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REPORTAGEM CHOQUE CULTURAL
O artista Daniel One em ação, durante a ocupação artística da Choque Cultual na SOSO, na Avenida São João, 2012. Foto: SHN.
Na página ao lado, fachada da Choque Cultural em Pinheiros, pintada pelo artista Ramon Martins, 2008. Foto: Alexandre Vianna
Sempre houve uma ansiedade generalizada de resti- a maior parte das viagens para organizar as produções
tuir a arte à vida, ao cotidiano e ao social. Baixo Ribeiro internacionais. “Ele é responsável pelo contato com os
lembra que a Choque, acima de tudo, é uma ideia que artistas do exterior”, diz Baixo. O trio organiza exposi-
deu certo. “Na verdade, é um conceito que, trocando ções, com residências e intervenções pela cidade. Foi
em miúdos, quer dizer que, quando os diferentes são assim com a ação Buenos Aires na Choque, em 2009,
colocados em choque, eles geram energia, e a gente quando por dois meses dez artistas fizeram residência
consegue direcionar essa energia para uma criação de em São Paulo e realizaram várias intervenções pela
impacto social. Basicamente esse é o nosso método”. cidade. Entre eles estava tec, artista argentino que
Pesquisadores inquietos, o casal amplia algumas faz parte do elenco da Choque desde 2006.
reflexões sobre a cor tatuando seus corpos, dando vida Como surgiu a ideia de lançar uma galeria tão dife-
e movimento a um emaranhado de traços que escolhe- rente das já existentes? “Eu entrei na fau/usp em 1982
ram. Literalmente demonstram que a percepção do e encontrei a Mariana e vários artistas. A gente saía
fenômeno cromático vai muito além do limite de uma de rolê com Alex Flemming, Mauricio Villaça, Carlos
tela, de um vídeo ou de um muro. O espírito do grafite Matuck, Arthur Fajardo, que faziam grafite. Eram artis-
começa aí, com a ideia de andar pela rua, de performar tas que tinham uma visão da cidade como plataforma
do jeito que bem entender e com quem aparecer. de comunicação e também de arte”. Formavam um
Três nomes estão por trás da Choque. Além do casal grupo posterior ao de Alex Vallauri, pioneiro do movi-
fundador, atua também o historiador Eduardo Saretta, mento no Brasil, de Hudinilson Júnior, John Howard,
integrante do coletivo de arte shn. E é Saretta quem faz Walter Silveira, autor do icônico Hendrix Mandrake
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