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BIENAL DAS AMAZÔNIAS
idealizada por lívia condurú, em parceria com
as curadoras Sandra Benites, Keyna Eleison e Vânia
Leal – e com a assistência curatorial dos “múltiplos
pensatórios”, de Ana Clara Simões Lopes e Débora
Oliveira – a primeira Bienal das Amazônias aconteceu
entre o meses de agosto e novembro de 2023, na
cidade de Belém, no Pará, às margens do Rio Guamá.
Um verdadeiro encontro de mulheres fortes, com
diferentes identidades e saberes, deu à luz um projeto
que levou o nome derivado da língua tupi, Sapukai, que
em português podemos traduzir como clamor, grito,
trabalhar por adição e não por extração, ampliação
e abraço.
Um diálogo entre a direção, as curadoras, os artis-
tas e os produtores, operou uma força coletiva e fez
associações respeitando a voz de uma enorme quan-
tidade de gestos peculiares vindos de vários lugares,
às vezes nunca revelados do Brasil. Basicamente, a
mostra desperta a vontade de mergulhar nesse mundo,
povoado de ancestrais e árvores milenares. Belém é
banhada pelos rios, e o vento, permanente, alivia o
calor da região.
Um dos conceitos que sustentou a Bienal é o fato
de a Amazônia ser conhecida pelas suas grandes
áreas f orestais e por suas fauna e f ora diversas, mas
é a presença da água – vinda das chuvas e de sua
extensa rede f uvial – que contorna o imaginário da
região. Daí o título da primeira edição, Bubuia: águas
como fonte de imaginações e desejos, que celebra a
relação ética e cultural entre as águas e os corpos
que nela se movem.
A Bubuia é diretamente inspirada no dibubuísmo
criado e defendido pelo f lósofo e professor João de
Jesus Paes Loureiro, nascido em Abaetetuba, cidade
paraense [Leia, nesta edição, a íntegra da entrevista
exclusiva com Paes Loureiro]. Flutuar sobre as águas,
diz o texto curatorial da mostra, simboliza “uma conju-
gação de movimento e inércia em favor do prazer, da
ref exão e da integração com o meio ambiente, e diz
muito sobre a perseverança e resistência de quem habita
a região. É certa predisposição calculada para o devir e
para o deixar vir, que se estabelece como conhecimento
de herança constituinte de saberes caboclos ribeirinhos,
transmitidos pela oralidade em caráter de resistência,
imbuídos por um conhecimento oriundos da relação
com a natureza e relacionados entre os seus iguais.”
E prossegue o texto curatorial: [...] “Em meio a
drástica crise climática planetária e os crescentes
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