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Panorâmica da exposição De Dentro para Fora/De Fora para Dentro, no Masp, 2009. Foto: Flavio Samello





            as experiências que deram certo, Baixo considera um   a exposição como espaço para compra de gravura.
            divisor de águas a exposição Choque Cultural na Fortes   Passaram por lá pessoas da moda, da cultura digi-
            Vilaça, em 2006, no início da galeria. “Uma experiência   tal, do vídeo ou aqueles simplesmente atraídos pela
            profissionalizante para os jovens artistas”.      ebulição. “Chegaram também curadores, donos de
               Em 2002 eles decidiram produzir gravuras e com   empresas de publicidade, gente da área das artes
            preços acessíveis a novos colecionadores. “Só que não   como Carla Camargo, Emanoel Araújo, José Olympio,
            dava para apenas vender gravuras”. A casa em que eles   para conversar”. Foi daí que eles decidiram discutir o
            estavam instalados era local de trabalho. “No porão as   espaço da arte e organizaram a exposição Cata Lixo.
            paredes estavam repletas de pixo, stickers e no andar  “Falamos com o dono do restaurante próximo à galeria
            de cima a gente deixava o local mais arrumado para   que abriu o espaço para que a gente fizesse qualquer
            receber os compradores de gravuras”.             coisa. Na casa de artefatos indígenas, também pró-
               A efervescência que pairava na Choque não era   xima, o proprietário sugeriu que a gente procurasse
            suficiente para unir alguns grupos supostamente   o grafiteiro Nunca, que tinha contato com artistas
            análogos. Baixo lembra que alguns tatuadores por  indígenas, e assim organizamos uma exposição com
            exemplo não conheciam os artistas do grupo do grafite.  trabalhos do Diego Karaja”. O conjunto de ações rea-
            “Para juntá-los, decidimos fazer a mostra Calaveras   lizadas pela Choque Cultural nessas duas décadas
            (Caveiras), no Dia dos Mortos, reunindo 15 artistas   reafirma a galeria como local onde as emergências
            do grafite e 15, da tatuagem, que comercializaram   estéticas contemporâneas encontram vários canais
            seus trabalhos entre eles”. O público da Choque viu   para dialogar.

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