportam
que nasceu depois que o povo Diné foi expulso de suas à parte rochosa dos cânions da região. Completando
terras ancestrais. Em seu texto, conta ainda que esse a individual, um catálogo, especialmente editado para
processo de migração ficou conhecido como a Longa esta exposição, traz uma coleção de obras de Melissa
Caminhada ou Hwéedi (1863-1866). Houve incêndios Cody e um conjunto representativo de textos críticos
criminosos, pilhagem, destruição dos rebanhos liderados e ensaios de vários autores.
pelo major-general James H.Carleton (1814-1873), que Atualmente a artista navajo desenvolve seu trabalho FOTO: NATIONAL GALLERY OF AUSTRALIA
buscava inviabilizar os modos de vida tradicionais dos com as pintoras Jaune Quick-to-See Smith, do povo
povos daquela região. Melissa cresceu nos anos de 1980 Salisch de Montana e Emmi Whitehorse, do povo Diné.
entre o Arizona o sul da Califórnia, e alguns trabalhos Entre seus colecionadores estão museus e fundações
trazem a marca dessa territorialização. Chama a atenção internacionais.
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