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BIENAL DAS AMAZÔNIAS
de que é impossível dar conta de um “todo”, até porque lugar, dança, vozes, pajelanças e pensamentos que
a ideia de todo, quando aplicada à Amazônia, não cabe, não nos deixam estar no mesmo lugar. Escutando as
devido a incontáveis narrativas de povos diversos que variantes intelectuais afroindígenas, caiçaras, ribeiri-
habitam os campos, as estradas vicinais, f orestas, águas nhos, assentados, indígenas, quilombolas, de escuta
e outros territórios de um ambiente complexo e dinâmico, e de silêncios. E, nessa dinâmica, reconhecemos que
que faz parte do território brasileiro. a tentativa de dar conta da totalidade é engessante e
Novamente, segundo o texto curatorial, “são vidas violenta, além de totalmente exaustiva e desnecessária.”
e realidades que necessitam de constantes ref exões Já o eixo Vidas Linguagens reconhece as distintas
acerca das etnias, fauna, riquezas minerais, entre verdades, vidas e linguagens propostas por diferentes
tantas dinâmicas de saberes e práticas das plantas cosmovisões. Por último, há o eixo Encontros de Desejos.
medicinais da f oresta e, signif cativamente, o equilíbrio O manifesto da Bienal defende: “Amazônia [...] é
ambiental do planeta. Ritmos advindos de inf uências também uma commodity global no tempo do antropo-
fronteiriças que se misturam à criatividade de cada ceno e da crise climática. A Amazônia que já foi paraíso
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