Page 76 - artebrasileiros-63
P. 76
REPORTAGEM CHOQUE CULTURAL
Mandrix (1978/2018). Eles usavam a cidade como lugar havia artistas que dominavam a grande escala. “A
de comunicação e como questão poética. “Hoje muita gente pensou que poderia ter um mercado, a maioria
coisa está de volta e muitos trabalhos/poesias, fei- dos artistas trabalhava na publicidade”. Quando o
tos à maneira de lambe-lambe, estão estampados hip hop aparece com preocupação operária e fabril,
especialmente no centro de São Paulo. A diversidade as letras passam a ser feitas com spray. “Os artistas
artística é grande, alguns trabalhos são impressos estavam animados com os trabalhos diversificados,
em xilogravuras, outros misturam tudo e há os que e nesse caldo aparecem Merlin, Speto, Nunca, Os
se inspiram no poema haikai”. Gêmeos, entre outros, de uma geração de grafiteiros
A geração de grafiteiros posterior a Vallauri, segundo que veio para ficar”.
Baixo, não se ligou a eles. “O Speto, um dos artistas Com o clima de mudanças, a Choque acolhe vários
reconhecidos, não olhava para a obra de Vallauri”. tipos de colaboração, como expor em conjunto em
Ele estava em contato com o hip hop, movimento museus e galerias daqui ou do exterior. Foi assim que a
forte que mistura música, dança, skate, algo ligado ao galeria se apresentou com parte de seu elenco na Jona-
comportamental. Esse grupo queria desenvolver seu than Levine, em Nova York. “Essa exposição foi muito
próprio estilo, fazer algo mais autoral. “O movimento importante porque foi noticiada no New York Times,
musical influenciou muitos artistas, provocando a que considerou a exposição como algo novo”. Em 2009,
possibilidade de o artista do grafite ser um autor”. Na outro marco importante, o Museu de Arte de São Paulo
passagem dos anos 1990 para o 2000 foi que surgiu (Masp) recebe a Choque com a mostra De dentro para
o grafite assinado, quando a Choque percebeu que fora, de fora para dentro, com a curadoria do trio. Entre
76